6° Capítulo

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    Meu choro era agora compulsivo. Minha mãe era como a estaca que me fazia levantar quando eu caía.

    "-Filha, não tenha vergonha, pode falar.. "-ela acariciava os meus cabelos enquanto me abraçava-" Sabe, eu antes de conhecer o seu pai, também tive muitos desgostos de amor..."

    Eu tomei coragem e afastei minha cara chorosa de seu ombro, de seguida contando o que se passava.

    "-Hum...Compreendo. Olha filha, se pensar bem, ele mostrou gostar de você quando foi a trás de você..."- ela dizia limpando as lágrimas dos meus olhos-" Eu não conheço esse Lucas, mas se achar melhor, dá uma chance para ele."

    Incrível. Minha mãe tinha um espírito jovem, não como as outras. Ela compreende o que eu passo... E me ajuda se pondo no meu lugar.....Por isso é que eu amava desabafar com ela.

    "-Talvez tenha razão..."- eu limpei minha cara tentando não chorar outra vez.

    "-Sua mãe sempre tem razão..mas uma coisa é certa! Se esse garoto te machuca de novo, eu vou lá e faço-o comer terra!"-ambas rimos quando ela disse isso.

    Eu queria ficar um pouco sosinha para pensar, e nada melhor que meu quarto.  Deitei na cama e olhei para o celular. Tinha 1001 mensagens de quem? Lucas.

    "-Mor me perdoa.."

    "-Não me abandone... Eu te amo."

    "-Amor, está me deixando preocupado...pfv me responda..."

    Eu estava pensando se respondia ou não quando meu celular toca. Era Lucas.

    "-Quanto tempo mais eu vou ter de ficar aqui na porta de sua casa?"

    Como assim?

    Levantei-me e abri a janela, olhando para baixo. Lá estava ele sentado encostado à minha porta de entrada..levando sol na cara. Ele olha para cima, levando a mão à cabeça, pois o sol é intenso e é dificil ver.

    "-Podemos falar?"- ele se levantou e olhou para mim no 1° andar.

    Eu desci e disse para a minha mãe que ele lá estava fora. Ela nos deu privacidade e saiu pelas traseiras rumo ao café da esquina.

    Mal ela saiu, eu mandei ele entrar.

    Não percebi porque, mas ele me estava olhando muito admiravelmente...depois eu reparei que eu estava com uma blusa grande e calções curtos. Ou seja, parecia que não tinha parte de baixo.

    "-Vai entrar ou não?"-rudemente falei me encostando à porta.

    Ele entrou e esperou por mim para se sentar no sofá.

    "-Mel, eu nem sei que falar..."-ele parecia abalado.

    "-Se não sabe, então porque veio?"

    "-Porque te amo."- ele pega minha mão.

    "-Lucas, me fala o que se passou ali. Quem era aquela?"- rapidamente tirei minha mão da sua.

    "Af... Ela é uma ex minha que emigrou... Ela simplesmente sumiu durante anos e nunca mais me falou. Agora voltou do nada! Eu estava te esperando com a malta e ela apareceu e me agarrou...!"- ele fez me olhar nos seus olhos verdes esmeralda que me estavam revolvendo a cabeça.

    "-Me poupe... Se ela tivesse aparecido do nada, não te beijava assim! Nem você deixava!"- eu estava sem paciência.

   

    Levantei me de supetão e apontei para a porta.

    "-Lucas, vai embora."
 
    "-Perai mor, não pode ser assim.. "

    "-Agora!"- eu limpei a cara e abri a porta, dando lhe passagem.

    Ele saiu com as mãos nos bolsos  sem olhar para trás.

    Mal fechei a porta, encostei-me e deixei me escorregar para baixo. O choro invadiu-me juntamente com minha dor.

Amar é complicadoOnde histórias criam vida. Descubra agora