Capítulo 5

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Safira.

Eu abri meus olhos, piscando para a claridade, eu estava... Em um quarto?

Me ergui sentindo uma leve dor em minhas costas, minhas costas...

Minha cabeça doeu  conforme as lembranças me atingiram como tijolos, os machos que tentaram me matar, os machos que me salvaram, minhas asas curadas, as vozes estranhas que eu não conhecia.

Minha mãe... Morreu.

Deixei uma lágrima cair e me ergui, não sei quem são, não sei o que querem comigo, mas não vou ficar aqui para descobrir.

Caminhei de forma desajeitada até a sacada daquele quarto, eu estava com roupas limpas, quem raios as trocou??

— Não vou ficar aqui para descobrir. -murmurei.

Eu saltei da sacada, minhas asas fechadas se abriram, um leve incômodo nelas me fez voar desajeitada, merda, eles usaram uma erva calmante nelas??

Merda, merda, merda.

Eu caí do céu, soltando um grito baixo, vou matar quem tocou nelas.

Minhas asas sumiram e senti ser agarrada fortemente, eu estava com os olhos fechados, ouvi bateres poderosos de asas, senti o ser pousar e caminhar.

— Abra os olhos. -pediu ele de forma doce.

Eu os abri encarando um macho, de cabelos negros nos ombros, pele bronzeada, com sifões vermelhos.

Merda, merda, um illyriano.

Eu desci de seu colo como um raio e ele piscou quando com um golpe eu o lancei ao chão.

— Pela mãe. -ele murmurou.

Ele tentou me conter mas eu lhe acertei outro golpe.

— Calma, eu não vou machucar você, eu nunca faria isso. -disse ele.

E quem me garante?

Ele levantou e eu acertei um golpe na dobra de suas pernas o fazendo ceder os joelhos no chão, agarrei seus braços de forma rápida os levando as costas, e o empurrei para o chão, o rendendo de vez.

— Quem te ensinou a lutar? -ele estava surpreso, um brilho de orgulho nos olhos que estranhei.

Eu não respondi, não conseguia formar uma palavra sequer.

Alguém adentrou o quarto, várias pessoas, grã-feéricos. Eles encararam o illyriano no chão e depois me encararam.

— Porra! -disseram os mais jovens.

Eu o larguei, me afastando em posição de combate, as perguntas invadindo minha cabeça. Quem são? O que querem comigo? Porque fui salva? Porque aquele illyriano não para de olhar pra mim como se eu fosse uma jóia preciosa??

Encarei de relance a sacada de novo.

Se eu pular... Minhas asas estão dormentes, merda.

Comecei a estudar cada um deles, acho que eu teria chance se usasse meus poderes. Parece um bom plano, posso interceptar todos com alguns golpes se eu pegar o ângulo correto.

— Está planejando lutar contra nós? -o illyriano perguntou no chão, se apoiando em seus cotovelos.

Eu o encarei séria, o brilho nos olhos dele.. ele me é tão família é como se... Se eu estivesse me vendo em alguns traços.

Sacudi minha cabeça, minhas asas farfalharam de leve.

Tenho que ir, tenho que ir embora e sumir desse mundo para nunca mais voltar, minha vida não tem mais sentido se minha mãe não está mais comigo.

Corte de Asas e LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora