Capítulo 8

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"O mundo pode ser uma verdadeir roda- gingante, mas vai de você dar o rumo que ela deverá tomar. D"

Rael

- Filho, a mamãe está aqui com você. Não precisa sentir medo okay. - Os olhos de Ana se encontravam cheios de lágrimas, ao notar que ele estava a abraçando com tanta força que chegava a doer.

- Mãe, eu te amo, amo do tamanho de uma melancia suculenta, mas não me deixa, quero a senhora.

- Filho, irei te buscar quando menos imaginar, será como férias, você ficará com algumas pessoas boas, até a mamãe conseguir um lugar bacana para podermos viver.

- Não me larga, mamãe eu preciso de você comigo. MAMÃE VOLTAA. O menino de apenas 9 anos chorava por ser entregue a estranhos, por querer a única pessoa que o amou com todas as forças de volta a sua vida. Mas este caminho será difícil ser trilhado.

Os colegas de quarto, notam que Rael estava suando frio e gritando por uma pessoa, mas não conseguiam ouvir o nome, por quanto o mesmo se sacudia na cama, como se estivesse em uma crise epilética.

Nesse ponto, Marcos chega perto do amigo e o (chama), diversas vezes, para sair do pesadelo que se encontrava, como um grito de socorro em meio a escuridão.

- Rael cara acorda, acorda caramba! - O pobre garoto suplica pelo colega voltar a realidade, por ver o mesmo sofrer com aquela dor, que o consumia cada vez mais.

Aos poucos o nosso menino foi voltando ao que estava acontecendo ao seu redor, notando que seus colegas estavam sem reação ao vê-lo daquela forma.

Foi se acomodando a cama e tentando processar sobre o sonho que havia tido. Remetendo ao seu passado, o que despertava gatilhos dentro de si, por saber que aquilo estava fixado, encarnado com todas as forças existentes em seu subconsciente.

Os colegas tentaram de alguma maneira quebrar o clima pesado que havia se fixado no quarto, tentando chegar mais perto possível do colega, compreendendo o seu problema e assim o fazendo se sentir mais leve e menos culpado por tudo que aconteceu.

Entretanto, Rael não queria abrir esta parte da vida para os colegas, por saber que seus demônios criariam formas de sair de si e atacar todos que estivessem passando no seu caminho.

- Galera, desculpa aí sobre o que aconteceu, não vai se repetir. - Calçou os calçados e foi em rumo ao chuveiro, por precisar sentir a água caindo sobre sua pele, como um refresco num dia de verão escaldante.

O restante foi seguindo para a cozinha para tomarem o café da manhã, pois, o dia seria cheio. Havia rumores no local, que Carolina tinha colocado todos em uma escola particular a 200 metras dali, para receberem educação de qualidade.

Enquanto ele estava no banho, Marcos buscava em suas coisas algo que explicasse o porquê de toda aquela gritaria toda. Começa tirando todas as roupas da escrivaninha. Para ver se teria alguma foto de família, mas nada, nem um mísero rastro de quem seja a mãe dele ou algum parente.

O que estava o intrigando, porque ele gostaria de ajudar o amigo, por ter empatia e notar que todos estavam no mesmo barco naquele ponto.

Entretanto, ele começa a ouvir passos ficarem mais próximos de si, o fazendo guardar tudo de uma maneira rápida e que não chamasse a atenção dele.

Contudo, Rael estava sentado no chão, com os olhos fechados e uma angústia o consumindo de dentro para fora. Uma ferida que não parecia ter cura nem tão cedo.

- Porque sinto a falta da senhora, porque doe tanto aqui dentro? Ele apontava para o coração, lembrando dos momentos que repousava a cabeça no mesmo local e deixava o cheiro doce ela domar suas narinas, como uma rosa a ser colhida instantaneamente.

O passado corria, esmurrava, o sufocava de uma forma agressiva, fazendo ver que ninguém voltasse a seu encontro, o deixando apodrecer pelas ruas estreitas de São Paulo.

Consequentemente, ele não era o único a passar por problemas assim, teria alguém que estaria na mesma situação, precisando de uma mão ou até mesmo algumas palavras de conforto.

Não demora muito para ir ao quarto, notando que algo estava diferente. Começa a olhar cuidadosamente ao redor, procurando alguma coisa fora do lugar, mas não encontra.

