Mentira Que Virou Paixão - Nova Versão!

Cᴀᴘɪᴛᴏʟᴏ Vᴇɴᴛɪᴄɪɴϙᴜᴇ

Rio de Janeiro, Barra da Tijuca - Condomínio Mansões

03 de Outubro de 2019 - 11h40

Point of view Julia

Acordar cedo pra mim é uma terapia, eu gosto de levantar quando ainda está escuro, gosto de demorar no banho, de passar um tempo me maquiando e depois ir pra cozinha e fazer o café observando o dia clarear. E ontem não foi diferente.

Levantei cedo e segui a minha rotina, e eu confesso que ultimamente estava me sentindo meio culpada, já que eu tenho passado muito tempo na casa do Giorgian.

O dia de ontem era muito importante, além de ser o primeiro jogo da semifinal da Libertadores era também aniversário do Alisson. E o gaúcho sempre foi mais do que meu melhor amigo, eu diria que ele é o irmão que a vida me deu! Organizamos então uma festa virtual pra ele, nos reunimos aqui em casa, fizemos um bolo e encomendamos alguns docinhos e salgadinhos. Depois ligamos pra ele e conversamos um tempão, até rolou parabéns. E em seguida aproveitamos pra assistir o jogo.

O tão aguardado Flamengo × Grêmio, finalmente saberíamos quem realmente joga o melhor futebol do Brasil. E como a imprensa soube conduzir essa "disputa" ao longo da semana, tivemos provocações do Renato dali, o mister bravo daqui. Mas os meninos conseguiram se concentrar direitinho e deram o seu melhor em campo.

O jogo foi 1 × 1, ou seja, a decisão vai ser em casa. E a noite que era pra ser perfeita, tirou completamente o meu sono. Logo no começo do segundo tempo em uma disputa de bola o Giorgian sentiu o joelho, mas preferiu insistir e deu o passe para o gol do Bruno Henrique. Ao fim da partida, Arrasca foi examinado e foi constatado uma lesão no ligamento colateral medial e no menisco medial do joelho esquerdo.

— Menisco é dose, quando eu era jovem lá em Nápoles... — Papai se empolga. — Queria ser jogador, imagina jogar no Roma? Era meu grande sonho! Mas aí durante um jogo no clube onde eu jogava, me lesionei e descobri que nasci com um problema no menisco. Lá se foi o sonho de ser jogador e ainda tive que operar duas vezes. — Seu Enzo lamenta.

— Isso não ajuda em nada, né Enzo? — Mamãe o belisca.

— Eu tô preocupada, porque ele ia ser reavaliado e até agora não tive nenhuma notícia. — Começo a andar de um lado pro outro.

— Desse jeito vai abrir um buraco no chão. — Papai tenta me divertir.

— Se esse buraco me levar pra Porto Alegre. — Dou os ombros.

— Fica tranquila, porque não há de ser nada. — Dona Bárbara tenta me acalmar.

— Ou uma simples cirurgia, em um mês ele já vai estar pulando, dando assistência, fazendo gol, conquistando a libertadores... — Papai diz sorrindo.

— Só que pra ganhar a libertadores a gente precisa ganhar o jogo de volta da semifinal. Ele não vai gostar nenhum pouco de ficar fora por um mês. — Suspiro preocupada.

— Você não está ajudando em nada. — Mamãe dá um tapa no braço do meu pai.

— Ei, isso doeu. — O italiano resmunga.

— Que bom, porque a intenção era essa mesma. — Dona Bárbara sorri.

Meu celular então começou a tocar e eu tratei logo de atender.

— Alô?

— Cariño, sou eu. Acabei de fazer um monte de exames e é aquilo mesmo, vou ter que operar. — O uruguaio tinha a voz muito desanimada.