John Constantine é um padre que serve a igreja de maneira dedicada e correta, mas sente o medo da corrupção, pela primeira vez, ao ter de frente para si a viúva de um mafioso italiano, Carmen Salvatore, a mulher mais misteriosa que já conhecera.
O P...
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– Isso é tão...
– Vulgar?
Milena riu meneando a cabeça com veemência.
– Não! Não diria vulgar, apenas um pouco... indecente... pra mim.
A noviça segurava um vestido vermelho nada puritano para seus parâmetros, sentia a maciez do tecido, nada parecia com suas saias e blusas ásperas, muitas vezes grossas, pois o principal intuito era esconder as curvas femininas.
Carmen aproximou-se da jovem e a levou para o espelho, colocou o vestido na frente da moça para que observasse seu reflexo.
– Não há nada de indecente aqui. Não tem decote e o comprimento é nos joelhos. Olhe, combina com a cor de sua pele – proferiu a mulher de modo feliz.
– Nunca me permitiriam usar isso.
– Quem não permitiria?
– A Madre Superiora, a igreja, as pessoas...
Milena virou-se para fitar Carmen.
– Ninguém tem de dizer o que você pode ou não vestir, querida Milena.
– Sou uma noviça, Carmen. Tenho regras a seguir – dito isso ela se afastou sentando-se na beirada da cama do amplo quarto da viúva
– Escolhi esta vida e em breve farei meus votos e me tornarei definitivamente uma freira.
A viúva suspirou e foi sentar-se ao lado da bela jovem. Tomou as mãos dela nas suas e encarou-a nos belos olhos castanhos.
– Eu sei, sei que foi o que escolheu, não estou indo contra sua fé nem ideais, espero que entenda isso. Mas também sei que foi apenas isto que conheceu a vida inteira... Não posso julgá-la.
– Eu entendi, Carmen. Devo admitir que... Bom, às vezes me pergunto se é isso mesmo que quero ou se há algo a mais. Se é uma verdade absoluta, entende? A Madre Superiora me disse que é pecado questionar a existência de Deus, a penitência pode ser severa.
Ela sentiu um aperto no coração ao ver a angústia estampada no rosto da jovem. Milena carregava uma grande carga emocional, sua história de vida era parecida com a sua, perdeu os pais cedo porém, infelizmente, nasceu num berço desabastado e a única coisa que conheceu nessa vida foi a Igreja, a religião. O único conforto que encontrou foi este e Carmen jamais a julgaria, mas sentia-se no dever de mostrá-la que o mundo era muito mais que isso, sentia que devia cuidá-la. Amava Milena, era isto. Como uma irmã e até mesmo como uma filha.
– Não acho que Deus seja esse carrasco de que todos falam – proferiu a viúva – Creio que Ele entenda nossa fragilidade e decaídas. Deus é amor e também justiça... Eu gosto de pensar que ele é mais amor.
A noviça sorriu minimamente e apoiou a cabeça no ombro de Carmen. Adorava quando ela falava, soava tão sábia e certa do que dizia, era como se nada pudesse derrubar as palavras dela.
