- Mas engolir o que? - Rebecca pergunta, eufórica.
- Espera - Rafael diz, voltando ao seu tamanho normal. Todos nós começamos a descer até encostarmos no chão. - Vocês não leram o pergaminho antes de vir?
- Sim, claro - eu digo.
- E o que falava?
- Que é para eu usar a espada, Rebecca usar o arco e Bianca outra espada - respondo.
- Ok. Sempre cada um tem sua função. Você matou o nosso pai com a espada, então só pode ser alguma coisa haver com Bianca ou Rebecca.
- Eu usei o arco para abrir o portal - Rebecca nos lembra.
É claro! Por que o pergaminho mandaria Bianca lutar contra um monstro enorme com apenas uma espada? Com certeza é para outra coisa, só espero que não estejamos errados, ou já era.
- E o que faremos? - Rafael pergunta.
- Se engolir é seu poder, ó círculo de fogo, então cuidado com o que comes - digo. - Temos que fazer este círculo engolir a espada.
- Como? - a pergunta vem de Bianca.
- Ele se abre praticamente de dez em dez minutos, já deve estar na hora de ser aberto mais uma vez - Rafael responde. - Vamos rápido, antes que não dê tempo.
Ele nos entrega mais uma dose do frasco amarelo e voamos juntos novamente até o topo da torre, o buraco estava girando em sentido anti-horário, mas ainda não solta faíscas.
- Quando começar um barulho, você joga a espada - Rafael diz.
- Não acha meio arriscado? - Ela pergunta.
- O que temos a perder?
Rafael sempre viveu ao extremo, nunca se importou com as consequências. Seguir seus caminhos é como uma roleta russa, ou você sai por cima ou é detonado.
Porém somente um de nós ficou quinze anos neste mesmo lugar, e foi ele. De longe, sabemos que é o único que podemos confiar no momento.
Ficamos parados em frente ao grande círculo na parede por alguns minutos até Rafael começar a falar.
- Quinze anos longe e vocês não querem saber o que aconteceu?
- Estávamos tão focados que acabamos esquecendo - eu respondo, rindo. - Nos conte. Tudo.
- Aquele dia, quando eu corri até o nosso pai e houve a explosão, ele só estava mudando de realidade, entende? Quase como se estivesse se teletransportando para um lugar que não existe. Ele já havia matado Natan, porém ainda não tinha feito nada comigo. Fiquei três meses aqui sem ele saber, somente me escondendo.
"Antes só havia essa torre, mas ainda estava bonita, hoje está horrível. Acabou que uma vez ele me encontrou, estava no corpo de uma pessoa normal. Então me fez de escravo por anos, fez eu construir minha própria casa e ainda me obrigou a dormir com o corpo do nosso irmão.
"Eu estava procurando algo para fazer quando não estivesse servindo a ele, então conheci as obras naturais, achei um livro em um quarto da torre que estava escrito várias poções. E esse foi meu trabalho até hoje. No livro tinha uma poção de ressurreição, mas não funcionava, então eu a misturei com uma poção de juventude e passo todo dia em Natan, assim consigo mantê-lo sem feder e sem atrair animais."
- Como assim ainda passa? O corpo do Natan ainda está aqui? - Bianca pergunta.
- Sim, na minha casa.
- Aquela bem longe daqui?
- Sim, lar doce lar. Enfim, voltando a minha história. Eu estava aqui e me especializei muito nas poções, o pai ficou surpreso, então me pediu para criar uma espécie de portal para ele - Rafael aponta para o círculo a nossa frente. - E ele ia para a Terra todo santo dia para um: infernizar vocês e dois: buscar comida.
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Filhos do Sol
FantasyApós anos sem se encontrarem, os filhos do Sol se sentem na obrigação de estarem juntos para enfrentar um dos piores monstros já visto.