Capítulo 2

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"Precisamos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos, para podermos viver a vida que nos espera. A pele velha tem que cair para que uma nova possa nascer." Joseph Campbell

Helena

— Helena, levanta agora dessa cama para arrumar esse chiqueiro que chama de quarto. Dá nojo de entrar aí dentro, quero tudo organizado, limpo, brilhando. Porque se entrar aí e estiver do mesmo jeito, vou simplesmente jogar tudo no chão e você vai começar de novo. — Gritava sua mãe, do andar térreo da casa, organizando seus utensílios domésticos em seus devidos lugares.

— Mãe, acabei de acordar, estou morrendo de dor de cabeça e não quero brigar com a senhora. Mesmo que esteja um tanto fora da sua realidade minimalista, minhas coisas ficam organizadas pelo tempo certo. Não preciso ficar a cada cinco dez minutos tirando do lugar, porque não ficou combinando com o resto.

Aquela afronta estava sendo demais para Cláudia aguentar. Ela teria que revidar as palavras da filha ou desceria a mão em seu resto. Mas saberia que aos olhos da sociedade, estaria sendo certa, pois, a filha desrespeita a mesma . Porém, as coisas estavam acontecendo muito pelo contrário.

Entretanto, Helena é uma mulher inteligente e não entraria nesse jogo de idas e vindas de insultos para inflar o ego nojento dessa senhora, então para de dar lhe ouvido e começa a fazer a rotina matinal.

Levanta se da cama, indo em direção ao guarda roupa, procurando por algumas peças que causa se um impacto nas pessoas.

Depois de 15 minutos escolhendo qual seria a premiada,retira uma blusa cor bege escuro, no tecido de seda com uma gola fina um tanto bufante, com uma calça jeans social preta lisa, fazendo conjunto com o scarpin preto, deixando a parte superior chamar a atenção.

Após deixar tudo separado em sua cama, se direcionada ao toalete para tomar um banho e fazer suas higienes, acelerando para a reunião com uma possível ong que ajudará a causa que ela está se dedicando atualmente.

Quando termina de colocar o par de sapatos, separa a maquiagem que irá usar, deixando sua beleza natural resplandecer quem é.

Os traços de seu rosto fino vai ganhando forma, com um toque de blush pêssego, o marco do delineador branco gatinho, sobre sua pele negra, dando mais vida e luz ao rosto.

Um leve toque de vermelho em seus lábios carnudos, sendo contornados por um corretivo da cor de sua pele.

Ao terminar todo o processo de arrumação, de olha em frente ao espelho e pode exaltar a mulher poderosa que é.

- Você está perfeita como sempre. Linda mulher. - Alegria estava tomando conta de de si, por saber que poderia mudar a vida de milhares de crianças, que sofrem com a educação fraca que lhe és dada nas escolas públicas e estaduais.

Volta sua atenção a bagunça que havia deixado, então resolve colocar tudo em seu devido lugar para não ter problemas depois.

Termina deixando o quarto em perfeito estado, cheirando a perfume doce e leve. Nada muito exagerado, porque a aparecia era um terço da avaliação de hoje. O que realmente estava em jogo era a sua performance, em ganhar patrocinadores em potencial.

Ao fechar a porta do quarto, notou um forte cheiro de álcool vindo do escritório. Foi andando lentamente, tentando não chamar atenção por conta do barulho, para poder ver quem estaria bebendo a está hora.

- O que você está fazendo pai ? Bebendo de novo, às sete horas da manhã? Me dá essa garrafa agora e vai tomar um banho. Está fedendo, com as mesmas roupas de ontem.
Pelo amor de Deus, parece criança que tem que ficar dando ordem para fazer as coisas.

- Você pensa que está falando com quem Helena? Tenho o dobro da sua idade o sua moleca. Não sou seus amigos que entendem as suas gírias e riem delas. Você me resposta garota, porque te ponho para fora dessa casa sem pensar duas vezes. Da o fora daqui agora e se abrir a boca vai ficar sem a língua pra aprender a ficar esperta. O que eu faço ou deixe de fazer da minha vida, não importa a ninguém, porque alguém daqui vai sustentar o meu vício ? Não. Agora SAI DAQUI. - A voz era do clássico embreagado, mostrando que tem poder sobre algo. O corpo estava transbordando cachaça com alguma mistura.

- VAI A MERDA, SEU VELHO PODRE NOJENTO. NINGUÉM SUPORTA ESTAR AO SEU LADO POR VIVER DESSE JEITO. EMBREAGADO PELO ÁLCOOL COMO ESCAPE DA SUA VIDA REAL. POR MIM VOCÊ PODE FICAR AI, SE MATANDO AOS POUCOS. MAS SAIBA QUE QUANDO ESTIVER NO SEUS ÚLTIMOS DIAS DE VIDA, NÃO ADIANTA IMPLORAR PELA MINHA AJUDA QUE NÃO IREI. - Nesse ponto, uma onda de fúria toma conta de si, soltando o mostro que habita em seu eu mais profundo. Começa a destruição jogando todas as garrafas de bebida no chão, quebrando o armário, tacando as roupas na rua, gritando tudo que estava preso em sua garganta. Acabando com toda a sua produção.

Helena estava fora de si totalmente, por ter que aguentar os insultos dos pais e ficar quieta, para mostrar aos outros que respeita os mesmos, por viver embaixo de suas asas, mas isso acabaria o mais rápido possível.

Começa a correr contra o tempo, para ir ao seu compromisso, pois não seria uma briga em família que destruiria seu sonho.

Desce as escadas correndo, quase se acidentando para poder chegar no local a tempo. Joga a bolsa dentro do carro pela janela que estava aberta, entrando rapidamente,já pondo o pé no acelerador para ir o quanto antes.

O trânsito estava indo contra ela, parando a cada km, por conta de acidentes, pessoas que teimavam de fumar dentro do carro e afins. Deixando de cabelo branco, por estar apavorada olhando a cada segundo o relógio. Conferindo quantos minutos restava para enfim chegar.

Depois de 40 minutos no trânsito, consegue chegar ao local, vendo a pessoa responsável saindo do restaurante, o para pedindo mil desculpas pela demora, tentando o convencer a ficar e poder ouvir o que tem a dizer.

- Senhor Monteiro, peço desculpas pelo ocorrido, o trânsito estava um loucura e acabei me atrapalhando no caminho.

- Olha senhorita Cavalcante, vou deixar passar, porque vejo que a senhora é uma pessoa decente. Mas espero que isso não de repita novamente.

- Claro o senhor está perfeitamente certo. - O nervoso estava instaurado naquele momento de ambas as partes.

- Então qual proposta a senhora tem?

- Seria sobre o projeto de inclusão a crianças com deficiência intelectual. Uma professora de apoio, para dar maior suporte a eles e assistência dentro da escola. Como ajuda na troca, lanche, entrada e saída, pelo fato de serem muitos alunos e poucos funcionários. - As mãos tremiam e suavam frio, por medo da resposta que iria receber. - Batia os pés no chão como um desacelerador.

- Proposta interessante da senhorita. Minha resposta virá daqui, uma semana, por quanto que preciso pensar, analisar o caso com calma para não decidir no dessespero.

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