Capítulo XIX: Chá

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Hange agradeceu mentalmente por Erwin ter simplesmente chegado no quarto, lido um livro e dormido. Ele estava estranhamente feliz e satisfeito, mas ela não se atreveu a perguntar por quê.

Sua cama continuava sendo o chão frio, nunca se deitaria com ele a não ser que fosse forçada. O ódio e o nojo que sentia por ele eram palpáveis, e por mais que soubesse que tinha poderes de vantagem contra ele, não se atrevia de usá-los. Tinha medo do que Erwin poderia fazer depois que o efeito do seu encanto de alfa acabasse, e ela não queria nem pensar nas consequências negativas.

Queria ser forte, como deveria ser, como sempre foi. Fechava os olhos, repetia e repetia em sua cabeça todos os motivos por ela ter aceitado o casamento e ter aceitado mantê-lo depois de saber a real pessoa que era o seu marido. Todas as pessoas no reino, sua família, o legado ancestral, tudo aquilo não poderia ser perdido por culpa dela. Nunca se perdoaria vendo seu reino e seu povo deteriorando por que não conseguiu ser forte o suficiente para aguentar até que não precisasse mais de Erwin ali, a torturando de todas as formas possíveis.

Com Levi por perto, ela poderia aguentar, pensou ela. Talvez se estivesse passando por tudo isso completamente sozinha, não conseguiria. Mesmo sabendo que ele não poderia estar devidamente com ela, e que sofria vendo-a passar por tudo aquilo, ela agradecia por tê-lo ao seu lado, por ter seus carinhos, quando seu marido apenas a maltratava.

Aproveitou a madrugada e foi até o quarto do ômega de cabelos negros, mas não o encontrou lá. Dirigiu-se então até o jardim, feliz por conseguir encontra-lo lá, sentado em um dos bancos. Se aproximou devagar a fim de não o assustar, e o chamou.

- Levi?

Assim que ele fitou a morena, sentiu a angústia que guardava desde mais cedo com Erwin muito mais forte, palpável. Ela estava com seu pijama que cobria todas as suas marcas, e por ela estar ali, e aparentemente bem, agradeceu por Erwin ter apenas blefado sobre fazer algo com ela. Ele não fez nada, ao menos não naquela noite.

Será que estaria blefando também sobre o acordo? Essa dúvida pairava sobre a cabeça dele, e queria tirá-la o mais rápido possível, aquele sentimento de culpa o estava corroendo.

- Hange, o que você fez para que eu ficasse aqui?

A princesa engoliu em seco, e o menor entendeu. Logo adotou um semblante derrotado, cansado, desolado, e a princesa ficou apreensiva.

- Levi, aconteceu alguma coisa?

- Foi por isso que deixou que ele fizesse tudo o que fez com você? Pra que eu ficasse? Por que não me contou?

Ele se levantou do banco para sair dali, não conseguia encarar Hange sabendo que o que Erwin dissera sobre isso era verdade, mas ela o interrompeu, segurando seu braço, e depois sentou no banco, cabisbaixa.

- Eu ia te contar, mas não queria que ficasse triste.

- Como eu não... – percebeu que estava quase gritando no jardim, e olhou ao redor para ver se não havia ninguém por perto. Não viu ninguém, mas baixou o tom de voz para que só a princesa o escutasse. – como eu não vou ficar triste? Isso tudo é culpa minha. Eu... eu não posso ficar, não sabendo que você vai passar pelo que passou de novo e de novo por causa de mim.

A princesa arregalou os olhos para o menor, em súplica.

- Não! Levi, por favor, não vá. Não me deixe, não me deixe sozinha com ele, por favor... não vou conseguir se eu não tiver você ao meu lado...

"Ela sempre tirará esperanças de você. Esperança de que você sempre estará lá para ela, e ela verá você como um porto seguro, como algo para se agarrar e não perder a fé."

Duty Against Desire - Hange x Levi - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora