Água em minhas veias, veneno em minha alma

Espasmos

Ele não era nada, ele era tudo, ele era energia, era só isso que, só isso que sentia, pura e simples, mas mesmo assim complexa, o poder da destruição e criação na palma da sua mão mas ele não sabia o que fazer, quem ele era? Qual era o seu objetivo? Ele não deveria apenas ficar ali? Seguro? Com o poder pulsando em suas veias? Ele tinha veias? Quem ele era?

Um raio cortou o oceano de calmaria que a energia o proporcionou, o atingiu, ele não estava mais flutuando entre as ondas, ele era humano, ele era vivo, ele tinha uma família esperando por ele, dor, ele estava caindo. Caindo rápido e a aterrissagem não parecia ser fácil. Ele caiu e sua visão embranqueceu. Dor, tudo era dor, milhares de raios atingiam a sua pele o queimando de dentro para fora, vozes gritavam em sua cabeça em uma sinfonia de desespero.

-Yu Wanyin.

Lan Qiren.

-Wanyin.

Lan Zhan.

-Jiang Cheng.

Sua irmã.

-Cheng-Cheng.

Irmão

-A-CHENG.

A-Huan. A-HUAN.

Yu Wanyin, lembrou, ele sabia quem era, sabia o que precisava fazer, ele tinha uma missão. Ele gritou, agonia corroendo a sua mente enquanto ele jogava todo o seu poder na matriz.

Raios caindo fora da barreira assim como caíram no seu corpo. A dor logo foi demais, ele se debatia e implorava mas não conseguiu se mexer, não conseguiu ir embora, não tinha como parar. Ele urinou de dor, mas o líquido queimou junto de suas vestes até ele estar nu dentro da cúpula. Seu corpo começou a ter marcas, raios roxos abriam caminho nas suas costas, sangrando e pulsando em Qi. Cada segundo era uma pequena eternidade mas ele não sabia se eram realmente segundos, o conceito de tempo fugiu de sua mente desde o início, apenas a dor e o fato do que ele tinha que fazer permaneciam na sua mente, junto dos gritos de sua família, implorando para ele voltar, para viver, para não deixá-los.

Por um segundo ele achou que ia morrer e não estava triste com isso desde que a dor parasse,

mas acabou.

A dor acabou e ele desabou chorando, seu corpo convulsionando e tendo espasmos onde ele nem sabia que tinha músculos, ele ouviu uma porta abrindo e um grito.

Qiren.

Quando ele finalmente se libertou ele pensou que teria tempo, estava na metade do caminho até onde o selamento tinha sido feito quando ele sentiu uma onda inimaginável de poder em suas costas, quando virou ele não pode deixar de perder o fôlego, o garoto que ele jurou proteger (um de seus três filhos), estava no meio de uma tempestade de energias de todas as cores, um universo inteiro resumido apenas no espaço de uma matriz, uma coisa tão absurda que não admira ter sido abandonada, muitas pessoas com um poder como aquele poderiam destruir o mundo apenas por estar de mal humor.

O Qi era forte demais ele não conseguiu se aproximar, ele ficou por alguns minutos sem responder, aparentemente perdido em sua própria mente consumida por tudo aquilo. Mas Zidian se mexeu, um estalo roxo cortou o meio da formação e Wanyin voltou a si com um grito de agonia, Qiren ouviu a barreira estalar e uma tempestade violenta de raios se formar, ele não podia ouvir os inimigos mas seus aliados pareciam cantar em vitória.

O ancião observou aterrorizado enquanto Zidian se derretia em uma poça de aço que impedia seu portador de mexer as mãos mas deixando o resto de seu corpo livre para convulsionar. Gritos de desespero irrompiam pela garganta de seu filho e ele queria se matar pela impotência na qual se encontra.