10- A Morte

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MATTEO BALSANO

Luna, provavelmente, havia torcido a mão naquele acidente com os patins. Enquanto alguns caçoavam, nossa turma estava mais na frente dela e todos nós tentávamos ajudar de alguma forma. De qualquer modo, a confusão estava feita e provavelmente a diretora iria chegar em poucos minutos, mas, não me dava medo algum. Só queria ajudar Luna.

- Você tá bem?

Ela me respondeu com um sonoro "não", como se estivesse com raiva, mas era um misto de braveza e dor por causa de tudo o que havia acontecido. Resolvi me distanciar, mas, não consegui e a coloquei em meus braços, levando-a até a enfermaria da escola.

E, depois de alguns minutos na porta – não havia entrado para dar privacidade e para não atormentá-la ainda mais com a minha presença – ela me chamou. A enfermeira havia feito um pequeno curativo no local do arranhão e também havia constatado que não era nada demais, mas, disse que ela não deveria competir no torneio, também.

Aquilo a deixou muito triste e também me desapontou, principalmente porque era mais uma forma que teríamos para tentar uma aproximação.

De qualquer forma, me aproximei de Luna e segurei em sua mão, perguntando:

- Quer ir ao hospital? Eu te levo.

- Não. Não com você. Para isso, existem os meus pais. Mas, muito obrigada. – respondeu.

Talvez, tentar quebrar aquele orgulho todo fosse uma questão de tempo, mas aquela resposta me cortou o coração. Mais tarde, soube que ela realmente tinha ido ao hospital, mas não era nada demais. O tratamento, segundo me informaram, seria o descanso. Remédios, apenas se ela sentisse alguma dor.

LUNA VALENTE

Passei o dia a pensar na resposta que tinha dado a Matteo, mas meu coração estava tão partido, que sequer imaginava em desbloquear o contato dele para pedir desculpas. Sim, eu o tinha bloqueado e ele permaneceria daquele mesmo modo. Eu não poderia dar voz a ele, principalmente porque seria mais um motivo para retomarmos um assunto que eu desejava enterrar a sete palmos do chão. Eu jamais o trairia, mesmo que fosse com um amor do passado, que era meu melhor amigo. Saber daquela desconfiança me quebrou por dentro.

Olhando para o celular, abri meu aplicativo de mensagens e vi que Matteo não havia me bloqueado. Olhava para a foto que ele havia colocado no perfil, com uma guitarra em mãos e com o peitoral à mostra, o que me fez sentir um intenso desejo de abraça-lo, mas, meu corpo, naquele momento, ficava a sentir novos estímulos. Mas, para me desviar, desliguei o display e comecei a ver uma série qualquer, até que adormeci com a TV ligada.

Na madrugada, posteriormente, acordei com uma forte chuva e a minha cortina aberta, o que permitia a entrada dos clarões dos relâmpagos. Havia tido um pesadelo: uma mulher me perseguia, mas, não conseguia ver seu rosto enquanto corria o mais rápido possível. Quando caía ao tropeçar, ela me apunhalava, e quando eu me dava conta, estava sendo morta por mim mesma. Por incrível que pareça, acordei sentindo as dores provocadas pelo punhal, que só passaram quando meu coração desacelerou ao perceber que se tratava apenas de um pesadelo.

Na manhã seguinte, peguei a minha mochila ao me vestir e passar o meu perfume favorito. Estava decidida a mudar um pouco o visual e, por não andar tanto com os cabelos presos, fiz um rabo de cavalo. Desci com a mochila nas costas e, quando fui me sentar para comer, minha mãe me disse que eu não precisava ir ao colégio naquele dia. Conversando com ela e com Lavínia, que estava mais calada do que uma pedra, disse que não iria faltar e que desejava apenas estudar dali em diante, mesmo que isso pudesse representar uma reclusão. Todavia, seria o suficiente para começar a seguir em frente com a minha vida e com os meus sonhos, mesmo que o meu maior medo pudesse ser o de esfriar alguns deles.

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⏰ Última atualização: Jul 22, 2021 ⏰

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