Belong Together | Scorbus

✽28✽ ─ ala hospitalar, cela e partida

"Ele sabe que nós sangramos o mesmo? Eu não quero chorar mas eu me quebrei.  Apenas volte pra casa. Se você está com medo, eu estou a caminho." ─ Where's My Love?

Albus Potter POV

Acho que desmaiei. Em algum momento, com certeza desmaiei, a certeza veio pra mim quando eu finalmente abri meus olhos e, ao invés da escuridão, vi o sol pela janela. Tateei cegamente a cama, estranhando com pesar a ausência de um corpo ao meu lado.

Não... Sentei de supetão, percebendo rapidamente que não era nosso quarto. Não! A neve se fora... Scorpius também? Tinha que ser um maldito pesadelo.

Olhei ao redor, a visão de volta e luzes que produziam efeitos rapidamente dolorosos. Haviam outras camas com lençois brancos, cortinas de privacidade e mesinhas com seringas e poções. Demorei, mas reconheci onde eu estava.

─ Scorpius? ─ Chamei. Não tinha absolutamente ninguém aqui. ─ SCORPIUS!

A porta da ala hospitalar foi aberta com urgência, uma mulher de cabelos pretos amarrados em coque veio até mim com algo na mão. Nem falou comigo e já parecia querer injetar algo no meu organismo.

─ Caí fora! ─ Gritei. ─ Que droga é essa?

─ É para sua cegueira, senhor Potter ─ respondeu educadamente ela. Era nova demais, provavelmente uma ajudante. ─ Preciso injetar apenas mais uma vez.

─ Cadê. O. Meu. Namorado. ─ Minhas pausas beiravam arrogância e impaciência. Por que ela não respondia? Onde estava todo mundo?

Onde estava Scorpius?

─ Você foi o último que o viu... Comunicarei a diretora que você acordou. Sua família e amigos ficaram muito preocupados, vou pedir que entrem.

Eu fui o último que o vi. 

Scorpius havia mesmo sido levado. Eu não queria voltar a chorar... meus olhos doíam de tanto ter chorado, mas eu estava chorando de novo agora. Não conseguia disfarçar minha tristeza, ou meu coração que pesava tanto. Céus, acho que eu esqueci como se respira. A imagem dele sangrando e sendo coberto pelo saco preto queimou em minha memória e ardeu tão intensamente que ficou gravada a cada momento em que eu piscava.

Não era um sonho ruim, afinal, eu sei disso porque me bilisquei trezentas vezes enquanto chorava.

Katherine e Lily entraram como um jato quando a curandeira ajudante abriu a porta para elas, as duas vieram até mim em desespero e me abraçaram. Katherine parecia ter chorado também.

─ Albus ─ minha irmã chamou. Não, eu não conseguia parar de chorar. Era literalmente impossível. ─ Albus, você... não, você não está bem. Estamos aqui. Vamos achá-lo. A diretora está vindo e o senhor Malfoy também.

Senhor Malfoy... Draco! Tirei as mãos do rosto e finalmente o ar entrou em meus pulmões. O pai de Scorpius. Eu precisava falar com ele. Ele ia saber o que fazer. Ele sempre sabia o que fazer.

─ São seis horas da manhã. ─ Lily dizia calmamente, a voz parecia buscar me tranquilizar. Só me atormentava mais. Porque não era a voz de Scorpius. ─ Você desmaiou ontem às cinco da tarde e foi cedado durante a noite, pelo seu bem.

─ Por que? ─ Consegui finalmente perguntar.

─ A curandeira disse que você ficava gritando e se repetindo. Fez isso por uma hora inteira. Ficar cedado ajudou a trazer sua visão de volta mais rápido, já que seus olhos relaxaram e você parou de evitar que te medicassem ─ Lily segurou minha mão com delicadeza. A forma como ela me olhava refletia preocupação e pena.