Capítulo XVIII: Entre irmãos

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Quando Levi acordou, Hange já não estava mais deitada ao seu lado. Era óbvio, os dois não poderiam arriscar serem vistos por ninguém. Lembrou da visão da amada na noite anterior, e seu peito doía com aquilo. Se sentia impotente, inútil, sabia que estava de mãos atadas, e percebeu o quanto seu meio irmão era perverso, mais do que ele jamais demonstrou. Já tinha ouvido histórias em seu reino dele ter batido em meretrizes, mas acreditava que eram apenas boatos. Agora, tinha certeza de que era tudo verdade.

Quando mais novos, Erwin sempre olhava torto para ele, e sempre que estavam longe do rei, Erwin o tratava mal, e sempre o chamava de bastardo, imundo, e outros adjetivos negativos, enquanto Levi mal entendia por que seu irmão não gostava dele. Á medida que foram crescendo, Erwin não mais um insultava, e apesar de não serem tão unidos, Erwin não mais intrigava com Levi, o que o deixava aliviado. Mas agora, parece que o loiro despertou o demônio que viva escondido dentro de si.

Hange estava sendo obrigada a passar por tudo aquilo para poder manter seu reino, e ele sabia disso. Sabia que ela não tinha escolha, aceitou tudo aquilo para que tudo o que ela preza e ama não ruísse, mas aquilo era um preço alto demais a se pagar, pensou ele.

Decidiu não descer para tomar café com os outros, não queria participar daquele teatro, não queria ver sua princesa forçando um sorriso de felicidade e encanto pelo homem que a maltrata, sabendo que ela chorara até cair no sono na noite anterior por culpa dele.

Não era ele quem passava pelas torturas de Erwin, mas ver sua amada do estado em que estava o fez sim, sentir dor. Vê-la daquela maneira doía profundamente, ver seu rosto afogado em dor e sofrimento o matava por dentro. Ela, que sempre demonstrava alegria, força, determinação, e sorria tão lindamente e até mais radiante do que o próprio sol, para ele, agora não mais sorria. Parecia que Erwin tinha arrancado a felicidade da vida da princesa em uma única noite.

Nunca achou que amar alguém seria tão doloroso.

Queria falar com ela, saber como estava, apesar de saber que ela estava mal. Confiava na força da alfa, sabia que era forte, mas tinha medo que esse tipo de coisa, ela não suportasse. Só de pensar nisso, o moreno ficava ainda mais louco, mataria Erwin com as próprias mãos se perdesse Hange por culpa dele. Já queria matá-lo, na verdade, e faria isso se pudesse, mas sabia que isso não solucionaria o problema como um todo, talvez piorasse tudo.

Estava voltando da floresta ao norte da forja quando viu Erwin nos jardins. Seu sangue subiu, o ódio quase tomando conta de si, mas fez até o impossível para se controlar. Iria ignorá-lo, simplesmente fingiria que não o viu, dialogar com ele era quase certo de pular no pescoço do loiro, mas para a infelicidade de Levi, Erwin o viu.

- Levi! – Chamou, com entusiasmo. Levi novamente virou e o observou, e o viu caminhar com um sorriso no rosto. O ódio pelo loiro só aumentava.

- O que você quer, Erwin? – vociferou, o ódio claramente palpável em sua frase.

- Ei ei, calma, não quero conflitos com meu irmão! Vamos caminhar um pouco, sim?

- Não quero.

- Ah, eu acredito que seja do seu interesse. É sobre a princesa.

Erwin começou a caminhar na direção de onde o moreno vinha, e Levi se sentiu na obrigação de segui-lo, queria saber o que ele tinha pra falar sobre Hange.

Levi olhava pro loiro a sua frente, e só pensava em maneiras diferentes das quais pudesse matá-lo. Não entendia como poderia amar alguém como amava a princesa, o que sentia por ela era grande, forte demais, chegava a doer e a sufocá-lo, mas entendia bem por que odiava o homem a sua frente, o quanto queria que ele tivesse uma morte lenta e dolorosa, o quanto queria ver a vida escapando pelos malditos olhos azuis dele, e o quanto sorriria vendo-o agonizar.

Duty Against Desire - Hange x Levi - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora