A gente tem que conversar

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- Grace? – uma senhora parecida com ela bateu na porta do quarto dela, as sessões de quimio estavam acabando e, apesar do sorriso no rosto, Grace estava extremamente abatida.

- Oi mãe. – ela se virou em direção a mulher e se esforçou para sorrir, Henry teve que viajar as pressas para regravar algumas cenas de um filme e a mãe estava em Londres tomando conta dela por alguns dias.

- Acho que já está quase acabando por hoje. – ela se sentou na cama e olhou para a filha.

- Você é muito menos paciente do que o Henry, sabia? Você saiu o que, umas 4 vezes? – ela deu o sorriso bobo que costumava dar toda vez que falava sobre o namorado.

- Ainda depois de todos esses anos você fica com a mesma cara de quando era pequena quando falávamos sobre o Henry.

- Ele é minha alma gêmea, sempre acreditei nisso. – ela adquiriu um ar mais juvenil.

- Certo... – a mãe deu uma risadinha, ela estava extremamente contente por ver Grace apaixonada, porém ela tinha um medo imenso do que pudesse. - ...a gente tem de conversar.

- Não foi o que fizemos esses dias? – ela soltou uma risada nervosa pelo nariz.

- A gente precisa conversar sério Grace. Você precisa se dar conta de algumas coisas.

- Ok. – ela tentou se ajeitar o máximo que conseguiu e fez uma cara séria. – Se for sobre a possibilidade de eu te dar netos, saiba que esqueci de congelar os óvulos. – ela tentou emendar uma piada.

- Graças a Deus. – a mãe riu e segurou uma das mãos dela, encarando os olhos sem luz da filha. – A gente precisa conversar sobre o Henry.

- Acho que é um pouco tarde para a senhora dizer que ele não é o cara para mim.

- Pelo contrário, ele é o cara perfeito para você. Eu nunca tive dúvida alguma quanto a isso, talvez quando você era mais jovem e tinha aquela obsessão, mas hoje eu vejo que não poderia haver ninguém além dele na sua vida.

- Então qual o problema mãe?

- Eu quero morrer por ter de dizer algo assim... – ela não aguentou e começou a chorar de maneira tímida. - ...você pode não sobreviver a isso, meu amor. – ela respirou fundo e tentou segurar o choro, só de pensar que a filha não podia sobreviver era arrancar o coração dela, mas ela precisava colocar as cartas na mesa com Grace.

- Eu sei disso mãe, desde quando essa doença apareceu eu não me apego as coisas, a chance de eu não sobreviver é enorme, então eu não me apego e nem faço plano algum. E eu achei que já tivéssemos superado isso. Lembra do que o psicólogo disse desde quando eu fui diagnosticada?

- Eu sei, mas você é minha filha, não é algo que mesmo anos de terapia me façam aceitar. – ela deu um fraco sorriso. – Mas não é sobre mim que eu quero falar, não é? O Henry é um cara muito legal e que está sofrendo demais com tudo isso, e ele vai sofrer muito mais quando você se for...

-...eu disse para ele se afastar. – interrompeu a mãe.

- Querida você deveria ficar triste se ele não estivesse sofrendo, mas o que eu estou querendo dizer, Grace, é que você precisa deixar claro para o Henry que ele vai precisar seguir a vida dele depois que você se for, caso isso aconteça. Ele precisa ser feliz, achar um outro alguém...não ficar apenas 'sobrevivendo'. Entende o que eu quero dizer?

- Eu sei. – ela mordeu o lábio inferior de forma tímida. – E eu tenho pensado tanto nisso. Uma parte de mim não quer que ele se esqueça de mim, de nós....mas outra acha tudo isso que ele está passando e que vai passar tão injusto.

Can I Go With You? || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora