John Constantine é um padre que serve a igreja de maneira dedicada e correta, mas sente o medo da corrupção, pela primeira vez, ao ter de frente para si a viúva de um mafioso italiano, Carmen Salvatore, a mulher mais misteriosa que já conhecera.
O P...
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– Carmen, alguém veio lhe procurar quando esteve fora.
A mulher franziu o cenho em questionamento.
– E quem seria? – indagou cortando as laranjas ao meio para fazer seu suco.
– O Padre, digo, John Constantine.
Carmen parou o que fazia e ficou a observar a faca afiada em uma das mãos e o suco que se derramava pelo mármore da pia. Ainda estática levantou o rosto para fitar uma calma Rita, a senhorinha bem sabia o que havia acontecido, bom, não em detalhes, porém não era uma tola e sabia ler bem as entrelinhas da viúva.
– E... E o que ele queria? – perguntou tentando soar normal, voltando a fazer seu suco.
Tentava disfarçar e acalmar o palpitar de seu coração. Só de ouvir o nome dele todo seu corpo correspondia de maneira louca, o simples saber de que ele esteve ali, atrás dela, a colocava em alerta e punha esperanças.
– Primeiramente parecia calmo, procurava por você, mas quando eu disse que não estava, pareceu não acreditar. Queria realmente falar com você.
– Apenas isso? Nenhum recado?
– Só disse para que te avisasse de sua vinda e que fosse vê-lo assim que possível.
Carmen trincou o maxilar e cortou a última laranja com raiva, fincou a faca como se ali fosse a garganta de John Constantine. Atrevido! Queria que fosse atrás dele? Depois do que lhe fez? Um tanto audacioso, não? Pois não iria atrás dele coisa nenhuma. Ele a magoou e não foi pouco, então seria bom que ele se arrastasse no chão um pouco e provasse do veneno da mulher orgulhosa que ele se envolveu.
– Obrigada por me informar, Rita.
– Há algo em que posso ajudá-la?
– Não, obrigada.
– Está realmente bem, Carmen?
Ela suspirou antes de responder:
– Ótima! Não poderia estar melhor – e forçou um sorriso.
John tentava entrar em contato com Carmen, mas ela havia desaparecido, evaporado, nunca mais apareceu e isso o matou por dentro. Num ato de coragem foi até a residência Salvatore em plena luz do dia, era estranho estar lá no meio da tarde quando seus encontros sempre ocorriam nas madrugadas.
Mas para seu infortúnio Carmen não estava e por um segundo temeu que ela tivesse partido. Rita o informou que havia ido a cidade vizinha para resolver alguns problemas sobre o vinhedo e que no final do dia retornaria. O Padre agradeceu e triste partiu.
Precisava falar com ela o mais rápido possível, tinha de avisá-la sobre Leonel e sua ameaça. John temia pelo que o mafioso pudesse fazer a Carmen e se algo a acontecesse ele nunca se perdoaria.
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Carmen estava na sacada da sala de jantar do andar de cima, encarava um ponto vermelho através da estrada de terra. Semicerrou os olhos intrigada, parecia que alguém aproximava-se com calma sob o sol e encostando-se no parapeito percebeu que trazia consigo uma mala mediana, talvez pesasse um pouco porque parecia pender o corpo para o lado oposto numa tentativa de equilibrar-se.
