Dia de São Patrício

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- Você sabe que a gente podia ter ido em um bar. – Grace sentou meio emburrada no sofá do apartamento.

- Está frio, e eu queria fazer uma festa "nossa". – Henry colocou um chapéu preto nela e foi até a mesa terminar de arrumar a toalha, a verdade é que ele não sabia bem o que a doença de Grace permitia ela fazer ou não então, antes de qualquer coisa, ele queria conversar com Oliver e achou que uma festa de São Patrício seria o momento ideal.

- Você está levando esse relacionamento muito a serio, Henry. – ela deu risada, pegou a língua de sogra que estava ao lado, colocou na boca e assoprou.

- Alguém tem que ser a pessoa madura desse relacionamento. – ele olhou a mesma e parecia estar perfeita. – Seremos só nós 5, seu irmão, Oliver, Amanda, eu e você.

- Essa vai ser a festa mais sem graça e vazia de São Patrício que eu já fui. Você deveria honrar os seus irmãos com uma festa mais digna, sabia disso?

- Alguém já disse quão ridícula você é?

- As vezes, mas eu quase nu... – a campainha tocou e rapidamente Grace se levantou. - ...eu atendo!!! – ela correu até a porta e abriu, saindo para cumprimentar os três únicos convidados que eles teriam naquela "festa de São Patrício" que Henry havia organizado.

Oliver, Pierre e Amanda entraram, cumprimentaram Henry e todos começaram a beber e conversar sobre, principalmente, a infância. Em determinado momento, Henry pegou duas garrafas de cerveja e, discretamente, chamou Oliver para conversar na varanda com a janela fechada. Ele pegou um cigarro para justificar, porém não acendeu.

- Isso não é tipo um questionário sobre o meu relacionamento com a Grace, não é? – ele perguntou assim que Henry estendeu a cerveja para ele.

- Não, mas é quase um questionário.

- Sobre...

- A doença dela. – Henry deu um gole na própria cerveja. – A gente está junto e eu quero fazer parte de tudo sabe? Se ela tiver restrição de alguma coisa, eu quero saber o que é e o que eu posso fazer para ajudar.

- Você já está fazendo Henry. – Oliver deu uma rápida olhada para trás e viu Grace jogando alguma coisa por cima da cabeça de Amanda em direção ao irmão. – Fazia muito tempo que eu não a via assim, talvez desde quando ela soube, ano passado que a doença dela é terminal.

- Espero mesmo estar fazendo bem a ela. Eu gosto muito da Grace. Eu só quero corresponder as expectativas e não fazer nada errado.

- Que expectativas?

- Eu não sei exatamente, mas acho que seria ajudar na doença dela. Se tem algo que eu possa fazer para prolongar a vida dela, eu vou fazer o que precisar.

- Infelizmente, no caso da Grace, não há o que fazer, a não ser lembra-la de tomar os remédios na ordem e hora certa. E não, eu não sei quando vai ser.

- Quando vai ser o que?

- A morte dela. – Oliver disse de maneira natural

- Eu não perguntei nada sobre isso.

- Mas não precisava. Estava na sua cara. – Henry fez uma cara de espanto quanto Oliver respondeu, ele realmente não havia dito, mas a pergunta estava na mente dele quase que o tempo todo.

- Eu só estou preocupado, eu nunca enfrentei esse tipo de coisa antes. Eu tenho vários planos que eu queria fazer com ela, mas eu não sei até que ponto eu posso estar fazendo isso.

- Eu lido com esse tipo de coisa diariamente e essa é a segunda pior coisa quando se está nessa situação. Não posso te dizer o que fazer ou não com relação a esses planos que você tem, a única coisa que eu digo é que faça a vida dela ser o mais normal possível. – Oliver deu um gole na cerveja. – Antes de você aparecer na vida da Grace eu tentei muito ter algo sério com ela, mas eu sou impulsivo e eu só queria que ela fosse feliz e acho que você deveria fazer a mesma coisa.

- Ser impulsivo? – Henry franziu a testa.

- Exatamente. Se você quiser se casar com ela amanhã, casa, se quiser viajar com ela ao redor do mundo por um ano inteiro, faça isso. Faça tudo aquilo que a fará feliz. Grace parece não ligar muito para o fato de que ela pode não ter muito tempo de vida, só que, no fundo, eu sei que ela pensa isso e que as vezes ela fica mal, só não a deixe ficar assim. Eu e a Amanda a gente meio que tem um acordo de tentar fazer o máximo de coisas legais e inéditas com a Grace, você pode entrar nessa com a gente ou criar uma própria lista entre você e ela. – Oliver deu alguns tapinhas nas costas de Henry. – Não se preocupe tanto, você já a está fazendo extremamente feliz, só continue com isso.

- Obrigado Oliver. – Henry disse meio sem jeito. – Qual a primeira coisa?

- Como assim?

- Você disse que a questão dos planos era a segunda coisa pior nessa situação. Qual a primeira?

- Quando a doença está extremamente avançava a pessoa sofre e, pra quem está de fora, ficar vendo a pessoa sofrer não é nada agradável.

- Acho que eu devo começar a fazer terapia, então. – ele deu uma risada sem graça.

- É uma boa ideia. Eu posso te passar o endereço de um grupo de apoio que a Amanda, o Pierre e os pais da Grace foram quando ficaram sabendo que a doença dela era terminal. Pode te ajudar a lidar com a situação.

- Agradeço e eu vou pensar sobre isso. – Henry guardou o cigarro no bolso e abriu a porta da varanda, Oliver o havia ajudado um pouco e ele tentaria fazer tudo que fosse possível para fazer Grace feliz, independente de quanto tempo ela tivesse. – O que você acha de uma partida de twistter? – ele perguntou para Oliver.

- Eu acho que você vai perder! – de forma meio infantil, Oliver o empurrou e saiu quase que correndo em direção a Grace, Amanda e Pierre. – Henry teve uma ótima ideia: TWISTER COM SHOTS!!!! – todos gritaram em aprovação.

Não foi exatamente isso que Henry havia dito, mas todo mundo pareceu ter ficado empolgado e, mesmo não sendo muito a favor de jogos com bebidas, porque sabia que o resultado sempre era vômito para todo lado e uma manhã com a cabeça latejando, ele faria qualquer coisa para ver no rosto o sorriso que Grace estava naquele instante.

Can I Go With You? || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora