Só por uma noite

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Ô governador, o senhor abaixa o preço da passagem, Que pra casa da cheirosa é mó viagem...

BEATRIZ 🍄

O desconforto me dominou rapidamente, ter dois pares de olhos me encarando como se eu fosse um bicho, é um tanto quando desconfortável. Sem contar que Leonardo não parou de apertar meu pulso em momento algum, já está começando a me machucar.

—O que foi Leonardo? Não me esperava em casa? — o homem questiona — Sua cara de espanto já responde a minha pergunta.

Então esse homem deve ser o pai do Leonardo. Não tem como negar, são bem parecidos, ainda mais a expressão séria que ambos tem. Mas acho que Leonardo se parece mais com a mãe, pela descrição que recebi.

Meus olhos param na mulher que está na porta, ela olha toda a cena com divertimento. Seus cabelos são bem loiros. Os seios são enormes, dão a impressão de que vão saltar para fora do vestido colado a qualquer momento. O vestido vermelho e o salto alto verde não combinam muito com ela, fora a maquiagem super escura que cobre todo o seu rosto.

—Beatriz, eu não imaginei que eles fossem chegar tão cedo. Já te peço desculpas se ouvir algum comentário maldoso da parte deles. Infelizmente o que eles tem de dinheiro, lhes faltam de educação — Leonardo fala só para que eu escute.

Concordo dando um aceno leve com a cabeça e com a mão livre desço ainda mais o meu vestido. Os dois ainda tem o olhar preso em nos dois, eu preciso sair daqui o quanto antes.

Leonardo começa a andar me puxando atrás dele, o homem que acho que é seu pai, abre a porta e aproveito para dar uma última olhada. Ao contrário da mulher, ele esbanja elegância e bom gosto, a roupa social preta caiu muito bem nele. Ele e Leonardo não tem nada haver um com o outro, não mesmo. Apenas alguns traços.

—A garota não vai se apresentar? — ele pergunta me olhando — Acho que é o mínimo a se fazer quando se vem na casa de alguém.

Minhas pernas vão ficando pesadas e a vergonha vai me consumindo, eles devem estar pensando as piores coisas possíveis ao meu respeito.

—É a garota que eu falei Lorenzo — a mulher diz pela primeira vez — Foi ela quem eu vi com o Leonardo, é essa daí.

Sua fala soou com um certo nojo, tanto que eu senti vontade de me virar para ela e questionar se a mesma tinha algo contra mim. Mas achei melhor ficar quieta, não vou arrumar confusão, não estou na minha casa.

—ah, essa daí é a garota — o aperto de Leonardo no meu pulso fica cada vez mais forte — Como é o seu nome mocinha?

Leonardo me puxa com força e me coloca atrás dele se virando para o pai.

—Não fale com ela — manda estridentes — Quem te deu esse direito?

—Ela está na minha casa e eu tenho o direito de fazer as perguntas aqui — revida.

—Não, você não tem. Ela não invadiu a sua casa, eu trouxe ela para cá, então se tiver de fazer alguma pergunta, faça para mim.

Eu poderia muito bem interferir nessa discussão, mas não vou dizer uma palavra. Não gosto nem um pouco do pai dele.

—Não sente vergonha de me tratar seu pai assim, ainda mais na frente de estranhos? — Indaga estridentes.

—Ela não é nenhuma estranha, e respondendo a sua pergunta, não! Eu não sinto vergonha de te tratar do jeito que você merece.

Tudo bem, eles estão muito nervosos e eu não estou com vontade de separar uma possível briga entre eles. Leonardo me disse que já aconteceu antes, e eu não quero presenciar nada.