Para sempre Katherine.

Capítulo um.

- Mhmm, but nothing breaks like a heart
But nothing breaks like a heart.

A platéia vibrou junto às batidas de meu mero coração que naquele momento ainda tinha dúvidas se de fato estava bombeando sangue para os órgãos necessários, eu não sentia. Simplesmente não sentia nada além da vibração que aquele instante trazia, eu ficaria ali para sempre. Inspirei fundo e fechei os olhos como tentava fazer a cada apresentação minha, a sensação de mesmo que ao fim do show, minha alma estaria ali, o retrato daquele momento, o suspiro daquele momento, os gritos eufóricos de todas aquelas pessoas. Era magnífico. Era para sempre.

Aquela era a última música do repertório do segundo show que fiz desde o réveillon. Acabou. Não tinha idéia de quando nem quanto tempo duraria o próximo, mas eu desejava que fosse em breve, ali era o único lugar que meus problemas não invadiam minha mente feito vírus, eu amava aquilo.

Apesar de agora estar caminhando para de fato um camarim e me despedindo de uma imensa platéia da qual viera para assistir a tal banda que eu fiz a abertura, a sensação não era diferente. A sensação era a mesma de quando toquei na Forbes, no mutant, ou no troféuvoice, o suor lhe trazendo adrenalina, a adrenalina lhe trazendo energia, a energia lhe trazendo euforia, a euforia lhe trazendo felicidade....

- Com licença. - Fui parada enquanto caminhava em direção ao meu camarim por uma moça ruiva vestida com um terninho azul da produção. Eu estava puro suor e meu pulso tão acelerado quanto os gritos do público enquanto me ouviam cantar minutos atrás. Eu realmente amava aquilo, eu nasci para aquilo, não houvera decisão melhor do que a que tomei no dia da premiação meses atrás.

Logo, a ruiva foi tirando todos os fios dos microfones que circulavam por meu corpo e eu achei graça daquilo, não sei porque mas fazia cóssegas e eu não havia me acostumado àquilo. Assim que terminou me entregou uma garrafinha de água e me dispensou para o camarim. Não pude deixar de revirar os olhos ao agarrar a garrafinha, eu realmente não tinha me acostumada àquelas mordomias.

Com a garrafinha sendo virada em meus lábios continuei a caminhar reto por aquele corredor estreito e escuro da qual a única coisa encarregada de iluminá-lo eram as minúsculas lâmpadas lutando por seu trabalho acima de mim.

Ar condicionado, cheiro de lírios, toalhas dobradas perfeitamente, lanches em abundância... Era tudo isso que me aguardava ao me retornar ao camarim. Por instantes me senti a própria Selena Gomez. Minha vestimenta selecionada por Gil ainda estava impecável, era uma roupa completamente estranha, mas ainda considerada autenticamente moda e que me renderia uma grana extra por somente usá-la. Ri comigo mesma e sem pensar duas vezes me joguei em uma poltrona cor de nuvem e tão macia quanto uma, rodopiei a mesma ainda desacreditada com o que estava vivendo. Acabei gargalhando mais forte e tapando o rosto com as mãos envergonhada do que estava fazendo... Selena Gomes não deve fazer isso a cada show...

Felicidade é algo que não devíamos controlar. Foda-se, vamos ser felizes até transbordarmos! Mas acho que no ponto que cheguei ela precisava ser controlada, Céus, eu iria me mijar de tanta felicidade, ainda havia um sorriso em minha face quando me inclinei e peguei uma uva que me aguardava junto à bandeja de lanches. Fechei os olhos enquanto a saboreava e naturalmente flashes das pessoas pulando, sorrindo e cantando minutos atrás vieram a tona. Você faz isso Katherine, você faz!

Abri os olhos ao escutar um barulho vindo da maçaneta da porta atrás de mim e logo me virei animada para encarar Gil e deixar que me elogiasse, nos elogiasse e brindássemos com o mais chique dos champanhes também me aguardando na cômoda, enquanto eu me inclinei para pegar a garrafa e exibi-la para meu produtor escutei a porta se fechar, o virar rápido e eufórico de meu corpo fez meus cabelos bagunçados e brilhosos tratados perfeitamente para o show de hoje baterem contra minha bochecha enquanto meus olhos batiam naquele ser que com certeza não era Gil.