Capítulo X: Carência

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Alguns dias se passaram, e as coisas continuavam mais do mesmo: Hange tentava se conectar com Erwin, e por mais que tentasse de verdade, não conseguia obter sucesso com aquilo. E além de tudo, Levi ainda a evitava ao máximo, desviando sempre que podia de estar no mesmo ambiente com ela, e quando isso não era possível, evitava de ficar sozinho com a alfa.

Não era o que a princesa queria. Entendia a situação, e sabia que ele não estava errado em manter o afastamento, mas ela se sentia tão bem perto dele, tão liberta, como se com ele não precisasse usar máscaras, sentia que podia ser ela mesma. Sentia falta da companhia dele, do quanto ele sempre ficava sem jeito perto dela por ser meio tímido, e ela adorava o deixar sem jeito porque amava o ver com as bochechas rosadas.

As pequenas coisas. As pequenas coisas com ele eram o que fazia que aquilo tudo fosse tão difícil de esquecer.

Em mais uma de suas noites com insônia, ela caminhou pelos jardins novamente, e lembrou da primeira vez em que conversou com o ômega de cabelos negros. Lembrou de como interagiram tão bem apesar de ele parecer um pouco mais contido, provavelmente por educação, em como ele fora tão educado, e como o cheiro dele era gostoso sentindo-o tão de perto.

O cheiro dele...

O cheiro dele!

A Alfa sentiu o cheiro do Levi muito mais forte, e antes que desse conta, estava correndo em direção ao ponto onde ele parecia estar. A cada passo que dava sentia-o ainda mais forte, muitas vezes a princesa balançava a cabeça tentando controlar-se, controlar a sua loba, sabia que isso poderia ser perigoso pra ele se não se controlasse.

Correu alguns poucos minutos até chegar na beira de um pequeno riacho que havia nos limites do castelo, e viu Levi sentado à beira dele, jogando pedras na água. Ele parecia triste e desatento, mas percebeu a chegada dela. Assim que a viu, arregalou os olhos para ela.

- O que está fazendo aqui? – ele perguntou, ríspido, e a voz um pouco trêmula. Tinha saído do castelo justamente para que ela não chegasse perto dele, mas mesmo assim, não foi longe o suficiente.

- Pra falar a verdade nem eu sei, parece que eu corri inconsciente e recobrei minha consciência agora. – Ela parou um pouco, e continuaram se olhando. Momentos depois, ela perguntou: - Você está bem?

- Estou. Quero ficar sozinho.

- Tem certeza?

- Tenho certeza que não quero ficar perto de você. – Rebateu, e voltou sua atenção ao riacho.

Fazia um pouco de sentido. Ômegas no cio poderiam estar em perigo, muitas vezes os alfas não se controlam e podem até estuprar um ômega, inclusive já tinha ouvido casos como esse no seu reino, mas se sentiu um pouco ofendida em pensar que Levi realmente acreditasse que ela o forçaria a algo do tipo.

Simplesmente ignorou a maneira rude que o menor falou com ela e se aproximou dele, sentando-se ao seu lado. Ela admitia, realmente era difícil ficar perto dele sem atacá-lo, mas ela nunca poderia fazer algo assim com ele.

Ela só queria ajudá-lo, de alguma forma.

- Você não toma remédios? Sabe, pra diminuir os efeitos do cio... – ela perguntou calmamente, depois de um tempo sentada ao lado dele.

- Sim, mas trouxe menos do que achei que precisaria.

- Se você quiser, eu posso te fazer um chá pra ajudar...

- Vocês dois se beijaram? Você e Erwin? - perguntou, quase que inconscientemente.

Só de lembrar como Erwin contou aquilo para ele com um sorriso vitorioso no rosto o deixava pior do que já estava. Morria de ciúmes, mas o que poderia fazer?

Duty Against Desire - Hange x Levi - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora