8. Gentileza gera confusão

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Haechan não tinha muito o que fazer, estava praticamente em um cubículo branco e gelado com um colchão sujo. A ideia de fazer um grampo com algo que achasse não funcionou, as coisas não eram tão simples quanto parecia.

Estava faminto e com muita sede. O frio havia passado um pouco graças ao casaco que Blando lhe entregou, mas a aflição era algo que não o deixava.

Seu corpo todo estremeceu quando ouviu a tranca da porta ser aberta. A figura alta de Blando fora revelada, e ele carregava uma bandeja com um prato de comida e um copo com água.

– Deve estar com fome. – ele ditou enquanto entrava no lugar. – Hajoon me disse para não ser legal mas...A fome é algo que dói muito.

Ele deixou a bandeja com muito cuidado em cima do colchão ao lado de Haechan e o examinou. O rapaz de pele morena o encarava com muita atenção, suas mãos bonitas seguravam com muita força o casaco que lhe entregou. Sua boquinha, tão chamativa, estava entreaberta puxando o ar fazendo com que seu peito subisse e decesse com uma certa velocidade.

Aquele garoto era inacreditavelmente bonito.

– Coma, por favor. – apontou para a comida.

– Não. – juntou as sobrancelhas e desviou o olhar.

– Você está com fome, Haechan. – Blando caminhou até o outro lado da sala e se sentou no chão com as costas apoiada na parede branca.

– Quem disse? – ditou com um semblante sério.

No mesmo momento sua barriga roncou graças ao cheiro delicioso que vinha do alimento.

– Acho que sua barriga. – respondeu de forma risonha vendo o garoto corar.

Haechan encarou o prato de comida e depois observou Blando. O homem apontou mais uma vez para o alimento e riu baixinho.

Não tinha mais paciência para desconfianças, ele estava morrendo de fome. Sendo assim, pegou os talheres e o prato e começou a comer de forma rápida.

– Está bom? – o maior indagou. – Fui eu que fiz...

O mais jovem ergueu o olhar e encarou os olhos castanhos do homem, era a única coisa visível nele todo já que o maior ainda usava a máscara e a roupa preta.

– Por que está sendo gentil? – indagou com a boca cheia.

– Porque você é uma pessoa gentil e merece ser tratado assim. – abraçou os próprios joelhos sem desviar o olhar do menor.

Haechan riu enquanto negava com a cabeça. Aquele cara era muito cínico.

– Você acha que eu me esqueci da ordem que recebeu? Para quem você trabalha? Não tente me enganar Blando, eu não nasci ontem. Fui criado em um lugar onde você não podia nem pensar em dar uma de inocente, eu já fui moeda de troca, me usavam para lucrar! – fechou os olhos com força.

Todas as vezes em que foi simplesmente usado, quando homens que passaram por si prometiam tirar ele das mãos de Hei. Todos mentiram, todos queriam algo em troca. Não eram gentis porque Haechan merecia, eram gentis porque queriam algo de si, e eles sempre conseguiam.

– Eu não sou esse tipo de homem. – chamou-lhe atenção. – Você não precisa acreditar em mim, mas eu sei quem eu sou e não preciso provar para você. – suspirou assim que terminou.

– Então...– encarou o prato que estava quase vazio. – Você não matou elas...?

– Não. – desviou o olhar para a porta. – Mas seu irmão sim.

𝚐𝚊𝚗𝚐𝚜𝚝𝚊'𝚜 𝚙𝚊𝚛𝚊𝚍𝚒𝚜𝚎 Onde histórias criam vida. Descubra agora