C.4

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Harry pov

– Parece cansando. – Era a primeira vez na semana que conseguia ver minha mãe. Ela estava sempre na prefeitura e eu raramente estava em casa quando ela vinha.

– Eu estava no cio, mãe. Mal consegui dormir com dor. – Expliquei.

– Sério? Quando entrou no cio? – Ela servia torradas integrais para mim.

– Faz quatro dias. Já não estou mais. – Respondi. – Sabe, eu queria ver meu pai.

Pude ver minha mãe revirar os olhos em todas as direções possíveis. Ela odiava quando eu mostrava qualquer afeto ou necessidade do meu pai.

Como se apenas sua presença suprisse a falta que ele faz.

– Já não vê ele na escola? – Mostrou indiferença. Mas eu sabia que estava a deixando mal tocando nesse assunto.

– Eu vou para escola estudar, não tenho tempo de conversar e matar a saudade do meu pai. – Isso é triste. Uma realidade amarga da qual sou obrigado a viver. – Bom dia, tia.

Cumprimentei Tia Petty quando a vi entrar.

– Tchau, Harry. – Minha mãe colocou uma marmita em sua bolsa e saiu desviando de nossa conversa.

– Eu não terminei de falar... – ouvi a porta bater.

Suspirei frustrado.

Era horrível ver ela fugindo de mim, como se eu fosse algo que a amedrontasse. Já cheguei a pensar que ela só passa tanto tempo na prefeitura porque não quer ter que conversar sobre isso.

Mas sinto falta dele, e sei que ela também sente, mas ao contrário dela, eu admito que preciso dele.

– Sabe que ela não gosta de falar sobre seu pai. – Minha tia se servia com torradas.

– Mas ele é meu pai... – A porta dos fundos se abriu e pude ver Druella e Malfoy entrando. A senhorinha puxava o neto pela orelha dando algumas tapas nele.

– Bom dia, Drue. – Minha tia olhou espantada para a mulher.

– Petty querida, se não for pedir muito, poderia emprestar seu carro para que essa aberração vá para escola? Ele não acordou e os primos o deixaram para trás. – Ela largou a orelha do loiro que estava absurdamente vermelha.

– Por que ele não vai de ônibus? – Questionei. Logo olhei para o relógio na parede vendo que já eram quase 8h. – Merda! Meu celular está atrasado.

Dei uma última mordia na minha torrada e corri para as escadas. Eu precisava pegar minha bolsa, ao menos tenho tempo de olhar os horários para saber quais as matérias de hoje. Voltei para sala vendo o loiro e minha tia sentados conversando.

– O que ele ainda faz aqui? – Berrei.

– Te esperando. O ônibus já passou, Harry. – Minha tia falou calmamente. – Como Draco vai no meu carro ele pode te levar.

– O quê? – Falei quase sem voz.

– Vamos logo, moreninho. – Brincou com as chaves indo até à garagem. Ele tirou o carro e esperou que eu saísse do transe. Assim que entrei no carro, ele pisou fundo, esquecendo que não era só a vida dele que estava em risco nessa merda.

Quando pensei que havia finalmente chegado, me deparo com a lanchonete da minha tia.

– Que eu saiba aqui não é o colégio. – Avisei.

– Se não tivesse me dito isso eu iria passar todo meu ano letivo vindo aqui acreditando ser a escola. – Ironizou. Ele saiu do carro esperando que eu fizesse o mesmo.

Esse garoto me pertenceOnde histórias criam vida. Descubra agora