Capítulo III: Espadas e arco e flecha

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Hange acordou cedo, como de costume, e tomou café da manhã junto de seu pai, sua irmã, e seus três convidados. Foi tudo muito tranquilo, mas ela não conseguia parar de olhar para o rapaz de cabelos negros, sentado ao lado do seu prometido. Tentava disfarçar todas as vezes, e provavelmente conseguiu, pois ninguém parecia perceber nada disso, nem mesmo o próprio rapaz. Depois do café, Hange tinha aula de arco e flecha, do qual ela não se demorou muito a ir.

No meio de sua aula, percebeu que alguém a observava, e era Erwin. Ela não se intimidou, muito pelo contrário, fez questão de mostrar o quanto era habilidosa e superior naquilo, mostrar pro ômega de cabelos dourados a predadora alfa que vivia dentro de si. Após terminar sua aula, Erwin caminhou até ela, com um sorriso.

- Vossa alteza é realmente muito boa nisso. Meus parabéns.

- Obrigada. A prática leva a perfeição. Quais seus planos para hoje, príncipe Erwin? – A acastanhada perguntou, caminhando de volta para o castelo, e Erwin a seguiu.

- Na verdade, eu estava esperando que você dissesse isso.

Hange parou e olhou para o loiro.

- Eu? Por que eu?

Ele sorriu acolhedoramente para ela. Aparentemente, aquele homem era todo sorriso, ao menos quando se tratava da sua prometida.

- Eu ficaria feliz se pudéssemos passar algum tempo juntos, princesa. Para nos adaptarmos. Então, se quiser fazer algo agora ou mais tarde na minha presença, eu ficaria muito feliz.

Hange fitou o ômega loiro por mais alguns instantes, analisando o que ele havia dito. Sim, isso era o mais indicado, e era por isso que ele ficaria ali pelos próximos dois meses, para que os dois pudessem ter a oportunidade de se aproximarem e se conhecerem melhor, algo muito mais adequado do que um casamento completamente às cegas. Hange sabia que teria que ceder, pelo bem do reino. E não custava nada tentar se dar bem com ele, já que ele inevitavelmente seria seu marido.

- Bom, podemos dar um passeio de carruagem à tarde, o clima frio está ótimo para isso. Mas apenas mais tarde, agora eu tenho um pequeno compromisso. Encontro você no jardim principal as quinze horas.

- Perfeito. Até lá, princesa. – Disse, fazendo reverência, dando mais um sorriso caloroso para Hange, e depois indo embora.

Hange ficou observando-o se afastar, e depois continuou seu caminho até seu quarto, afim de se aprontar para se encontrar com Levi. Assim que dobrou no corredor de seus aposentos viu Levi, que estava escorado na parede perto de sua porta, e ela abriu um sorriso assim que seus olhos viram o ômega de cabelos negros. Ele estava vestido com uma camisa de mangas longas um pouco frouxas, com um laço feito com os cordões da mesma na altura do peitoral, deixando-o um pouco exposto, uma calça marrom e botas pretas.

- Bom dia, Levi! – falou, entusiasmada.

Os orbes cinzentos encontraram a princesa, e ele desencostou da parede assim que ela chegou próximo dele, e antes que ele fosse reverenciá-la, ela o interrompeu.

- O que eu disse sobre formalidades, Levi?

- "Deixe-os para ocasiões formais." – disse, repetindo o que a princesa havia lhe falado enquanto caminhavam juntos.

- Exatamente. Você tem boa memória, isso é bom.

- Obrigado, Alt... Hange. Obrigado, Hange.

Ela sorriu e começou a caminhar novamente, agora na companhia do intrigante Levi, em direção à forja.

- Que espada você me indicaria, Levi? Você é o ferreiro, eu sou leiga acerca desses assuntos.

- Bom, eu indicaria uma alfange. Apesar de ser uma espada de apenas um gume e levemente curva, acredito que combina bem com você.

- Hum... eu acho que seria bom, também. Já treinei com algumas, gostei. Então está decidido, você vai forjar um alfanje pra mim. Mas já avisei e vou repetir, quero a minha exclusiva, como nenhuma igual em qualquer parte do mundo!

- Você tem alguma ideia em mente? – perguntou o jovem de cabelos negros.

- Na verdade não, vou deixar isso com você, quero ter uma surpresa. Acha que vai ficar pronta antes... do casamento?

- Sim, com certeza vai, é tempo de sobra.

Assim que chegaram na forja, Hange apresentou Levi ao ferreiro responsável, e o orientou a mostrar tudo a Levi, dizendo que ele se encarregaria de fazer uma espada nova para ela. Depois, se despediu do moreno e voltou ao castelo sozinha, eufórica e ansiosa para receber o presente de Levi.

Assim que chegou em seu quarto, Nanaba estava lá, arrumando seus vestidos no seu guarda-roupa. Ela não tinha conversado com ninguém sobre o que ocorreu na festa, mas sabia que podia confiar na melhor amiga.

...

- Nanaba, eu queria te contar uma coisa. – Disse, enquanto a loira estava no banheiro junto dela, esfregando suas costas. – Mas você tem que me prometer que não vai falar disso pra ninguém. Pra ninguém mesmo.

- Hange, assim você me assusta! É algo grave?

- Não... provavelmente nem é nada de mais, é só algo que aconteceu na festa, que não consigo tirar da cabeça...

- Então me fala logo, que eu estou curiosa! É sobre o príncipe Erwin?

- Bom, na verdade é sobre o meio-irmão dele. – Hange deu uma breve pausa, lembrando do ocorrido para conseguir assimilar todos os detalhes. – Assim que ele chegou perto o suficiente e eu o vi direito, aconteceu alguma coisa comigo.

- Como assim, Hange?

- Eu não sei explicar... por um momento eu tive um sentimento forte dentro de mim, e o cheiro dele... nunca senti um cheiro de um ômega tão gostoso em toda minha vida... Eu vi os olhos dele mudando de cor rapidamente... Eu vi os olhos do lobo dele, olhos roxos, tão lindos... E isso, não sei, atacou a minha loba, e minhas presas saíram instintivamente, como se... – Hange engoliu em seco, antes de concluir. – Ela quisesse marcá-lo.

O silêncio pairou naquele ambiente por um instante. Depois, Hange virou para a amiga, enquanto perguntava:

- Você sabe o que isso significa?

Hange ficou confusa vendo a expressão de extrema surpresa no rosto da loira, que estava paralisada com os olhos arregalados, olhando de volta pra ela.

- Nanaba?

- Saia de perto dele. –Disse, e Hange nunca a tinha visto tão séria em toda sua vida quanto ela estava naquele momento. – Fique o mais longe dele que puder, ou nosso reino não terá salvação.

Duty Against Desire - Hange x Levi - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora