Capítulo 15

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Rael

"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós."

Jean-Paul Sartre


O dia havia começado de uma maneira diferente na instituição. Um clima mais misterioso pairava sobre o ar, como se hoje às coisas pudessem tomar um rumo diferente.

Poucos sabiam que duas psicólogas tinham sido convidadas para auxiliar na condição emocional e mental daqueles jovens e pequenos. Diante a situação de cada um, os traumas poderiam ser gigantes e aterrorizantes se não fossem tratáveis.

Mas elas tinham como missão buscar dentro de cada alma massacrada um momento de carinho, felicidade, amor e aconchego que teriam por seus verdadeiros familiares mesmo que não fossem uma missão fácil.

Pensando sobre isso a administração havia elaborado um dia diferente, fora da rotina de todos. Começando com um café da manhã repleto de guloseimas, sucos naturais, frutas, tudo que eles pudessem ter direto e desfrutassem da melhor forma.

Segundo iriam fazer atividades como arco e flecha, jogo de pantebol, rodadas de futebol de salão e muito mais. Terceiro algumas sessões de terapia em grupo de idades distintas e individual, para ir melhorando a auto estima, consertando as muralhas que muitos haviam levantado. Assim que o dia acabasse, todos teriam um momento de relaxamento para distrair a mente e deixar as lembranças boas invadirem o coração também, mantendo sempre acesa a lâmpada da criatividade e imaginação de dias melhores.

Assim então os pequenos foram os primeiros a acordarem, pois, começaram a sentir o cheiro do café que vinha do refeitório exalando sobre os corredores, até chegarem no quarto de cada um. Como sapecas que eram, começaram a abrir a porta com toda euforia e vontade de comer algo que matasse a fome que os consumia furiosamente. Logo, foram pegar o (kit) higiene que era distribuído para cada um, com seus nomes etiquetados e bem embalados. Sempre prezando a higiene e boa convivência, pois, sabemos que confusão dava de sobra sobre qualquer coisa que sumisse ou fosse trocada sem motivo naquele lugar.

Logo atrás estavam os jovens, aqueles considerados mais velhos quando completavam 12 anos. Eram como irmão mais velho para os menores, protegendo e cuidando para que não sofressem na mão de famílias ruins. Infelizmente era bem comum naquelas situações, mas não entraremos em tantos detalhes.

Entre tantos rapazes, havia alguém que ninguém conseguia entender ou pensar em como chegar perto sem receber uma patada, ou até mesmo participar involuntariamente de uma discussão cedo.

Daniel era esse menino rancoroso e até mesmo bruto com as pessoas quando mal acordado ou até mesmo quando tentava por juízo na cabeça de Rael, quando o mesmo tinha alguma ideia tola sobre como sair daquele local e ir atrás da verdade de que tanto fazia questão de entender.

Os dois tinham passados parecidos, vindo de famílias deploráveis e acabando na mão de qualquer um para não ser vítima de tráfico ou até mesmo se tornar um ladrão. Entretanto, um, era a ruína do outro por ser orgulhoso e mesquinho em deixar a mágoa tomar conta até o limite suportável e assim vir uma avalanche de sensações tristes e tortuosas sobre si.

Daniel estava abrindo os olhos lentamente, quando notou que o relógio marcava nove horas pulou rapidamente da cama, chamando o amigo para tomar um ducha, rápida e se aprontar, pois, os dois haviam abusado na noite passada e esqueceram de colocar o despertador para tocar.

Nesse meio tempo, o mesmo começa a jogar o coberto no chão, pegar os chinelos e começa a cutucar o colega com força, na tentativa que acorde e tenha ciência que poderia levar uma advertência por passar do horário. Notando que ele não estava em sã consciência, corre para o banheiro mais próximo e começa os seus afazeres. Não demora mais do que vinte minutos para estar pronto, terminando apenas de passar duas borrifadas de perfume para poder exalar algo que não seja cheiro de álcool.

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