ELA | JOALINA

Capítulo Dezenove

— O quê?!

— Isso mesmo. Sei que estou alguns anos atrasado e que nós dois temos culpa pelo o que aconteceu, mas quero dar um fim nisso. Já chega de viver com essa... esse sentimento.

— E-eu não sei o que dizer...

— Eu quero que me perdoe por não ter agido de maneira correta, não fui um bom amigo e não tentei entender seu lado com relação a Ale. Eu sei que namoraram de mentira para proteger o que tínhamos na época e nunca te agradeci. O orgulho foi maior que eu. – Hidalgo dizia, em seguida se levantou, deu as costas para Pedro por alguns segundos, talvez para que pudesse recompor as ideias.

— Pois também não fui um bom amigo, fui fraco e de certa forma, ignorei a fragilidade dela... Ale sempre preferiu você. – Pedro respondeu, pegando Fernando de surpresa. Loukamaa se levantou também, servindo duas doses de whisky e como da outra vez, ofereceu-lhe um dos copos.

Tomaram o primeiro gole fitando um ao outro. O gosto amargo da bebida descia queimando a garganta de ambos, que se encontravam frente à frente.

— Alguma vez você pelo menos tentou entender o meu lado?

— Sim, muitas... justamente por isso não fui à diante em relação a gravidez dela. Eu apenas quis lutar, porque também a amava, Fernando. Mas sempre foi você. Me perdoe também! Você sempre foi um bom amigo. E-eeu apenas não soube lidar com o que sentia. Sentimentos não são meu forte.

Um silêncio se instalou no ambiente, Pedro encheu novamente os copos e agora estavam novamente sentados. Fernando fitava o pé da mesa do empresário, enquanto cenas da adolescência dos dois passavam em sua mente como em um telão. Houveram momentos felizes, tinha de admitir, nem tudo fora tristeza.

— Depois conheci Johanna, obviamente tão maravilhosa quanto Ale e, me apaixonei feito um idiota. Meses depois de dar a luz a nossa menininha, fugiu com o primeiro viciado que apareceu. É... – deu mais um gole no líquido amargo. – Talvez não tenha sido feito para o amor... – novamente se pegou confessando com o homem, Fernando não sabia, nessa altura do campeonato, mas sempre fora o melhor amigo de Pedro Loukamaa.

— Eu não vejo assim. Acredito que o amor acontece na hora certa. Mas por enquanto... Talvez deva focar em outro tipo de amor, você tem uma filha linda! – Fernando o aconselhou novamente. Os olhos do empresário brilharam. Realmente sua filha era linda, assim como a mãe.

Sabia que falhava como pai. Porém ama a filha e cuida de Joalin do seu jeito, mas cuida.

— O contrário de você, sou um péssimo pai... – desabafou, direcionando o olhar para o copo em sua mão. Fernando suspirou ao ver o homem que tanto tentara odiar por todos esses anos naquela situação.

— Não exatamente... todos somos falhos. – Pedro o fitou.

— Sabina parece ser uma boa menina. Depois que ela e Joalin se conheceram, minha filha parou de chegar bêbada em casa. Ela acha que não sei que andou se aventurando com coisas erradas, mas a verdade é que eu sei de cada passo que dá.

— Minha filha está completamente apaixonada pela sua. – Fernando despejou, esperando alguma reação contrária, só que essa não veio. Nunca, em tantos anos brigados, Pedro Loukamaa imaginaria que tantas coisas ainda aconteceriam entre eles.

Ele respirou fundo, surpreendido por tal revelação e deu mais uma tragada no whisky caro. – E para provar que um bom pai também está sujeito a errar, vim também para reformular meu pedido, não afaste Joalin, estão apaixonadas.

— Já desconfiava disso... – Loukamaa suspirou, passando a mão direita pelos cabelos. – O que faço agora? – murmurou.

— Não quero te dizer o que fazer, como fiz da última vez, mas... pense bem Pedro... – o peito do empresário apertou ao ouvir o melhor amigo que já tivera o chamar pelo apelido de infância. – Acho que essa é uma ótima oportunidade para ser o pai que Joalin precisa.