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BEATRIZ 🍄

Não gostava de andar de ônibus, ele passava no ponto bem cedo e dava longas voltas até chegar na escola. Mas não tive opção, gotas finas de sereno caiam quando acordei, iria pegar uma chuva bem forte se viesse de bicicleta, na ida, ou na volta. Desci do mesmo quase correndo, sentindo as gotas ficarem cada vez mais grossas, eu amo a chuva, mas não gosto muito de me molhar, ainda mais em uma manhã fria tendo que enfrentar pouco mais de cinco horas dentro de uma escola.

São poucos os alunos que tem carro, aqui a maioria não tem mais do que dezessete anos, ou dezoito recém completados. Leonardo faz parte dos poucos alunos que tem seu próprio meio de locomoção, as vezes ele vem com o seu carro, ou com a sua moto, que eu acho linda para um cacete.

—Ela sempre foi gata cara, mas agora está mais ainda — Alguém comentou assim que passei.

—Só que antes era bem magrinha, agora ela está com um corpão — ouvi outra pessoa comentar.

Apertei a alça da mochila com força e comecei a andar mais rápido, não me dei o trabalho de olhar para trás para ver quem estava falando, sabia que eram garotos, mas não queria ter o desprazer de olhar para a cara deles. Esses tipos de comentários me deixam desconfortável.

Do corredor da cantina, olhei para o segundo andar, meus olhos pararam na janela da última sala. Eu estava ansiosa para Saber quem era, mas estava com medo de ir até lá, isso é tudo muito estranho.

A única coisa estranha que eu gosto, é o Pedro.

—oi Gata — Viviane beijou minha bochecha.

Ela estava um arraso, usava um all star preto, um calça também preta um pouco justa ao corpo que destacava suas curvas, uma camiseta de alguma banda que eu não consigui identificar...essa mulher é muito linda.

—Você está muito cheirosa.

—E você está muito gostosa — apalpou minha bunda por cima do tecido da calça.

É errado querer lascar um beijão na minha melhor amiga? Porque, puta que pariu, que mina gata.

—Isso é gordura — Dei uma voltinha — estou comendo o que vale para cinco pessoas, ou mais.

—Seu corpo está perfeito, assim como você.

Eu sempre tive muita insegurança com o meu corpo, eu era extremamente magra. A uns dois anos meu corpo foi mudando sozinho, comecei a ganhar uma carninha e hoje posso dizer que me sinto confortável com meu próprio corpo.

Viviane me deu um beijo na bochecha antes de seguir uma menina até a biblioteca.

Comecei a subir os degraus para o andar de cima, isso pode ser coisa do Pedro, ele ama essas brincadeiras estranhas. Não tinha ninguém nos corredores do andar de cima. no turno da manhã, não tem muitos alunos, então eles ocupam apenas o andar de baixo, o que acho um absurdo já que as salas de cima são bem mais arejadas.

Caminhei lentamente até a última sala do fim do corredor, conseguia ver os alunos daqui de cima, bando de gente barulhenta e estranha.

A porta estava entreaberta, coloquei a mão na maçaneta, tentei empurrar a porta para que eu pudesse entrar, mas não consegui fazer, eu não sabia o que iria encontrar aqui dentro.

Então a porta se abriu, revelando Marcos com um sorriso enorme nos lábios, suas mãos agarraram a minha, ele me puxou para dentro da sala e encostou a porta novamente. Dei alguns passos para trás, ele me olhava fixamente, eu estava um tanto quanto assustada com a sua atitude.

—Eu sabia que você viria — sorriu ainda mais.

Tá bom, eu ainda tenho tempo de correr?

Só por uma noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora