5° Capítulo

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    "-Mel! Deixa me explicar!... "- ele largou a loira e correu atrás de mim, como se a sua vida dependesse disso. Os passos pesados iam ficando mais proximos e eu mal tinha coragem para correr. Por fim, alcançou-me e puxou o meu braço, virando me para ele.

    Na tentativa de esconder a minha dor e lágrimas, olhava para baixo sem o encarar.

    "-Larga me."-disse eu baixinho, engolindo os meus próprios soluços.

    "-Mel, por favor, ouve-me!"- ele abaixou-se para ver a minha cara.

    "-Larga me."- segunda vez. Agora, mais alto, desviando a minha cara da dele.

    A culpa e a preocupação vieram à tona dos seus olhos... Eu notei isso.

    "-Mel, ela agarrou me à força...eu fui apanhado desprevenido....Tu sabes que eu só te amo a ti, não é?"- ele afastou a minha franja dos olhos.

   "-Mas pelos vistos gostaste tanto de a voltar a ver, que nem recusaste! Não foi?!" - agora eu estava gritando - "Agora larga-me!!"

   Ele obedeceu e largou o meu braço, em seguida, levantando se.

   "-Mel, não faças isto comigo.... Por favor..."

   Saí dali sem olhar para trás, escondendo a minha cara da gente que me olhava. Odeio isso.

   Percebi que ele simplesmente ficou ali parado...em estado de choque...apenas olhando para mim à medida que me afastava. Até que mudei de rua, aí ele já não me podia ver nem ouvir.

    Encostei-me à parede do prédio e desabei. As lágrimas que eu estava contendo, escaparam de mim como azeite ....e nesse momento, a unica coisa que se ouvia naquela rua deserta eram os meus soluços.

    Eu tinha quase a certeza absoluta que aquela devia ser uma ex dele qualquer... Pelo que ela disse...

    Talvez ela fosse Raquel...quem sabe...

    Eu chorei, soluçei e chorei ainda mais. Quando o cansaço e a dor de cabeça vieram até mim, resolvi ir para casa.

    Quando cheguei a casa, esforcei-me ao máximo para não fazer barulho ao entrar. A última coisa que agora eu queria era que a minha mãe me chatiasse.

    "-Filha, porque está chorando?"- Merda. Mesmo sem olhar para mim, ela percebeu que eu estava chorando...talvez pelos meus soluços.

    "-Alergias da primavera...sabe como é né?"- escondi a minha voz atormentada e fechei a porta.

    "-Filha, você não sabe mentir. Estamos no verão. Vá vá, senta aqui."- Ela falava comigo sem se virar para me poder ver. Lá tive de obedecer...

    Eu sentei me ao seu lado e não sei porque, deu me uma vontade de chorar enorme. Abaixei a cabeça e umas lágrimas cairam.

    Minha mãe tirou a minha franja dos olhos e colocou meu queixo para cima, fazendo os meus olhos grandes e vermelhos olharem para ela. Ela poisou a caneca de café na mesa e fez cara de preocupada.

    "-O que ele te fez?"-fiquei admirada por ela saber que havia um "ele" que me tinha magoado. Desatei a chorar quando ouvi aquela frase, me agarrei a ela e ela me abraçou...minha mãe sabia sempre como me ajudar.

  

   

Amar é complicadoOnde histórias criam vida. Descubra agora