Doce Deleite

3 - Grata Surpresa

Matteo Balsano.

Aquela tarde não poderia ter sido melhor para mim, principalmente porque estava voltando a andar de patins no calçadão da praia de Copacabana. Era libertador, como se eu mesmo pudesse "voar" enquanto estava sobre rodas, uma vez que a minha atenção se voltava unicamente para aquele hobby no momento em que o praticava.

Naquela mesma tarde, enquanto fechava os olhos, lembrava do perfume dela. Sim! A moça do aeroporto, a qual havia conquistado boa parte dos meus pensamentos por ser linda, suave e por ter um encantador jeito, que era explanado até na forma em que ela sorria. Já tinha visto, inclusive, sua irmã gêmea, mas ela - apesar de serem idênticas - era diferente seus trejeitos, sua forma de falar e agir fizeram meu ser ficar indiferente à primeira vista naquele aeroporto. Era "mais uma pessoa no meio de tantas". Contudo, a distraída irmã era perfeita. Meus pensamentos apenas se recordavam do momento em que a garrafa dela havia caído, mas, a pressa parecia ser tão grande que não pude sequer saber seu nome, mas, imaginava que fosse tão lindo quanto o rosto dela. E aquilo me fazia andar sem rumo, e uma sensação boa dominava o meu corpo inteiro, pois, recordar aquela cena era estar fazendo a melhor coisa desde a minha volta ao Brasil.

De repente, como se mágica fosse, de longe senti um perfume familiar. Talvez a minha imaginação estivesse bastante aguçada, mas, era o perfume dela: o mesmo aroma suave e doce que havia sentido no aeroporto, e o mais agradável às minhas narinas. Me perguntava "Como isso é possível? Devo estar maluco de vez. Nem conheço aquela moça e ela já me toma o pensamento de uma forma avassaladora...". E aquele odor ficava mais intenso, e meu nariz apenas se deleitava com mais e mais dele, como se pudesse saber o que iria acontecer. Escutei o barulho de rodas de patins por perto, e sabia que não eram as minhas. De repente, meu corpo se chocou com o de alguém, e nesse momento, caí sobre a pessoa com quem havia me esbarrado, podendo sentir ainda mais aquele cheiro maravilhoso de uma doçura inigualável. Era o dela. Meus olhos permaneceram fechados para poder aproveitar mais e mais daquele perfume, e a minha cabeça já imaginava que a dona do perfume fosse ela. Tudo isso, em frações de segundo.

Eu sabia que havia pessoas passando por ali e que não poderia ficar no chão por muito tempo. Ainda de olhos fechados, perguntei:

— Você está bem?

No momento em que abri os olhos, a reconheci. Era ela! Como isso era possível? Não sei. Parecia uma grande mentira, ou coisa de novela! Coincidência, surpresa, e muito encanto - mais que à primeira vista.

Começamos a conversar por ali e a tarde passou a cair como o vento rápido que saboreava nossa pele. O pôr-do-sol iria acontecer em minutos, e, lembrei que havia apenas almoçado cedo, o que me fez convidá-la para que pudesse comer comigo em um dos quiosques. Quando nos levantamos, segurei na mão dela para que tivesse appio, e me aproveitei. Gostaria, e muito, de sentir a pele dela. Não sei se poderia me contentar apenas com a mão dela, e por isso, tentava me aproximar a todo o custo da dominante dos meus pensamentos. Talvez, naqueles dias, fosse até a dona deles. Eu desejava isso. E, por não conter meu instinto humano de ser impulsivo, disse à ela que não havia pensado em algo mais que não fosse ela. Eu sabia que estava sendo invasivo, mas, ela retribuiu àquele meu gesto ao me confessar que também pensava em mim. Um sorriso sincero se formou em meu rosto, e logo me aproximei, deixando de lado os tabus de mal conhecer alguém e se aproximar de tal pessoa rapidamente. Ela me estendeu os braços e eu posicionei as mãos sobrea cintura dela, e rapidamente aproximei o meu rosto, fazendo com que seus lábios e os meus pudessem ser unidos por um contato intenso, em que minha língua podia ter qualquer liberdade sobre a boca dela, e a dela sobre a minha. O nosso beijo já durava alguns minutos quando foi interrompido de uma forma indesejada. Ouvi um grito por ela e, mentalmente, disse "MERDA!".