Para sempre Katherine.

Capítulo Dois.

31 de dezembro não foi lá uma data muito glamurosa quanto parece ser. Foi nessa data que sentei-me frente a frente à um prato farto e bonito com guloseimas de todos os tipos e não dei nem sequer uma garfada. Foi nessa data que saí pisando duro da casa dos Forbes sem ao menos uma explicação e com certeza fiz com que trocassem o papel de parede do corredor que manchei de vinho. Foi nessa data que ao chegar em casa ganhei um irmão ruivo e extra. Foi nessa data que minhas irmãs e eu cortamos qualquer tipo de vínculo com nossos pais.

Hoje fazem exatos 64 dias desde tais ocorridos, se dividirmos por oito dará o número exato de dias que fiquei encarando aquela carta com a borda queimada. As chamas não haviam chegado à queima-la por inteiro quando voltei às pressas para o camarim, mudando totalmente de ideia e jogando meu orgulho e dignidade no lixo. Eu peguei a carta. Queimei meus dedos ao esticar meu polegar e indicador até as chamas e tirar aquela bendita carta de cima das chamas. Não foi um ferimento tão grave, não quanto o queimar em meu peito a cada momento que eu a encarava desde então lutando contra a vontade de devorar quaisquer palavras ali dentro escritas por ele.

- Katherine! Você está me escutando!? - Brianna gritou irritada do outro lado do computador pela chamada de vídeo conferência.

Não Brianna. Não escutei.
Também faziam dois meses que não a via pessoalmente. Ela e Luck foram para a faculdade Yale à quilômetros e quilômetros dali, o que impossibilitava muito um encontro nosso. As vezes me pegava surpreendia com o quanto de saudades sentia deles.

- Desculpa Brianna... Estou com a cabeça cheia. - Murmurei esfregando os olhos e a menina revirou os dela.

- Juro que queria ser educada o bastante para falar que vai ficar tudo bem e que quando estiver pronta poderemos conversar, mas... Eu não sou. Então, ou você me fala, ou vai ficar aí escutando sobre o Luck não ter me dado sequer um beijo durante duas semanas! - Argumentou Brianna com a simpatia de sempre. Acabei soltando uma risadinha de seus Problemas.

- Você sabe que existe um botão vermelho aqui em baixo que serve para desligar né... - Tentei falar séria.

- Você sabe que posso fazer você engolir ele se ousar tocá-lo.- Gargalhei pela primeira vez na semana. - Qual é Kath... Me conta uma fofoca quente californiana, me salva desse mundinho bosta de nerds sem beijo, sem alegria... sem sexo! Katherine, nem quando eu estava namorando o Tyler à distância eu fiquei sem beijar tanto tempo. Estou começando a achar que seu amigo Luck está me traindo com aqueles livros patéticos. Eu estou em abstinên...

- Ta bom, já chega Brianna! - Gritei ficando enjoada com seu desespero para que ela se calasse. - Eu conto. - Sedi.

Brianna sorriu vitoriosa e eu comecei a contar tudo. Tudo mesmo. Desde o dia 31 de dezembro. Fazíamos chamadas constantemente mas eu nunca havia lhe contado sobre Dylan ser meu irmão, sobre Jacob ter voltado, ou sobre estar morando em um apê que só tem três comodos por estar com raiva de meus pais.

- Por que não me contou tudo isso antes? - Pela primeira vez na conversa Brianna me olhou séria e compreensiva, aquilo me fez desabafar ainda mais.

- Porque eu pensava que não conversar com nínguem sobre isso faria ficar menos real...

- Pouparia um tanto de seu desespero. - Disse se aproximando da câmera.

- Pareço menos desesperada? - Retruquei.

- Eu não sei se fico mais surpresa por você não me contar que vou ser sua futura cunhada ou que só foi eu sair da cidade que as coisas finalmente começaram a parecer interessantes aí.

- Não chamaria essas coisas de interessantes. - Murmurei em resposta.

- Eu preferiria mil vezes estar aí te ajudando com tudo isso do que aqui onde até as festas são chatas.