6 - Grande Confusão

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Luna Valente.

Eu não poderia ter um momento mais feliz na minha vida. Simplesmente deixei de sentir o chão quando ouvi aquele pedido, fiquei com meus olhos cheios de lágrimas e com o pensamento confuso por não saber se deveria pular de alegria ou chorar de emoção. Acho que, instintivamente, acabei fazendo um pouco dos dois, pois vi que estavam rindo à nossa volta. Meu sorriso se formava de uma orelha à outra, meu peito se enchia de um ar que mais parecia querer que eu explodisse. Pela primeira vez na vida, estava eu, sendo pedida em namoro.

- Não vai me responder? - ele me perguntou, depois de alguns segundos. Parecia tão nervoso quanto eu.

Imediatamente respondi.

- É claro que aceito. - acabei o abraçando ali mesmo, e logo demos um beijo tão suave, mas que foi capaz de me retirar todo o ar que enchia o peito. Mantive o sorriso, afinal, jamais poderia retirá-lo dali. Para o meu susto, escutei um estrondo logo após um clarão que invadiu o ambiente. Em seguida, veio o barulho forte de água. Embora o meu coração estivesse aquecido, iniciava-se ali uma forte tempestade, e pelo jeito, ela duraria horas e horas.

- Acho que alguém se assustou, mas, eu estou aqui para te proteger. - Ele falou enquanto ainda estávamos abraçados, ou melhor, quando eu estava fazendo ele continuar a segurar meu corpo, talvez de uma maneira até "forçosa", mas, aconchegante para ele e segura para mim. - E eu vou estar sempre com você. Sempre.

- Eu... - Outro forte relâmpago, seguido de um trovão. A luz se apagou, e logo estávamos todos na sala, conversando à luz de velas. Nada melhor para iniciar ou oficializar um relacionamento, mesmo que tudo fosse mero acaso. Era um perfeito acaso.

E a chuva ficava cada vez mais intensa, grossa, e já nem era mais possível ver as luzes de emergência do condomínio. As janelas, então, encontravam-se embaçadas, não havia ninguém nas ruas. Era mais uma noite de chuva, mas, desta vez, seria mais difícil: começavam a chegar mensagens sobre deslizamentos e ruas inundadas, cheias de acidentes e de pessoas que se aproveitavam do suplício de outras para cometer pequenos e grandes furtos nas lojas, nos ônibus e até no meio das ruas cheias d'água. A luz, hora voltava, hora se apagava. De repente, ouvi uma palavra de minha mãe que não esperava escutar tão cedo.

- É, meu caro jovem... você vai ter que se comunicar com seus pais. Avise que está bem, e que vai dormir aqui. - disse calmamente. Sorri por causa do gesto. Era inesperado? Sim. Era, inclusive, muita intimidade em pouco tempo, apesar das circunstâncias, uma vez que seria mais natural esperar que a tempestade passasse e ele, por fim, fosse embora.

Por sorte, e por racionalizar bem, medindo prós e contras, ele aceitou o convite. Convite? Talvez fosse até uma imposição, Sei que, a partir de agora, minha mãe e meu pai fariam de tudo para que Matteo ficasse bem. E tudo isso, por minha causa.

LAVÍNIA VALENTE

Quando percebi que Matteo dormiria em minha casa, aproveitei para subir rapidamente para o meu quarto. Minha mente tinha tudo traçado e só dizia "vai". Era a minha chance de separar esse garoto, de uma vez por todas, da minha irmã.

- Não. Aquela mosca morta não o merece. Se ela não tivesse ido pegar aquela maldita bagagem no aeroporto... Se eu tivesse ido no lugar, com certeza, ele estaria comigo. - Colocava as mãos sobre os cabelos. - Mas, é agora ou nunca. O Matteo tem que ser meu, custe o que custar.

Verifiquei a carga do telefone e, prontamente, busquei por um número de uma dessas "garotas da noite". Com certeza haveria uma disponível naquele momento, embora estivesse chovendo. Assim que uma delas atendeu, disse:

- Hoje é aniversário de um primo que está hospedado na casa de uma amiga... E eu preciso que você faça o que vou te pedir: dê uma noite inesquecível a ele. E o endereço... te mando por texto. Ele mesmo vai te pagar... é... dois mil...

Doce DeleiteOnde histórias criam vida. Descubra agora