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"Foi uma história legal vai" - Ele disse rindo, "Foi naquele dia que eu te ensinei a andar de bicicleta"

"Depois de ter me chamado de burro" - Falei rindo junto com ele.

"Detalhes Pequeno Gulf, detalhes" - Disse me encarando e logo depois gargalhando, e continuou "Mas você também foi bem cruel pra uma criança de 8 anos, me disse que eu não era da família" - Disse cruzando os braços e suspirando, mas logo depois rindo.

"Foi você quem começou" - Falei revirando os olhos.

"Se a gente for entrar na discussão de quem começou vamos ficar parados aqui na porta do quarto por mais 3 anos" - Falou olhando para a porta e depois para mim

"Abra logo a porta então, ou precisa de um convite formal para isso" - Disse brincando com ele.

Ele riu e se virou para abrir a porta.

Como a entrada da casa, o quarto não tinha mudado nada, tudo estava do jeito que havíamos deixado no dia em que partimos.

A cama de casal encostada na parede em frente a porta, a cômoda encostada na parede à direita, perto da porta do banheiro, e as paredes ainda pintadas de azul céu.

Sorri e logo lembrei de algo.

"O lado direito da cama é meu" - Falei largando a mochila que estava em meu ombro no chão.

"Nem pensar, eu sou o mais velho, eu escolho primeiro" - Falou indignado

"Claro que não, eu falei primeiro" - Falei lhe dando língua e correndo para me jogar na cama.

"Ainda parece ter 10 anos" - Ele me olhando sorrindo "Eu tomo banho primeiro, e nem adianta contestar" - Falou me dando língua e correndo em direção ao banheiro largando sua mochila e mala no meio do quarto.

"E depois eu que pareço ainda ter 10 anos" - Falei rindo e me levantando da cama

Peguei a mochila que larguei no chão e a mala e pensei por um segundo se valia a pena arrumar as roupas no armário, já que não ficaria por muito tempo, mas acabei decidindo colocá-las no armário.

Passei uns 10 minutos passando o pouco de roupa que tinha na minha mala para o armário, quando terminei, peguei uma roupa pra vestir após tomar banho.

Foi quando escutei a porta do banheiro abrir

"Pra que tanta demora, estava mostrando pra privada quem manda aqui?" - Falei rindo enquanto fechava a porta do guarda-roupa.

Quando me virei para olhar Mew ele estava com apenas uma toalha enrolada na cintura com algumas gotas de água ainda caindo do seu cabelo para os ombros.

Eu paralizei quando ele olhou nos meus olhos.

Parecia que haviam se passado anos, mas aqueles olhos castanhos escuros que pareciam guardar todas as estrelas do universo me olharam por apenas alguns segundos.

"Acredita que a vó ainda compra o mesmo sabonete com cheiro de lavanda" - Ele falou enquanto sacudia o cabelo molhado com uma das mãos.

Levei alguns segundos para voltar para a terra e assimilar oque estava em frente aos meus olhos.

Posso falar com toda certeza que o destino quer brincar com a minha saúde mental.

Outra coisa que posso afirmar com toda certeza é que o tempo foi generoso com o Mew, não que eu tenha notado muito o corpo dele, longe disso, mas ele havia mudado bastante fisicamente, e pra melhor.

"É..." - Dei uma risada sem graça o olhando "Ela sempre foi apegada a coisas com cheiro de lavanda" - Falei desviando o olhar não conseguindo o encarar por muito tempo.

"Pequeno Gulf" - Começou ele se aproximando, foi quando meu coração começou a acelerar e a cada passo dele minha respiração ficava mais pesada "Melhor ir logo tomar banho, antes que dona Van venha nos puxar pela orelha por atrasar o almoço" - Falou bagunçando meu cabelo e rindo, logo depois foi em direção a sua mala.

Pisquei algumas vezes, torcendo para que ele não conseguisse escutar as batidas aceleradas do meu coração, apertei contra o peito as peças de roupa que estava segurando e respondi - "Já estou indo, ninguém perderá as orelhas hoje" - Brinquei tentando disfarçar o nervosismo e fui em direção ao banheiro.

Logo depois de passar pela porta e ao fechar, soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo, e encarei meu próprio reflexo no espelho, encarar tudo isso vai ser mais difícil do que eu imaginei, falei comigo mesmo, pelo bem da minha sanidade mental ele poderia ter pego a roupa antes de entrar para o banho, respirei fundo outra vez e me despi para tomar banho.

Quando sai do banheiro Mew estava sentado na cama mexendo no celular e mordia os lábios enquanto digitava algo, talvez mandando mensagem para alguém

"Tão concentrado, certeza que deve ser alguém especial" - Ri brincando com ele e parando alguns passos à sua frente.

"Se com especial você que dizer o controlador do meu pai, então sim" - Disse dando uma risada fraca e jogando o celular em cima da cama.

"Imagino então que ele não tenha mudado nem um pouco" - Disse me sentando ao seu na cama.

^"Top, ele é só uma criança" - Disse o avô dos meninos

"Não importa, um homem de verdade não chora por algo estupido como isto" - Disse Top apontando o dedo para o filho Mew de apenas 13 anos.

"Mas pai, eu tenho medo de lagartixas e ela caiu bem em cima de mim" - Falou Mew soluçando.

"Aonde já se viu, um homem do seu tamanho ter um medo tão ridículo como esse, e se você não parar de chorar agora..." - Ele levantou a mão ameaçando bater em Mew, o menino se encolheu tremendo, mas antes que o pai pudesse fazer algo, o idoso se colocou no meio dos dois, protegendo o mais novo.

"Este pode ser um medo ridículo para você ou para qualquer outra pessoa, mas isso não é motivo para levantar a mão para o meu neto, você pode ser o pai dele mas não pode ditar oque ele deve temer ou não" - Falou o avô sério o olhando para Top com olhar de raiva.

Top abriu a boca para o contestar mas antes que ele pudesse fazer isso o idoso se virou para Mew e disse "Está tudo bem ter medo de algumas coisas Mew, e também está tudo bem chorar às vezes, isso não vai mudar o quanto você é incrível e corajoso" - Ele falou enxugando as lágrimas do menino e lhe dando um sorriso acolhedor.^

Seven Years - MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora