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A animação que acordava comigo nos dias anteriores parecia ter sido sugada por algum dementador ou coisa parecida.

Me sinto exausto por pensar demais, por sentir demais, por me auto sabotar o tempo inteiro, eu não aguento mais.

Eu to cansado de me importar demais com os sentimentos alheios e menos com os meus, eu quero me importar comigo e como eu vou me sentir se guardar tudo isso pra mim.

Eu quero explodir e falar tudo pra ele, eu quero dar a ela a resposta que ele disse que tanto queria escutar e que não teve a chance naquela noite.

Desde que eles saíram juntos depois do almoço algo começou a me corroer, algo que eu jamais tinha sentido antes.

"Vó, a senhora é a única pessoa com com quem posso conversar sobre isso" - Falei me sentando ao seu lado no sofá, "Eu tentei, eu juro que eu tentei desejar tudo a felicidade do mundo pro Mew e para Sam mas não consigo ser feliz desse jeito, me sinto egoísta por querer que a felicidade dele seja comigo" - Disse apoiando a cabeça nas mãos.

"Sabe Gulf" - Vó disse levantando a minha cabeça, "Talvez seja porque eu sou sua avó, talvez seja porque quero ver meus dois meninos felizes mas..." - Ela pegou minhas mãos, "Eu acho que tá na hora de você ser um pouco egoísta e pensar em si mesmo" - Ela sorriu pra mim.

Antes que eu pudesse responder, escutei a porta da frente ser aberta, e Mew entrou, sozinho.

"Onde está Sam?" - Vó perguntou se levantando, e eu me virei ainda sentado no sofá na direção do Mew.

Ele demorou alguns segundos antes de responder, pareceu pensar em sua resposta.

"Ahn, ela me fez vir aqui buscar o Gulf porque disse que eu estava tirando fotos péssimas dela" - Ele riu coçando a cabeça, "Ela disse que tinha certeza que o Gulf faria melhor, então eu vim te buscar" - Falou olhando, pra mim.

"Eu?" - Perguntei me levantando, "Mas..." - Vó me interrompeu.

"Vai querido, desde que chegou aqui você só saiu de casa para ir ao mercado,se distraia um pouco" - Ela disse me empurrando para frente.

Pensei em mil maneiras de recusar, mas discutir com dona Van era algo difícil, então me rendi.

"Okay, vamos" - Falei indo em direção ao Mew.

Passei pela porta e Mew passou logo depois a fechando.

Andamos até a calçada em frente a casa em silêncio.

"Pra onde vamos?" - Perguntei cruzando os braços por conta do vento frio que passou por nós.

Quando terminei de falar, Mew colocou em minha cabeça uma coroa de flores que eu não percebi que estava em suas mãos, igual a que eu usava na noite onde tudo aconteceu.

"Para o campo de flores de trigo sarraceno" - Ele disse apontando para frente e sorrindo, parecia nervoso.

Eu só assenti com a cabeça.

Então ele levou ela para ver as nossas flores.

Será que ele fez uma coroa de flores para ela também, será que a fez sentir única.

Andamos em silêncio até alguns passos antes da entrada para o campo, quando ele me parou segurando meu braço.

"Espera, preciso que faça algo" - Ele falou me olhando.

"Sim?" - Perguntei também o olhando.

"Fecha os olhos" - Ele disse sorrindo.

Eu arregalei um pouco os olhos.

"Oque? É algum tipo de pegadinha? Vai me pendurar naquela árvore gigante que tem lá?" - Perguntei dando um passo pra traz e estendendo os braços.

"Confia em mim pequeno Gulf" - Ele disse estendendo a mão pra mim, "Fecha os olhos"

Então eu confiei como eu só confiaria nele, peguei sua mão e fechei os olhos.

Seven Years - MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora