Ainda estava abalada com que tinha visto.
Não deixava de desconfiar de cada coisa que fazia, ou cada detalhe do seu dia. Resolvi ficar calada, pois queria pega-lo com a boca na botija.
Telma ainda insistia em ser minha amiguinha, nunca tinha conhecido uma pessoa tão descarada como ela, depois de tudo que fez com meu homem ainda tinha o descaramento de me convidar para tomar um chazinho. –Olá Bianca. –Olá Telma, como vai? Mantive minha postura de gente fina
-Queria te convidar para uma xícara de chá?
-Chá?
-Sim,hoje faz um ano que mudei para esta cidade,e muitas coisas aconteceram com a minha vida desde que cheguei aqui
-É me parece que sim. Ironizei a frase dela
-Inclusive nossa amizade. Disse sorrindo para mim
Neste momento minha vontade era de cortar meus pulsos, porque querendo ou não eu tinha convidado aquela vaca para se mudar e me consolar.
Mas quem diria que ela seria minha inimiga mais tarde, quem diria que ela, conseguiria conquistar o meu homem.
-Pois é,esta é uma das melhores coisas que me aconteceram desde á perda de meu filho
-Eu sei que deve ser difícil perder alguém que amamos
-Você não tem noção da dor
Estava insistindo de mais em ser minha amiga, de se comparar comigo e com minha dor.
Nada nem ninguém poderiam sentir a dor que senti quando vi meu filho caído em minha frente, e pior sendo o meu próprio marido, pai dele o assassino.
Acho que aquilo ficaria em minha memória para o resto da vida, a cena foi chocante, fiquei sem atos, não podia fazer nada para salvar a vida da única pessoa que me restaria.
Por mais que eu quisesse, não poderia dar a minha vida em troca, era inútil qualquer tentativa.
-Posso imaginar. Uma vez perdi um grande amigo
-Sério?
-Sim. Meu cachorro
- (...)
Não acreditei no que acabara de ouvir.
Aquela dissimulada tinha comparado meu filho com um pulguento? Tinha acabado com a memória de meu filho.
Meus olhos encheram de água, minha cabeça parecia que estava por explodir, meu coração palpitava de raiva e o ar já não corria o caminho certo até meus pulmões.
-É sério. Ele era como seu filho...
Agora ela já tinha ido longe demais.
Naquele momento meus pensamentos já não estavam mais como antes, tinha ficado completamente desordenados dentro de minha cabeça.
Estava sofrendo calada. Primeiro tinha a memória de meu filho que ela resolveu acordar e depois me leva a única pessoa que me amava.
-Entendo.
-Mas você vai até minha casa?
Um plano maléfico tomou conta de minha mente, e a única resposta que me restava...
-Sim, eu vou
-Te espero lá.
Na despedida, foi tudo muito conturbado, pois minha vizinha estava em um surto psicótico e Telma era uma excelente enfermeira.
Apesar de todos altos e baixos de nossos desentendimentos, eu não poderia negar que para sua profissão ela era espetacular.
Em minutos conseguiu reanimar Dona Firmina.
-Chamem uma ambulância.
Estava completamente perdida, quase não pode ajudar. Aquela fúria em meu corpo não me deixava fazer nada, me dominava por completa.
Finalmente o socorro chega e Telma apenas me abana a mão, fazendo um gesto de até logo.
Ali na rua,a multidão continuava parada em frente minha casa,á todo momento me interrogavam pelo motivo de Firmina ter passado mal,parecia que era um alto falante,porém ninguém me ouvia.
Por mais que gritasse, todos permaneciam ali parados, me olhando no olho e aquilo me incomodava me sentia vigiada.
Aqueles olhares me traziam memórias que não queria relembrar. Faziam-me chorar sem motivos e o medo tomou conta de mim.
Corri o mais rápido possível para dentro de casa. Tranquei portas e janelas,puxei qualquer cortina que via pela frente,a casa ficou completamente escura.
As imagens de minha amizade com Telma me retornavam como flashback, as lágrimas corriam em meu rosto,mas rapidamente as imagens do filme também me vieram,e a raiva mais uma vez batia á minha porta.
Minha temperatura subiu,e quando me dei conta estava deitada entre o guarda roupas e a parede,estava ali me escondendo não sei de que,já era uma mulher adulta e não tinha que temer á nada.
Só havia uma coisa que temia... Perder Daniel
Isto não suportaria por nada nesta vida, lutaria com unhas e dentes por ele,poderia até mesmo MATAR.
Um clique em minha memória me fez lembrar o plano que estava armando, e neste momento saltei daquele esconderijo rumo a cozinha onde guardava os venenos para matar pestes.
E com certeza eram eficientes,uma única gota bastava.
Mas o que estava pensando?
Não podia me tornar uma assassina quem iria cuidar de meu filho. Filho?
Ainda era segredo, mas em meu ventre estava a semente de meu amor e de Daniel, já estava completando 4 semanas.
Larguei o frasco e fechei o armário.
Caminhei até o sofá da sala, que era bem espaçoso e macio. Ali poderia refrescar minhas idéias e colocá-las no lugar, poderia também ter uma maravilhosa noite de amor ou até mesmo quem sabe dar á noticia para Daniel.
Deitei ali por minutos, e de repente.
_Bia, abra a porta. Era a voz de Daniel
_Já vai meu amor
Levantei depressa e fui rumo á porta. Parecia-me abatido e muito cansado, não trocou nem três palavras e já saiu de novo.
Resolvi segui-lo e não é que foi direto para casa de piranha.
Agora tive a confirmação, ele tinha um caso com ela. Não precisava de provas nenhuma.
Voltei para casa e coloquei o frasco de veneno em minha bolsa. Na manhã seguinte seria o chá na casa de Telma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Restrito
RomansaRoberta se vê em um impasse quando perde tudo que sempre teve como "Sagrado". Em um golpe de sorte,acaba conhecendo um homem,tanto quando idealizado por ela e um "Deus" grego. Acaba conquistando o coração do forasteiro. Porém uma grande amiga,vem l...