Sendo assim, caminha até a cômoda para pegar uma camisa pollo e a calça jeans da sorte como mesmo se referia. Porém, nota que todas as peças de roupa estavam totalmente fora de ordem e bagunçadas. Como se alguém estivesse passado por ali, então decide perguntar ao colega se viu algo.

- Marcos, você mexeu aqui? Cara estava tudo na ordem, velho, só falta algum engraçadinho está tentado pregar uma peça em mim ou algo do tipo. - Irritado, ele começa a fazer os afazeres de forma afobada e de qualquer jeito, deixando a maior bagunça pelo quarto.

Marcos olhando tudo aquilo, preferiu ficar calado e deixar o amigo colocar tudo que sentia para fora, porque sabia que e estava precisando daquilo de certa forma.

- Cuidado Rael, quando fazemos algo com raiva, ele tende a voltar contra nós. Faça o que precisar com cautela, para não sofrer depois. - Quando jovem menino disse aquelas benditas palavras, ele pode perceber que mesmo ele sendo pequeno, tem uma mente de gente grande.

Não demora muito até que ele sai do quarto cabisbaixo, caminhando até o refeitório, tomando as mãos a bandeja com frutas, achocolatado e algumas torradas.

Quando sentou se a mesa, ficou quieto o tempo todo por saber que estava errado pela forma como falou com o menino. Sentindo se mal, tentou puxar assunto com Marcos, mas ele se esquivava em todas às vezes que Rael se referia ao que aconteceu. Ele sabia que uma hora ou outra ele iria o ouvir e aceitaria suas desculpas.

Depois do café, todos os meninos foram redirecionados para a sala de estar, pois, a diretora gostaria de passar um informe a todos.

Ao chegarem, notaram que ela estava com uma moça jovem, em torno de vinte e sete anos, vestida de formalmente e bem seria, olhava cada um de uma maneira detalhada, como se estivesse buscando alguém.

- Meninos e rapazes, hoje trago a senhorita Fernanda Meirelles, como uma futura psicóloga para vocês. Como sabemos, muitos às vezes têm medo de falar sobre algum assunto comigo ou o doutor Gabriel, que estejam os incomodando, então a dona Fernanda estará a disposição para ajudar a todos.

Não tenham vergonha de expor em palavras o que aflige a cada um. Porque estamos aqui para melhorarmos e não julgar, como se estivéssemos punindo.

Vou passar a palavra a mesma, que poderá explicar de forma mais clara o trabalho que será realizado com vocês. - Foi andando para trás, dando a voz a outra moça.

- Olá a todos. Como a dona Carolina disse, estou aqui para ouvir o eu cada um tem a dizer, seja algo bom ou ruim, prazeroso ou não é melhor soltar ara fora do que ficar acumulando dentro de si mesmo.

Entendo que cada um teve a sua trajetória, infelizmente se separar de quem amamos é terrível, mas se for para o nosso bem estar, tem que ser feito. Aos pequenos deficientes, estarei trazendo comigo uma equipe par dar o melhor auxilio a cada um de vocês. Isso é tudo por enquanto.

Muitos burburinhos começaram a serem vistos, pelo fato de serem muitas informações a serem digeridas para um único dia, mas eles sabiam que no fim tudo daria certo.

Rael se levantou primeiro e foi indo a caminho do banheiro, logo sentindo uma ânsia de vomito subindo até a garanta, fazendo a intenção de sir naquele instante.

Quando chegou ao box do local, colocou tudo para fora, saindo de si também as magoas que carregava no peito. A agonia que tomava seu corpo, por saber que o mau estar tinha um motivo e ele estava ficando cada vez mais claro.

Até então achava que se encontrava sozinho, mas ouve uma pessoa entrando, abrindo a porta do box e o encontrando sentado ao lado do vaso.

- Ei, me dá sua mão, vou te ajudar a sair dessa cara. - O rapaz estava de capuz preto e ficava difícil de visualizar seu rosto, mas mesmo assim ele foi.

- Obrigado. Precisava de ajuda mesmo. Deixa te perguntar, qual seu nome cara?

- Agora você não precisa saber, mas pode contar comigo, estou mais perto do que muitos imaginam

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