Só por uma noite

09

BEATRIZ 🍄

Leonardo pilotava com calma, o que era estranho já que o menino parece o papaleguas de moto. as vezes eu o via me olhando pelo retrovisor da moto, mas ele logo desviava o olhar e voltava sua atenção para estrada.

Arregalei os olhos quando ele guiou a moto para um beco estreito, não acredito que o desgraçado está realmente indo comprar maconha. Eu pensei que ele estivesse Brincando.

E quando eu achei que já tínhamos chegado, Leonardo virou a esquerda e entrou em outro beco. Apertei sua cintura com força com medo de cair no chão igual cocô de pombo, o mesmo riu do meu desespero. Idiota.

Tinha algumas pessoas na calçada fumando e tomando cerveja. Bem que podíamos nos juntar a eles, acho legal.

Ajeitei uma sacola na minha coxa, ele tinha comprado vários biscoitos, pães, frutas. Na frente ele levava outra sacola um pouco maior que eu não sabia o que era, e também não me dei o trabalho de perguntar para depois sair com fama de curiosa e fuchiqueira.

—Dá para descer aqui?

Leonardo parou a moto ao lado de uma calçada, o chão estava pura brita.

—Sim.

Desci da moto e entreguei o capacete para ele, corri meus olhos pela rua mas não encontrei nenhuma boca de fumo, será que eles vendem isso em casa?

—Tio Leo — Uma criança veio correndo e se jogou no colo de Leonardo — Que saudade.

Antes que eu conseguisse perguntar alguma coisa, saíram de uma casa mais duas crianças, ao total são três, e todas foram correndo em direção ao Leonardo que apertava a garotinha peguena em seus braços.

—O tio também sentiu saudades.

Leonardo se agachou e beijou a bochecha de cada uma das crianças. Ele parecia gostar muito delas, e elas também compartilham do mesmo sentimento.

—Quem é a moça? — um garotinho perguntou apontando para mim.

—Ela é amiga do tio.

—Só amiga? — Sorriu sapeca — pô tio Leo, ela é mo gatinha né? Vai ficar só na amizade mesmo?

—Menino, que isso? — Encarei ele com a boca levemente aberta — Eu sou tímida.

—Tímida, ela é Tímida ela — Leonardo murmurou.

Leonardo pegou as sacolas da minha mão e entregou para as crianças, eram sacolas cheias de biscoitos diferentes, doces, sacolas de pão e algumas frutas. Ele entregou na mão do garotinho maior que talvez tenha entre oito ou nove anos.

Os três correram com as sacolas para dentro, abrindo e colocando as embalagens no chão enquanto escolhiam o que queriam e abriam, comendo com tanta vontade.

Uma mulher saiu de dentro da casa, tinha um pano amarrado na cabeça e sua roupa estava completamente molhada, com certeza estava cuidando do trabalho da casa.

Ela se aproximou de Leonardo e antes que ele entregasse as sacolas para ela, a mesma segurou seu rosto e lhe deu um beijo na testa, e logo depois sorriu, tão gentil, como se estivesse agradecida.

—Eles não quiseram dormir depois da escola, estavam ansiosos dizendo que você não iria demorar a chegar.

—Que bom que esperaram — sorriu de leve — gosto de ver eles empolgados quando chego. Por acaso as contas de água e luz já chegaram?

—Já sim, estão ali na caixinha do correio, nem mesmo as peguei.

Leonardo lhe deu um beijo na bochecha antes que ela entrasse na casa. Ele caminhou até a caixa do correio e pegou alguns envelopes, contas. Colocou na mochila e voltou, montando na moto.