LEONARDO 🚬
Me sentei na grama do jardim enquanto enrolava um cigarro. Hoje eu havia acordado confuso e precisava ficar um pouco sozinho para pensar melhor em tudo o que aconteceu e está acontecendo. Muitos acontecimentos em poucas semanas, muitos problemas que não sei quando vão se resolver e se ao menos tem solução.
Posso listar cada um dos meus problemas e falar por horas sobre eles.
Quando eu era criança, eu observava os pais dos meus poucos amigos e ficava tentando entender porque eu não tinha uma relação daquelas com meus pais. Eu nunca vou esquecer o quanto doía não receber um feliz aniversário vindo dele, eu nunca ganhei um abraço do meu pai, nunca ouvi palavras de carinho e estou longe de ter ouvido um "Eu te amo".
Por mais que a minha mãe se esforçasse e desse o melhor de si para que eu não sofresse tanto com a falta que sentia de um homem que morava na mesma casa que eu, mas que era tão distante, mesmo ela fazendo o papel de pai e mãe, eu não conseguia evitar a saudade cortante que eu tinha de um pai.
Me lembro de quando fiz uma carta de dias dos pais para ele, eu escrevi uma listinha de tudo o que eu queria que fizemos juntos, pensei que aquilo poderia ser um incentivo para ele. Ele pegou a carta da minha mão e colocou ao seu lado no sofá. Meu pai se levantou e a carta ficou lá por dias até que com um dor insuportável no peito, eu a peguei e levei de volta comigo.
Eu fazia o possível para chamar a atenção dele, me esforçava ao máximo para me sair bem em tudo o que eu fazia porque eu queria dar orgulho para ele. Parei de tentar quando comecei a entender as coisas e vi o jeito que ele tratava a minha mãe. Foi quando eu entendi que se ele não amava a mulher que dormia ao lado dele todos os dias e que se casou com ele, ele também não me amaria.
Me dói saber que ele esperou eu quase morrer para me pedir perdão e tentar fazer dar certo entre nós, me dói mais ainda não saber se ele esta sendo sincero ou se está mentindo para mim.
Não posso negar que as coisas estão indo bem. Minha mãe está em um apartamento que ele comprou, ela não queria aceitar mas independente de qualquer coisa, aquilo era um direito dela e era o mínimo que ele poderia fazer depois de tudo o que aconteceu.
E eu estou aqui com a Beatriz torcendo para que nada disso seja um teatro e que possamos viver em paz.
Não penso só em mim, penso na Bea também. Ela já sofreu tanto e eu tenho que cuidar dela, não porque vejo isso como uma obrigação, mas porque eu a amo e preferia morrer a ver ela machucada outra vez. Aqui ela está segura, aqui eu posso cuidar dela.
Eu só quero que tudo dê certo.
—Você não pensa em largar o cigarro? — olhei aquele homem sério se sentando ao meu lado, ele estava tão diferente que me assustava — Um homem como você não pode carregar um vício que futuramente, é bem provável que estrague a sua vida.
—Um homem como eu?
—É, um homem como você. Um homem que vai herdar tudo o que meu avô deixou para o meu pai, que deixou para mim e que eu vou deixar para você. Tem que ter responsabilidades e ser escravo do vício pode complicar tudo.
Era sempre a mesma coisa, as poucas conversas que tínhamos sempre iam para esse lado. E na maioria das vezes não acabava bem.
—Nunca passou pela sua cabeça que talvez eu não queira essa responsabilidade? — Questionei.
Ele se esticou ao meu lado, estava de roupa social e eu até que achei a cena engraçada, nunca imaginei ele sentando na grama suja do jardim com suas roupas chiques e caras e ainda mais do meu lado.
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Só por uma noite
RomanceHot🔥 Leonardo sempre sentiu algo muito forte por Beatriz, ele a desejava, mas ela nunca percebeu as intenções do loiro de caráter duvidoso. Até o último ano, quando ela lhe oferece ajuda para estudar, mas em meio aos estudos, eles envolveram; carin...