Primaveras e outonos. Anos foram se passando. Mudanças e dificuldades, pouco a pouco, fomos vencendo. A caminhada foi dura e longa e me deixou com grandes e doloridos calos nos pés.
Deixei meus chinelos para trás há muito tempo, era a sensação que eu tinha, que depois daquele momento, passei a caminhar descalço e, conforme andava, o caminho se tornava mais difícil de ultrapassar. Foi dolorido, não tinha um momento que não pensasse em parar. Mas eu tinha duas pérolas que me faziam recordar o motivo pelo qual insistia em avançar a cada passo.
Eles cresceram e cada um tomou um rumo diferente. Meus pés estavam cansados, porém satisfeitos.
Então, soltei um suspiro cansado, ao abrir a porta. Meus joelhos estavam inchados e doloridos, isso foi tudo que tinha herdado com o passar dos anos, assim como dores musculares, principalmente na coluna. Já com meus 60 e poucos anos, não podia esperar muito, já que sempre havia sido muito sedentário.
Depois, acendi a luz e fui surpreendido por algumas pessoas gritando surpresa. Portanto, levei minha mão ao meu peito, sentindo o batimento do meu coração acelerar, no mesmo momento em que dois pirralhos correram em minha direção.
— Feliz aniversário, vovô. — Sorri para os gêmeos.
Nem lembrei que era meu aniversário, pois passei o dia inteiro ocupado, então não veio à minha mente.
— Parabéns, papai. — Levantei a cabeça e sorri para Alícia.
— O que significa tudo isso? — Perguntei, olhando para trás e vendo Gabriel com seu pequeno pacotinho rosa nos braços.
— Bom, como Gabriel e Luiza voltaram, decidimos fazer essa pequena festa para comemorar o seu aniversário, já que faz anos que não comemoramos todos juntos.
— Não gostou, pai? — Perguntou Gabriel, aproximando-se junto a minha nora.
— É claro que gostei. — Disse, pegando minha netinha dos braços do pai. Depois, levei minha cabeça até sua minúscula barriguinha e a cheirei, arrancando gargalhadas da menor.
— Eu chamei a avó, mas ela não pôde vir por causa da saúde. — Afirmei em um suspiro.
Minha mãe estava muito doente, pois a idade chega para todo mundo. Meu pai faleceu ano passado com diabetes e a morte dele abalou muito minha mãe. Coitada, ela já não estava em uma situação muito boa.
— Vamos comer o bolo agora, vovô? — Questionou um dos gêmeos.
— Vamos!
[...]
Após nos deliciarmos com o bolo de chocolate, fomos todos para sala, a fim de colocarmos as novidades em dia. Alícia morava longe e, por isso, não nos víamos com frequência, e Gabriel, bom, eu nem sabia que ele estava de volta, pois ele estava morando no exterior com sua esposa e sua filha.
— Que tal assistirmos a um filme? — Propôs Breno. Então, todos concordaram e os gêmeos bateram palmas para comemorar.
— Eu escolho. — Disse Bruno.
— Não, eu escolho! — Ditou Breno. Então, ambos irmãos começaram uma discussão. Revirei meus olhos, suspirando e revivendo tudo novamente, depois de anos.
— Irei escolher. — Falei.
— Mas, vovô, os filmes que o senhor gosta são chatos! — Olhei para ele, chocado.
— Retire o que disse! Vocês sempre assistiam comigo. — Falei, olhando para todos na sala.
— Éramos uma boa companhia. — Disse Alícia, sem graça, enquanto segurava a sobrinha no colo.
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Quando Os Sinos Batem
Romance(CONCLUÍDO) Vidas inocentes são tiradas todos os dias por pessoas inconsequentes. Famílias, sonhos, desejos são destruidos em um piscar de olhos. Uma simples ação inconsequente pode mudar completamente a vida de uma pessoa, ou até mais. Há cerca de...