Doce Deleite

9 - Novos Caminhos

LAVÍNIA VALENTE

Luna havia falado que Matteo iria à nossa casa entre o fim da tarde e o início da noite, e já comentava que estavam se entendendo quanto ao que havia ocorrido. Era uma trouxa, pois, qualquer uma que estivesse em seu lugar faria de tudo para se manter longe do "traidor". Não poderia perder a chance de separá-los que o destino havia me dado há semanas, então, veio à minha mente a grande ideia: Simón sempre fora apaixonado pela minha irmã, então, não seria difícil aproximar os dois. Aproveitando que Luna estava no banho, entrei em seu quarto sem que ela pudesse perceber e tomei a liberdade de pegar seu celular. A senha não seria um problema, uma vez que ela havia ativado o reconhecimento facial. Por sermos gêmeas, consegui burlar aquele recurso de segurança e abri um aplicativo de mensagens de texto, deixando a seguinte mensagem para Simón:

"Fico muito feliz que você está aqui. Nesse tempo em que estivemos distantes, pude perceber que você é a pessoa a quem desejo dedicar todo o meu amor..."

Pronto! O estrago já estava feito. Quando havia cumprimentado Simón, mais cedo, notei a forma como ele olhava para Luna. Era um mirar apaixonado, e com certeza iria acabar caindo na mensagem, pois, sabia o quanto eles haviam sido importantes um para o outro, e que ele ainda era apaixonado - e muito - por ela. Sabia que jamais poderia tentar me disfarçar de "Luna" na frente dele - ideia que passou pela minha cabeça - pois, como eram melhores amigos, ele a conhecia e sabia cada detalhe dela, desde o modo de falar, até a maneira em que realizava suas expressões faciais.

Ao ver que Simón se dirigia ao quarto dela, depois de um tempo em relação ao momento do envio da mensagem, sorri. Seria o suficiente para que abalasse as estruturas de Luna, mesmo que Matteo não os pegasse, pois ela ficaria totalmente constrangida na frente dos dois. À minha análise, era mais um plano que tinha tudo para dar certo, pois, me faria ganhar tempo para conquistar, de fato, aquele italiano - que chegou exatamente no momento em que Simón estava no quarto de minha irmã. Pude escutar ele abrir a porta e vi, pela brecha que havia aberto na porta de meus aposentos de forma proposital, a expressão facial dele mudar em fração de segundos. Pela primeira vez, a minha também se mudou e tive dó quando ele chamou pelo nome dela, fechando a porta após ficar cabisbaixo. Me perguntei "É agora?", e sem responder à questão mental, fui ao encontro de Matteo, que saiu correndo dali. Para a sorte dele, meus pais não estavam no andar de baixo da casa.

- Matteo! O que houve? Eu ouvi o seu grito. - Corria atrás dele, até que ele mesmo abriu a porta e parou para me escutar. Estava chorando, e pela primeira vez, algo me doeu ao ver alguém chorar na minha frente, afinal de contas, eu estava terrivelmente apaixonada por ele.

- Sua irmã... - Chorava. Aproveitei para me aproximar e o abracei. Ele me parecia desolado, mas, aquele abraço me fez pensar que estava indo no caminho certo para prender ele de uma vez aos meus encantos, pois, era a primeira forma de me aproximar dele. - Ela... ela estava beijando aquele rapaz.

- Não... - Falei, fingindo perplexidade, como se não soubesse de nada. Eu o abraçava e o deixava chorar, enquanto o levava para um banco que havia no jardim externo da casa. Sentando ali, comecei a massagear seus cabelos e a fazer com que meus toques pudessem ser os mais suaves possíveis.

Não havia como negar: Matteo Balsano estava desolado com o que havia visto. Eu estava com tanta pena de ver o garoto que amava chorar daquela forma, que passei a realmente sentir vontade de chorar juntamente a ele. Me cortava internamente, mas, era necessário para que pudéssemos ter maiores passos juntos. Estava tudo planejado: o afago, o conforto de um ombro, depois um beijo, uma noite, um pedido de namoro e a felicidade de ter um garoto maravilhoso, lindo, sedutor e apaixonado na palma da minha mão, e sempre pronto para me dominar. Porém, aquele abraço foi desfeito quando a porta se abriu, e por ela saíram os "estragam prazeres" chamados "Luna" e "Simón". O melhor amigo de minha irmã ficou de longe, mas ela fez questão de se aproximar.