O gentil e doente Remus Lupin

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Todos os hospitais eram tão brancos assim?
Harry conseguia ver seu próprio reflexo no chão bem limpo e branco, no mármore caro das janelas e nas paredes sem manchas.
As luzes não eram amareladas como ele estava acostumado, as enfermeiras não usavam coques, na verdade pareciam freiras máscaradas, e muito apressadas, correndo com macas, e bandejas para todos os lados.
O aperto firme de Regulus o arrastou por entre a multidão de médicos ocupados.
Potter tentava manter o passo marchante, o rosto em branco, e as roupas arrumadas.
Seu cabelo estava embebido em gel capilar e os óculos guardados no bolso, por isso ele agradecia pela mão de Black, que o guiava enquanto ele se contia para não apertar os olhos.
Pó branco de maquiagem cobria sua cicatriz em formato de raio.
- Falta muito?- o rapaz Sussurrou para Barty, que marchava ao seu lado, seu semblante estava sério.
- Cale-se!- Bartemius sussurou de volta, irritado.
Um grupo de dementadores passou ao lado deles, Crouch assentiu para eles, que bateram continência e seguiram caminho.
Regulus os empurrou para a esquerda, um corredor que, pelo pouco que Harry conseguia enxergar, era tão branco quanto os outros.
- Está é a área irrecuperável, os doentes sem cura, sem família e sem honra ficam aqui- disse Black.
- Sem honra?- questionou Potter, incrédulo. Remus era honrado, o que ele faria em um lugar como aquele? Só por ser homossexual? Se fosse por isso o precioso e perfeito Tommy também era, ou por ser comunista? talvez fosse por isso.
- Ele corrompeu alguém que tinha potencial para ser um Comensal de alto escalão, é comunista e não media esforços para estragar os planos do Lorde junto com a Ordem das Galinhas Flamejantes dos Aliados, além de ter câncer terminal e não servir para o trabalho pesado- respondeu Regulus, quase como se desse de ombros.
Harry bufou, inconformado.
Dois homens de preto guardavam a ala, eles ergueram uma braço e colocaram o outro para trás, Potter conhecia aquela saudação, era uma coisa de Voldemort.
- Hail Voldemort!- bradaram os homens.
Regulus cutucou Harry que os imitou junto a Barty e o Black.
- Hail Voldemort!- eles devolveram, e os homens abriram as portas.
O rapaz quis vomitar, fingir ser um bichinho de Tom era um pouco demais, era simpatizar com o sofrimento de milhares, talvez milhões, de pessoas inocentes.

As portas brancas, eram marcadas com letras, talvez fossem iniciais, porquê o trio parou na frente da porta RJL, Remus John Lupin, onde Barty abriu com uma chave dourada.

A primeira visão foi nada mais nada menos do que uma frase com letras garrafais escritas em giz branco na parede.

SE REALMENTE EXISTIR UM DEUS, ELE TERÁ QUE IMPLORAR PELO MEU PERDÃO

Era uma frase forte, para o homem esquelético, de olhos fundos, cabeça raspada, olhos castanhos mortos e cicatrizes pelo rosto.
Ele abriu a boca e um som gutural e rouco saiu, Harry estremeceu, Remus limpou a garganta e tentou novamente.
- Filhote- a voz ainda era rouca.
- Remus- sussurou o menino, puxando o colar do bolso e entregando para Moony, que apertou o ferro e baixou a cabeça com reverência e nostalgia, por longos e torturantes segundos.
- Ele está bem?- perguntou por fim.
- Morreu a poucos dias- respondeu Regulus, já que a garganta de Potter estava trancada com a menção de Sírius.
Lupin pareceu desolado por um momento, antes de unir o colar de Padfoot com o seu próprio, unindo assim a lua e a estrela, que se completavam tão bem, ele olhou de volta para Harry, parecendo satisfeito com alguma decisão.
- Você tem os olhos de sua mãe.
O pijama branco tremulou um pouco, dando a ele um aspecto fantasmagórico.
- Sírius te amava, e estava arrependido por não ter lutado o suficiente- soltou o rapaz.
Lupin riu.
- É bom saber disso, vai me ajudar a te ajudar- respirou fundo com certa dificuldade- você tem muito para viver ainda.
Potter franziu a testa.
- Do que caralhos você está falando seu merda?- perguntou confuso.
Remus riu de novo, dessa vez mais alto, e continuou, rindo, e rindo, rindo, até que histericamente, se desfizesse em lágrimas.
- Amém- conseguiu dizer, se encolhendo no chão branco.
Harry assistiu a cena impassivel assim como Regulus, Barty torceu o nariz e perguntou:
- Cara, você está bem?
Potter  olhou  para o loiro como se  ele estivesse louco.
- Não- bufou Moony.

The Chancellor's ObsessionOnde histórias criam vida. Descubra agora