7 - Por que brigamos?

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MATTEO BALSANO

Luna acabou por desmaiar em meus braços e fiquei a chamá-la, tocando em seu rosto, enquanto aquela mulher "da vida" ainda estava no ambiente. Ela atrapalhava, e muito, o trabalho que eu tinha para tentar trazer minha namorada de volta |à consciência. Meu corpo se tremia a cada relâmpago que ainda insistia em iluminar a casa e a cada estrondoso trovão que deixava meus ouvidos quase que surdos. Era, literalmente, uma das situações mais difíceis da minha vida. Não sabia como lidar com aquela conjuntura e, por causa disso, meu jeito impulsivo estava aguçado.

- Será possível que você ainda não tenha percebido? Eu nunca, jamais e por hipótese alguma chamei você aqui. E nenhum amigo meu faria isso comigo. Eles me conhecem. - Me dirigia à prostituta, enquanto deitava Luna sobre a cama. - Saia daqui. Saia! Eu jamais iria querer trair a minha namorada.

Ouvi passos no corredor, mas, não parecia somente de uma pessoa. Eles pareciam mais intensos a cada segundo que insistia em ser desfavorável a mim. Mais que isso: cada segundo aumentava a aflição que já não me cabia somente no peito, e fazia com que as minhas pernas e braços pudessem tremer. Aquilo tudo me revirava até o estômago. E as luzes daquele corredor foram acesas rapidamente, e poucos segundos depois, os pais de Luna estavam ali.

- O que significa isso? - perguntou Miguel. Luna se acordou.

- Alguém pode me pagar? - Aquela moça realmente parecia não colaborar.

- Já falei que não tem serviço e muito menos dinheiro para você. - Respondi. Luna tentou se levantar, e quando fui ajudá-la, ela se desviou de minha presença. - É um grande mal entendido.

- Você! - disse Mônica, mãe das gêmeas, para a intrusa que estava na casa - Saia já daqui. Ou isso, ou eu chamarei a segurança.

Foi a última coisa em que consegui prestar atenção, porque, depois disso, lágrimas começaram a surgir no meu rosto. Eram lentas e me embaçavam a visão, o que me fazia não enxergar com perfeição o que estava ao meu redor. A moça, vendo que não havia saída alguma, se retirou e saiu da casa.

- Luna, eu quero explicar o que aconteceu. Eu posso explicar. - disse, tentando conter o meu tom de angústia. Queria muito que ela pudesse crer em mim.

- Explicar? - ela falou em tom de pergunta. - Como você quer explicar o que aconteceu aqui? Que você "chamou uma estranha", que você colocou ela sobre os lençóis de linho da minha casa, e em cima do seu corpo? Como você tem a coragem...

- Eu não chamei aquela maluca aqui. - interrompi.

- CALA A BOCA! - e ela foi a maior das indelicadas naquele tom. Descia do salto naquele momento rápido, recuperando seu tom de tristeza em questão de segundos. - Como você teve a coragem de me trair? Poxa, Matteo! Como é que você pode ter sido tão desleal comigo? Não tem nem três horas que você me pediu em namoro... Como? Me explica!

- Luna... - tentei falar.

- Cala a boca! - Ela me interrompeu mais uma vez. - E sai da minha casa.

Os pais dela assistiam a cena com uma angústia que parecia não ter fim. De repente, Miguel interrompeu nosso diálogo.

- Podem desabafar, podem se expressar, mas, não faltem com o respeito um com o outro. Já não basta o circo que ocorreu? - Ele olhou para mim - Melhor fechar a porta e ir dormir. Ou, pelo menos, tentar. - Estava sério. Parecia que estava com várias "pulgas atrás da orelha", e sim, estava. - Como vocês têm aula amanhã, e eu acredito que irão juntos... É melhor que conversem amanhã.

- Não. Eu... eu vou embora. - Juntei minhas coisas, já que não havia levado quase nada e até porque não estava preparado para dormir ali. - Eu prefiro ir.

Doce DeleiteOnde histórias criam vida. Descubra agora