A noite era fresca e desfrutar de um espumante gelado era a melhor opção. Havia afastado-se das bebidas fortes, por longos meses achou conforto no álcool, porém a embriaguez não lhe trazia conforto nem paz, o esquecimento momentâneo não resolveria nenhum de seus problemas e encarar a realidade de frente foi a única saída. Nariz empinado e queixo erguido, a mulher seguiu em frente.
A bela luz do luar iluminava palidamente o quintal traseiro, as rosas num tom vermelho-escuro, o gramado gelado sob seus pés, a brisa do vento que lhe adornava face e braços, cabelos esvoaçando, sozinha com a taça entre os dedos.
Pensava no beijo. Oh, como pensava naquele beijo...
Temeu fitá-lo nos olhos depois daquele dia, pois não seria a mesma coisa, dele já teria provado, seu gosto e aspereza. O toque forte das mãos grandes, o cheiro e carinho. Senti-lo foi um alívio, mas vê-lo partir doeu.
O queria de todas maneiras possíveis e agora era irreversível, apaixonara-se pelo Padre. Seu coração dolorido ansiava pelo amor dele, uma mera afeição, um sorriso que fosse, já era o bastante para acalmá-la e esse sentimento a assustava, amedrontava, pois sabia que se o envolvimento acontecesse seria desastrosamente maravilhoso.
Sonhou com John Constantine na noite passada e ele fazia amor com ela de maneira suave, sob a lua, como agora. Sem amarras ou medos ele a possuía, mas não era real e isso a matava cada dia mais.
Apenas o queria consigo. Apenas isso.
Entre o gramado viu uma pequena sombra negra que aos poucos tomou forma. O bichano desfilou calmamente até sua direção.
– Alejandro? É você?
O gato inteiramente preto miou solenemente como se não houvesse sumido por dias a fio. E ronronando enroscou-se entre suas pernas de maneira pidona.
Carmen abaixou-se para acariciá-lo os pelos.
– Dios mio, Alejandro. Não suma desta maneira novamente.
O bichano miou novamente, o rabo em pé, esfregava a cabeça contra a mão da dona. O gato era uma das poucas companhias de Carmen e tê-lo de volta era um alívio, o animal perambulava pelos arredores, mas nunca havia passado tanto tempo fora.
A mulher deu uma última olhada para a lua e seus pensamentos voaram para John Constantine e seu beijo enfeitiçador. Não haveria volta agora que provou do fruto proibido, não era mais desejo e sim necessidade, paixão alastradora.
O Padre observava a mesma lua da janela de seu quarto, com o rosário em mãos rezava mudamente, pedia acalento para seu coração em chamas, clamava por alívio, mas ninguém parecia disposto a atendê-lo neste pedido, sentia que arderia em chamas sozinho.
Suspirava ao lembrar do beijo, qual não saía de sua mente um segundo sequer. Nos dois primeiros dias arrependeu-se, prostrou-se diante do altar e de joelhos pediu perdão, era um homem correto e tais desejos nunca haviam o abatido antes de Carmen. Algumas mulheres o assediaram porém nenhuma tinha o poder daquela espanhola de olhos verdes e lábios carnudos. Era a aura dela, tudo parecia convidativo, como se fosse perfeita para John, do jeito que ele desejava mas não sabia, até o momento que nela colocou os olhos.
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O Padre e a Viúva | Keanu Reeves
RomanceJohn Constantine é um padre que serve a igreja de maneira dedicada e correta, mas sente o medo da corrupção, pela primeira vez, ao ter de frente para si a viúva de um mafioso italiano, Carmen Salvatore, a mulher mais misteriosa que já conhecera. O P...