- Será? - Rebecca pergunta, quase sussurrando.
- Não faço ideia - respondo.
- Será se a gente vai?
- Acho que sim, né? - digo. Quero derrotá-lo o mais rápido possível, mas na hora todos começam a sentir medo.
Caminhamos uns duzentos metros até chegarmos na porta da torre. É surreal a mudança de clima entre o deserto e a minha cidade, eu poderia ter colocado alguma garrafa de água na minha mochila, mas não pensei que estaríamos logo aqui.
Um barulho de gritos surge do alto da torre e desperta nossos ouvidos, entramos com cautela, esperando que nosso pai apareça ou algo assim.
A entrada é como em um castelo, o típico tapete vermelho abaixo de um espelho gigante e escadas gigantescas que levam ao final da torre. Quando subo dois degraus, Bianca me puxa para trás.
- Armadilhas, cuidado.
- Ninguém deve vir nesse lugar há séculos, Bianca.
- Mesmo assim, cuidado.
Retornamos a subir as escadas, eu na frete, Bianca no meio e Rebecca ao fim da fila.
Pelas minhas contas, esta torre deve haver uns dez andares, e já ficamos cansados no terceiro.
Quando percebemos um salão grande com algumas camas, o que deveria ser onde alguém dormira antigamente, entramos e nos sentamos para descansar as pernas.
- Eu fico pensando se algum de nós irá morre hoje - Rebecca diz. Eu e Bianca franzimos a testa.
- Por que está pensando nisso?
- Se eu morrer, como ficam meus filhos? E o meu marido?
- Você não irá morrer, Rebecca.
- Possibilidades, Júnior - ela retruca. - Eu já tinha uma família completa, se eu morrer como eles se sustentarão sem mim? É a minha empresa que nos dá dinheiro.
- Eu a assumo, ajudo na criação dos seus filos, faço qualquer coisa.
Um barulho de grito, o mesmo escutado anteriormente, ecoa pela torre. Rebecca se levanta e coloca o arco em sua mão esquerda, puxa uma flecha e a prepara.
- Não é tão simples, Júnior. Agora vamos.
Ela sobe os degraus de dois em dois. Eu e Bianca não entendemos o que houve, mas já conhecemos Rebecca, então não ficamos preocupados.
Quando chegamos ao topo da torre, encontramos quatro pessoas presas, cada uma em uma jaula diferente, como animais. Elas clamavam por socorro e estavam fracas.
- Nos ajude - uma mulher grita, chegando aos ferros que a prendia. - Ele está nos devorando, por favor, nos ajude.
Quando me viro, vejo quatro coisas surpreendentes: O círculo preto que engolia as pessoas está sendo como um portal para trazer as pessoas que são sugadas para este local, o velho que vimos desaparecer estava caído, morto, com suas vestes sujas e rasgadas, o meu pai, em sua forma original, maior que antes, fazendo das pessoas sua refeição diária e Paula, nas mãos de meu pai, indo em direção a sua boca. Ele está prestes a engolir Paula, e eu não posso deixar que isso aconteça.
Corro até a ponta da torre e levanto a espada flamejante de duas lâminas. Ela faz um estrondo alto de trovão e eu a aponto para o deus do Sol, fazendo-o entrar em um choque e caindo ao chão. Ele solta Paula, mas a altura é grande demais para ela sobreviver.
- Não se preocupe, irmão. Eu a pego - escuto alguém gritando. Olho para Rebecca e Bianca, mas elas estão preocupadas em soltar as vítimas. Impossível ser elas, de qualquer jeito, já que a voz que ouvi foi masculina.
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Filhos do Sol
FantastikApós anos sem se encontrarem, os filhos do Sol se sentem na obrigação de estarem juntos para enfrentar um dos piores monstros já visto.