Capítulo 13

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- Não acredito que me chamou aqui, como se fosse sua coleguinha de classe do nono ano.- Provoco Marcus antes mesmo dele terminar de pôr aquele sorriso de canto na cara. 

- Se não acreditasse não teria vindo. - Provocou devolta abrindo o maldito sorriso e as mãos mostrando o drástico lugar em que estávamos. O cinema, onde tudo começou. 

- Não haja como quem estivesse na posição de fazer piadinhas. - Revidei e logo vi seu sorriso se desfazer, iniciando um vácuo de silêncio constrangedor entre nós. - Por que não se adianta e me diz logo o motivo de ter me chamado? - Finjo pressa. 

- Você não entende!? - Acho que a expressão que fiz ficou evidente que não, eu não entendia e então Marcus continuou. - Seu método foi invadir meu trabalho e tagarelar no meu ouvido todo o caminho da minha entrega... O meu é esse, não está vendo? - Marcus me olha com as sobrancelhas arqueadas. 

- O que!? Me trazer aqui e reconstruir tudo de novo como se o ano passado não tivesse existido? E eu não tagarelei no seu ouvido, tá bom!? - O mais tosco era que eu estava falando com ele no mesmo tom que dois anos atrás, no mesmo lugar quando gritei "Ela está dando em cima de você" para ele detrás daquele balcão.

- Eu voltei para consertar as coisas, não vamos reconstruir, vamos consertar! Do jeito que você quer, para que saiamos da vida um do outro de uma forma civilizada, sem mágoa...

- Sem mágoa!? Caramba Marcus, então você está realmente está planejando que repetimos tudo para procurar onde erramos, é isso? - Fico espantada com o quando me deixo irritar com o seu ridículo plano. - Vou te falar onde erramos, onde Você errou. - Elevo minha voz apontando para a saída do estabelecimento. - Bem ali, à dois anos atrás, onde você me contou a primeira mentira, a porra do nome que você inventou. JACOB. - Seu "nome" na minha boca dói e é uma droga que ele tenha percebido.

- Eu não inventei, Jacob é o meu terceiro nome e...

- Que filho da puta te chama de "Jacob"!? Em!? Ninguém te conhecia pelo seu sobrenome. Você me enganou e é melhor admitir isso logo para si mesmo! - Nossos olhos pairam um de frente para o outro numa luta silenciosa, até que Marcus recuou.

- Você queria que eu te contasse toda aquela merda que estava escrita na carta logo de cara!? 

- Não vem com essa... Tempo você teve. 

- Olha só Katherine, eu já estou pior que na merda e não estou fazendo isso aqui só para mim, então por favor... 

- Só por você!? Mas que merda eu ganho com isso...?- Marcus mudou seu olhar e eu sabia que ele elevaria a voz... e ele fez. 

- Não venha com essa... Eu tô passando por uma série de processos e só queria me acertar contigo antes que as coisas deem errado definitivamente. - Marcus começou a se desesperar e meus pensamentos tomaram o mesmo rumo. Antes dele ser preso, era isso que o mesmo queria dizer, "acertar contigo" por que aquilo soou tão bruto aos meus ouvidos? Ou talvez eu que estivesse sensível demais quando o assunto era ele.

- Ainda não vi aonde entro nisso, você quer sua consciência limpa, só isso, está pensando nisso por você. - Marcus entreabriu os lábios parecendo ferido com o que eu acabara de dizer, lutei para aquilo não me afetar, não estava nem me importando com as pessoas que entravam e saíam do cinema passando por nós. 

- Katherine, se passaram dois anos, você agora é famosa, é fácil saber se teve algum relacionamento ou algo do tipo, mas não, você não teve. Você ao menos beijou alguém durante esse tempo? - Ok, agora eu acabei de ser empurrada na frente de um caminhão de oito rodas e todas elas passaram por cima de mim, pois, era essa a sensação que tive depois de escutar o argumento ridiculamente coerente de Marcus. 

Para sempre Katherine.Onde histórias criam vida. Descubra agora