Com amor, papai.

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Capítulo 1 – Com amor, papai

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Capítulo 1 – Com amor, papai.


Havia uma tradição na família Awada que era muito levada a sério: A passagem das receitas milenares da família para a nova geração que completasse 15 anos de vida. Não importava se fosse homem ou mulher, todos recebiam as receitas secretas, aprendiam como cozinhar os deliciosos pastéis e as esfihas que eram muito vendidas na pastelaria e esfiharia Awada.

Não foi diferente que o meu pai fez. Quando eu completei 15 anos ele me ensinou as primeiras receitas que aprendi com agrado. Ainda lembro com um sorriso no rosto quando juntei os primeiros ingredientes, quando sovei a primeira massa e como meu pai sorria enquanto com o dedo sujo de farinha tocava e sujava todo o meu nariz.

Foi assim que eu fui criando gosto pela culinária. Com uma inspiração como papai, não havia outra coisa que eu quisesse fazer com tanto afinco além de mostrar meu amor e minha paixão através da comida. Era sempre como papai fazia e foi como eu passei a fazer conforme os anos passavam e eu ainda não entrava na faculdade de gastronomia.

― Muito bem, minha flor, essa sua receita está tão boa que não consigo diferenciá-la da minha! Aprendeu perfeitamente! ― Elogiou papai. Sorri feliz.

― Aprendi com o melhor, como poderia ser diferente? ― Papai riu e voltou a sovar a massa como sempre fazia.

Você que está lendo sabe como é difícil encontrar a perfeita harmonia entre os ingredientes? Ou como a paciência é uma arma dos cozinheiros profissionais que buscam a perfeição?

Todos esses conhecimentos pude ter por meio de papai. É preciso a arte do esperar, como dizia papai. A massa precisa crescer. Ele costumava fazer algum tipo de analogia com o amor.

― Um dia você vai encontrar alguém por quem se apaixonará perdidamente. E quando isso acontecer, preciso te dar um conselho: Como na cozinha, você precisará encontrar o tempo certo para fazer as coisas. No amor, também há o momento de espera e o momento de se confessar. Não deixe esse tempo passar se você perceber os primeiros sinais. Como a massa que incha e demonstra estar pronta para ser assada, o amor também tem seus sinais perceptíveis, basta que se esteja disposta a observá-los. ― Dizia papai.

Como eu ainda era muito nova e aquele discurso de amor só me deixava ainda mais entediada, eu acaba concordando apenas para que ele mudasse de assunto e eu pudesse aprender alguma coisa a mais com ele.

Quem diria que agora com 25 anos eu estivesse lembrando de tudo isso com lágrimas nos olhos. Se eu soubesse que em dez anos não teria mais papai do meu lado para me contar todas essas histórias e me ensinar mais receitas, eu teria o aproveitado ainda mais.

Agora seria eu que teria que passar as receitas secretas de família para a minha irmã que em dois meses faria quinze anos e também tinha o direito de aprender tudo o que papai gentilmente me ensinou.

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