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Depois que ele se afastou meu coração voltou a bater em uma frequência mais lenta e eu soltei o ar que estava prendendo, por um segundo achei que ele fosse me beijar.

Aquele gesto me fez lembrar daquela noite e me peguei pensando oque teria acontecido comigo, com nós dois, se naquela noite as coisas não tivessem ficado tão complicadas.

Será que minha vida teria tomado um rumo diferente?

As vezes penso, se eu tivesse tido um pouco mais de coragem, e lutado contra tudo e todos, será que hoje eu ainda estaria perdido como estou hoje.

Sei que nada vai responder essas dúvidas, eu não posso voltar no tempo e concertar tudo oque foi dito e feito naquele momento.

Mas dói saber que oque aconteceu comigo depois poderia ter sido evitado, eu ainda poderia ser uma pessoa inteira se ele estivesse comigo.

Eu não teria conhecido a pessoa que me arruinou, que me fez duvidar de mim mesmo.

"GULF" - Mew falou alto balançando a mão em frente ao meu rosto

"Eu" - Falei sacudindo a cabeça, "Mas precisa gritar desse jeito? Meu deus" - Reclamei

"Eu to aqui te chamando há 3 horas e você aí viajando" - Falou se sentando do meu lado de novo, "No que estava pensando?"

"Nada, tava só me despedindo do caco de vidro Bruno" - Disse apontando para o caco de vidro na gaze que estava em cima da mesa de centro, "Não foi bom enquanto durou Bruno"

"Você continua dando nome para as coisas" - Ele riu, e suspirou depois, "Era meu pai no telefone"

Ele abaixou a cabeça e brincou com o celular em suas mãos e depois de alguns segundos em silêncio ele continuou, "Ele não sabia que eu tinha vindo pra cá, mas ele acabou descobrindo..." - Suspirou me olhando, "Ele avisou a... uma amiga minha, e ela está vindo pra cá, chega amanhã de manhã"

"Ah... que legal" - Falei tentando sorrir.

"Mas nós quase não conversamos direito ainda" - Ele falou mudando de assunto, "Me fala, como anda sua vida amorosa nesses anos?"

Estranhei a pergunta.

"Eu..." - Não sei se deveria contar isso a ele, conheço ele e seu jeito protetor e imagino que ele não tenha mudado nada.

"Está com vergonha de contar que faz sucesso né" - Mew disse rindo e me empurrando com o ombro.

"Acho que hoje em dia as pessoas não dizem mais "fazer sucesso" caro amigo idoso" - Tentei mudar de assunto.

"Idoso é seu...Eu só tenho 29 anos e não muda de assunto pequeno Gulf, como estão as coisas pra você?" - Perguntou e sua insistência nessa pergunta me fez pensar se havia algo mais além do que curiosidade ali.

Suspirei pensando na melhor maneira de começar, e em como dizer isso a ele sem fazer ele querer matar alguém quando eu terminasse.

"Bom... Eu me assumi para os meus pais dois meses depois que fomos embora depois daquele verão, e quanto a isso eu não posso reclamar, meus pais me aceitaram e parece que minha relação com eles só melhorou depois disso" - Disse dando um pequeno sorriso

"Se... assumiu?" - Ele disse me olhando sério, e continuou "Fico feliz por você e pela boa reação dos seus pais" - Ele disse sorrindo fraco.

"Depois disso eu conheci alguém" - Dei uma pausa e o olhei "Nós conhecemos quando eu voltei das férias de verão para a escola, logo depois que contei tudo aos meu pais, eu estava confuso e botando a cabeça no lugar depois que as coisas aconteceram daquela maneira naquela noite, conosco" - Suspirei desviando o olhar "Ele era novo na escola,não falava com ninguém então eu tentava conversar com ele as vezes e com isso viramos amigos, ele entrou no meu grupo de amigos e estávamos sempre juntos.

Um dia ele mandou mensagem se declarando para mim, dizendo que me amava, mas também disse que não me incomodaria se eu não gostasse de garotos.

O meu primeiro erro foi confundir o sentimento que eu tinha por ele, achei que sentia o mesmo por ele, por ele ter me ajudado a esquecer um pouco tudo do que aconteceu mesmo sem saber de nada.

Então começamos a namorar, contamos para nossos amigos que ficaram felizes por nós, as coisas eram fáceis por causa da amizade que tínhamos antes, mas eu nunca imaginei que as coisas acabariam do jeito que acabaram, eu confiei tudo oque eu tinha a ele e ele me quebrou em mil pedaços." - Quando percebi meus olhos já estavam cheios de lágrimas, mesmo já tendo um tempo ainda dói.

"Você não precisa continuar se não quiser pequeno, está tudo bem" - Ele disse chegando mais perto e segurou minha mão lentamente, eu olhei para nossas mão juntas.

Sua mão parecia se encaixar perfeitamente na minha, como se fosse feita para isso, suspirei e sacudi a cabeça espantando esse pensamento e continuei.

"Eu tô bem, só não falava sobre isso a um tempo" - Disse olhando para ele e sorrindo,"No começo do nosso namoro tudo era perfeito, eu não tinha dúvida de que estar com ele era a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo, mas então os primeiros surtos por ciúmes vieram, ele não queria que eu ficasse tão próximos de outros amigos, ele me queria só pra ele e quando me via conversando com algum amigo ele gritava e dizia que eu o estava traindo, dizia que eu mentia para ele e que ia se matar por conta disso, quando as coisas ficavam mais calmas ele me pedia desculpa e jurava que não iria fazer de novo, nos primeiros meses essas crises de ciumes não aconteciam com tanta frequencia mas com o passar do tempo as coisas pioraram.

Eu me distanciei de todos os meus amigos, porque achei que era o certo, eu achei que estava errado de alguma maneira, na minha cabeça ainda poderíamos voltar a ser oque éramos no começo.

Ficamos juntos por um ano e alguns meses, comemorei com ele meu aniversário de 18 anos, mas depois de algumas semanas, em uma vez em que saímos juntos na minha casa, estavamos no meu quarto, eu levantei para ir no banheiro e deixei meu celular perto dele, um amigo me mandou mensagem perguntando se eu iria na festa de aniversário dele que estava acontecendo naquele dia, ele entendeu aquela mensagem como uma traição da minha parte, quando voltei do banheiro ele jogou meu celular em mim, me xingando de todos os nomes possíveis, dizendo que eu planejava ir nessa festa e trair ele logo depois que ele fosse embora.

Depois disso, ele veio pra cima de mim, ele ia me bater, mas meu pais escutaram os gritos e entraram no quarto na hora em que ele ameaçou me bater, meu pai avançou e segurou ele e o tirou de casa, depois daquele dia ele ainda tentou me mandar mensagens pedindo desculpa, mas eu nunca respondi." - Acabei de falar sem conseguir o olhar,

"Meu pequeno" - Escutei ele dizendo, quando levantei minha cabeça para o olhar o vi se aproximar de mim e senti seus braços ao meu redor.

Seven Years - MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora