Capítulo 20 - Na Delegacia (parte 1)

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Aqueles sentimentos do passado, já não eram os mesmos dentro de mim.

Minha vida parecia um grande mar, onde a cada dia evaporava mais uma gota de água.

Daniel não dava a mínima para mim, não ligava mais para os meus sentimentos, apenas me cumprimentava pela manha e pela noite. Aquilo não me agradava em nada, estava me sentindo como um peixe fora d’água.

_Porque me mudei para cá? Porque me encantei por Daniel?

Tudo não me fazia nenhum sentido, tudo parecia fazer parte de uma vida que não era minha, que não me pertencia, nunca seria minha.

_Preciso resolver esta situação.

Já era hora de encontrar uma solução para aquilo tudo, precisava me sentir viva mais uma vez, me sentir mulher, coisa que Daniel não conseguia mais.

_O que vou fazer?

Não tinha ideia do que fazer, apenas peguei a chave do carro, que tinha o meu chaveirinho de bailarina que ganhei no meu aniversário de 12 anos, vesti uma calça jeans manchada de branco, rasgada na altura do joelho, combinando com uma blusinha, totalmente sem graça com apenas uma desenho da barbie.

Pode ser que não era um visual para matar, mais pelo menos me sentia mais presente em meu próprio mundo, me sentia mais um pouco viva.

Desde o dia que encontrei aquele DVD no porão, não conseguia olhar nos olhos do Daniel, parecia que sempre estava me escondendo alguma coisa, parecia que nunca tinha conhecido ela como realmente era.

_Quem é ele? Pensava comigo mesma

_Será que é um ET? Será que é um estuprador? Será que é um assassino?

Naquele momento cheguei a real conclusão que nunca tinha ido em busca de informações sobre ele, nunca tinha me dado conta do risco que estava correndo, ou que pelo mesos achava que estava correndo.

_Quer saber, vou em busca de respostas.

Quando estava na porta, me dei conta que aquele look não iria me ajudar de nada em descobrir mais do meu “marido”.

Então voltei para o quarto e escolhi a melhor roupa que eu tinha.

_Agora sim.

Mais onde iria em busca de informações sobre uma pessoa?

_Na policia

Claro, lá sempre tem uma ficha completa sobre todo mundo, como não encontrar uma ficha de Daniel?

Parti rumo a delegacia.

Quando cheguei próxima á delegacia, não me sentia preparada para o que iria encontrar lá dentro, minhas pernas tremiam, meus olhos saltitavam, meu coração parecia estar no ritmo de uma escola de samba em época de carnaval.

_Não posso me submeter a tal humilhação

Aquilo me martelava em minha cabeça, parecia que estava suspeitando do meu próprio companheiro, parecia que alguma coisa me dizia para não entrar, algo me impedia de ir.

_Já estou aqui, agora eu vou.

Era hora de me tornar uma mulher, me ver como uma mulher, deixar aqueles medos de adolescente do lado de fora, e trazer para dentro meu instinto de mulher.

Desci do carro, e fui caminhando rumo a delegacia.

Na calçada, pintado com tinta vermelha dizia: “12ª Delegacia”, já na porta tinham dois pares de escadas, revestidas de cerâmica antiderrapante, a porta me parecia bastante resistente, e vidros escuros o que dificultava ver o movimento do lado de dentro.

Minhas mãos pareciam ter vida própria, não conseguiam parar de tremer, e novamente meu coração batia tão rápido quanto um jato.

Quando encostei a mão direita na maçaneta da porta:

_Com licencia. Pediu um policial fardado

_Toda. Respondi com voracidade

_Onde vai? Me perguntou com a mão na arma em sua cintura

_Eu vim... vim... vim.. Bem... Não conseguia dizer nada

_Não é aquela assaltante? Gritou para seu colega na viatura

_Nossa, é ela mesma. Gritou de volta o outro

Naquele momento fiquei sem reação, só conseguia ficar ali, parada olhando cada movimento na rua, parecia que havia me desligado da terra, parecia que estava tendo um ataque epilético.

_Não vai prende-la? Perguntou o rapaz da viatura

_Mais é claro que...

_Não, não sou essa pessoa que estão pensando. Gritei olhando para o nada

_Como pode me provar? Perguntou o policial na calçada

_Posso mostrar agora mesmo meus documentos

_E quem me garante que não são falsos?

_Bem... É que... É que...

_Não tem como me enganar

_Mais já disse que não sou eu, e se fosse, o que estaria fazendo uma bandida na porta de uma delegacia?

_Bem... Pensando por esse lado.

_Pois é.

_Mais se não é uma bandida, o que veio fazer na delegacia

_Vim fazer uma entrevista com o delegado.- Foi a única desculpa que encontrei no momento, e meu registro na faculdade deveria me servir pra alguma coisa.

_Entrevista? Questionou o na viatura

_Sim

_Sobre o que?

_O aumento no percentual de assassinatos na cidade, que subiu de 5 para 8,5 % nos últimos meses.- Ler jornal também é cultura.

_Mais é claro, nos desculpe a confusão

_Não tem problema

_Pode entrar, o delegado já deve estar a sua espera.

Neste momento ele abriu a porta para mim entrar.

_Obrigada.

_5555-2346

_O que?

_Esse é meu número, caso precise dos meus serviços

_Ah! Claro

_Exatamente, minha operadora é a Claro

_Não, estava lhe agradecendo

_Desconfiei desde o principio.

Ficamos ali, por uns dois minutos, completamente calados, mais finalmente

_Já vou indo, tenho muitos bandidos para libertar.

_Como?

_Digo, tenho muitos bandidos para prender

_Claro, não quero atrapalhar o seu trabalho

_Uma moça bonita como você, nunca atrapalha

_Obrigada pelo elogio.

_Percival, temos um chamado na rua Belér

_Bem... Como percebeu tenho muito o que fazer, se me dá licença

_Claro.

Agora já estava dentro da delegacia, e um álibi perfeito.

O que fazer a partir dai?

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2015 ⏰

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