Capítulo 2 parte 2 - Em busca do desconhecido

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"O caminho mais claro para o Universo é através de uma floresta selvagem."

— John Muir

Para Lucien, ter uma parceira clarividente seria como ter alguém que o avisasse da chuva forte ou para se prevenir de alguma doença. Coisas simples.

Ele não poderia estar mais enganado.

Aparentemente isso também incluía levantar-se à primeira hora do dia para acompanhar sua parceira até uma viagem, que sendo otimista, lhes garantiria uma morte úmida e imprevisível.

Essa era uma boa palavra para descrever o Meio. O lugar que abrigava Sob-a-Montanha, aquele maldito lugar. Lucien precisou sacudir a cabeça para afastar os horrores do passado. Estar perto das velhas lembranças, ainda mais daquelas lembranças, era algo que ele preferia evitar, mesmo estando a menos de 10Km da Montanha.

— Você sente algo meu amor? Perguntou Lucien. O meio era um local regido com magia selvagem e leis próprias, Lucien não sabia que efeitos isso poderia ter sob os dons de sua parceira, no entanto ele sabia que aquele local só deveria ser acessado em última instância, e como aquele era o caso, o principal desejo de Lucien seria não demorar mais que o necessário na região.

— Ainda não... — Disse Elain resoluta — Eu tenho apenas a sensação de que te falei, de algo perdido, algo que precisava ser achado por nós dois. E aliás — acrescentou ela depressa — não vamos falar sonho, é melhor não falarmos aqui, nem pelo laço.

Lucien apreciou aquilo, a forma como ela tinha mudado desde que ambos deram uma chance para o laço. Faziam quase dois anos, mas era como se tivesse sido ontem.

— Vamos para o norte então, se prosseguirmos na direção de Oorid, acabaremos achando alguma bruxa que vive naquele pântano maldito.

Elain estremeceu ao se lembrar de onde ouviu aquele nome, fora lá onde Nestha achará a máscara dos Tesouros Nefastos, segundo Cassian e Azriel, sua irmã emergiu das profundezas do lago como a morte a encarnada, empinada por uma torre de corpos que jaziam no pântano e em sua mão direita, a cabeça do último Kelpie vivo.

— Com toda certeza não é pra lá que devemos ir — Afirmou a vidente.

Eles andaram mais alguns quilômetros ao norte, e o terreno pantanoso deu lugar ao florestal, o que queria dizer que a Montanha — que um dia fora sagrada para os feéricos estava próxima, e também que a antiga cabana da Tecelã ficava para trás, em algum ponto entre o pântano e a floresta.

— Acho que devemos nos apressar, a sensação cresce na medida em que nos aproximamos do local.

— Só tenha cuidado Elain, não sabemos o que vamos achar, só sabemos que vamos encontrar algo...

— Bom — interrompeu Elain — não estávamos em busca de algo, veja. A feérica apontou para a clareira da qual era possível ver um corpo envolto com uma aura azul. Ele estava pairando a poucos metros chão, a pessoa parecia estar inconsciente, e a energia azul parecia de origem defensiva, como um escudo conjurado para salvaguardar a pessoa enquanto ela estivesse indefesa.

— Pela mãe... murmurou Lucien

— Sim, pela mãe.

Lucien sacou sua espada das costas e avançou em direção ao desconhecido. Ele não reconhecia aquela magia, ela não parecia ser maligna, mas também não revelava sua origem.

Nos últimos anos desde que ele e Helion se descobriram pai e filho, ele aprendera muitas coisas novas com seu Pai. A reconhecer magias, a ver através dela, avaliar a origem dela, do poder, se defender dela e até a desmanchá-los. Lucien aprendeu muito na Corte Diurna, isso era fato. Mas acima de tudo, aprendeu a ser feliz.

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