- Bem... Hoje, iremos iniciar a aula de Literatura com a Pré Modernidade. - Falei, após concluir a palavra no quadro branco. - Iremos conhecer os autores e as obras que são importantes para o Pré Modernismo... - Fui interrompido por batidas à porta. Portanto, suspirei e caminhei até ela para abri-la.
Apoiei meu pé, olhando para meu aluno, que não via há uma semana, parado e de cabeça baixa em minha frente.
- Posso saber o motivo do seu atraso? - Ele não me olhou, mas ouvi seu suspiro entediado.
- Não posso simplesmente entrar. Afinal, estou aqui, não estou?
- Está, mas há horários para serem cumpridos, Arthur.
- Se não vai me deixar entrar, diga logo! - Então, respirei fundo, dando espaço para ele passar, e assim, ele o fez, sem levantar a cabeça em nenhum momento. Depois, continuei minha aula.
De vez ou outra, olhava para o aluno atrasado, que estava quieto, algo que não era do seu feitio. Arthur era o aluno que mais me dava trabalho, pois sempre conversava, sem prestar atenção na aula. Mas hoje, estava de cabeça baixa, com o olhar no caderno e com o boné cobrindo seu rosto. Nem com seus amigos, ele havia ousado falar.
Quando o sinal tocou, os alunos começaram a sair quase que correndo. Assim, olhei para Arthur, que vinha andando, com os olhos presos no chão.
- Quero falar com você, Arthur. - Ele parou de costas para mim.
- Mas eu não. - Respondeu, sem se virar.
- Por favor, será rápido. - Ele bufou, voltando e se sentando na cadeira de frente para mim. - Por que faltou a escola por uma semana?
- Não é da sua conta!
- É sim, e, mesmo que não fosse, ainda questionaria, pois me preocupo com o desempenho dos meus alunos. - Ele soprou uma risada, o que o fez erguer um pouco o rosto. Portanto, espremi meus olhos e os arregalei em seguida, ao ver seu olho esquerdo um pouco roxo.
- Corta essa!
- Você gosta de vir para a escola? - Ele me olhou por baixo dos cílios e afirmou com a cabeça. - Então, houve um motivo para faltar, certo? - Vi quando ele apertou o punho, que estava sobre o colo. No entanto, ele não respondeu. - Estava doente? - Novamente, o silêncio.
Assim, presumi que o roxo em seu olho não devia ser por ter se metido em briga. E, obviamente, ele não tinha faltado a escola por doença, pois se esse fosse o caso, com certeza não se negaria a responder minha pergunta. Eu não sabia como, mas precisava arrancar o máximo possível dele, não porque estava querendo ser invasivo, e sim, porque queria ajudá-lo, pois se minha intuição estiver certa, ele certamente tinha problemas em casa.
- Você caiu?
- O quê?
- Seu olho está roxo. - Ouvi seu arfar surpreso e me inclinei para frente, apoiando minhas mãos na mesa. - Não quero parecer intrometido, mas o que realmente aconteceu? - Ele ficou em silêncio. Esperei que ele falasse algo por vontade própria, mas nada veio. - Você pode ir. - Assim que terminei de falar, ele rapidamente jogou a mochila nas costas e foi até a saída. - Arthur? - Ele parou. - Não tenha medo de falar comigo. Eu realmente quero ajudá-lo.
[...]
Assim que chegamos em frente ao cinema, Larissa já estava lá, com seu irmão. Portanto, Alícia soltou minha mão e foi correndo até os braços da loira. Quando cheguei perto, cumprimentei ambos e, após, compramos os ingressos, as pipocas e os refrigerantes. Depois, fomos para a sala, onde ia passar um filme infantil, Zootopia. Esse filme tinha sido proposto pela Larissa, pois segundo ela, o filme era muito bom. Não segurei o riso quando ela falou que já havia assistido inúmeras vezes, mas que não se cansava.
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Quando Os Sinos Batem
Romance(CONCLUÍDO) Vidas inocentes são tiradas todos os dias por pessoas inconsequentes. Famílias, sonhos, desejos são destruidos em um piscar de olhos. Uma simples ação inconsequente pode mudar completamente a vida de uma pessoa, ou até mais. Há cerca de...