Seven Years - MewGulf

17° - 17.1

Limpamos a piscina por mais uma hora e meia até vó chegar com as frutas no mesmo momento em que terminamos, agora era só encher.

"Tá aqui o pagamento de vocês, melancia, uva e pêssego, só não tem morango" - Ela pareceu pensativa, "Eu jurava que ainda tinha morango na geladeira" - Eu ri, pois é tinha, mas agora eles estão em um lugar melhor, em meu buchinho.

"Comam logo" - Ela falou colocando o prato em cima da mesa na varanda

"Cadê a Sam?" - Mew perguntou, só agora percebi que ela não estava aqui.

"Oh, ela foi no mercado, pedi pra que ela comprasse algumas coisas pro jantar" - Vó disse se sentando.

"Ah sim" - Ele disse também se sentando, me sentei ao seu lado.

Por alguns minutos parecia que tínhamos voltado no tempo, a brisa fresca de verão soprando, as frutas cortadas em cubos como vó fazia quando éramos crianças, só estava faltando uma coisa.

"Acho que o vô gostaria de estar aqui agora" - Mew falou, parece até até leu minha mente.

Eu concordei com a cabeça.

"Ele reclamaria que não tem morangos então sairia pra comprar e voltaria com o mercado inteiro, menos os morangos" - Falei rindo.

"E ele sempre dizia que a descontrolada era eu" - Vó disse também rindo.

"Sinto falta dele, dos seus concelhos" - Mew disse sorrindo triste.

"Eu também, queria que ele estivesse aqui pra me dizer oque fazer em situações difíceis" - Olhei pras minhas mãos.

Queria que ele estivesse aqui pra me dizer oque fazer com meus sentimentos pelo Mew.

"Ah meninos, eu também sinto falta dele todos os dias, mas sabe, tenho certeza que se ele estivesse aqui ele diria pra vocês seguirem seu coração e serem fiéis a si mesmo, sabem o quanto ele queria que crescessem com confiança em vocês mesmos" - Vó disse sorrindo pra nós, imagino o quanto é difícil pra ela viver nessa casa sem ele.

"Cheguei" - Sam falou parada na porta que dava para o quintal cheia de bolsas, "Trouxe morangos, fique tentada a provar eles no pão igual Gulf fez hoje de manhã, também trouxe sorvete e mais algumas coisas" - Ela disse sorrindo.

"Você trouxe o mercado inteiro, isso sim" - Mew disse se levantando e indo ajudar ela, fiz o mesmo.

"Então foi você que comeu os morangos" - Vó disse estreitando os olhos na minha direção.

"Culpado" - Falei colocando a no peito.

"Gulf não sabia que sabor de sorvete você preferia então trouxe o mesmo sabor que eu trouxe pro Mew, vocês parecem ter os mesmos gostos estranhos" - Ela disse rindo e me entregando duas sacolas.

"Trouxe sorvete de café?" - Mew perguntou animado.

"Exato meu querido" - Ela disse apontando para ele.

Nunca vi um adulto ficar tão feliz com um potinho de sorvete, a expressão dele me fez querer apertar ele.

Entramos e fomos pra cozinha guardar as compras.

"Quero fazer uma observação, nós passamos 50% do tempo desde que cheguei aqui na cozinha" - Mew falou pensativo.

"É verdade, acho que é porque a gente come muito" - Falei passando os dedos no queixo.

"Você acha?" - Vó riu de nós dois, "Vão sair daqui rolando"

"Dona Van tem razão" - Sam riu

Sam parecia mais confortável do que antes.

Terminamos de arrumar as coisas mais rápido que imaginava.

"Vó vou subir e tomar um banho" - Falei depois que coloquei os morangos na geladeira.

"Tudo bem querido" - Ela sorriu, sorri de volta e me virei em direção as escadas mas antes de sair da cozinha consegui ouvir Sam falar pro Mew que precisava mostrar algo pra ele lá em cima.

Subi e fui direto pro banheiro, e meu pensamento durante o banho foi só um, Mew.

Preciso ser sincero comigo mesmo, preciso encarar tudo isso de frente.

Eu gosto dele, eu sempre gostei, esses sentimentos só se guardaram por causa da distância, mas é ele, sempre foi ele a pessoa pela qual eu enfrentaria o mundo.

Mas perceber isso só me machuca, porque eu nunca vou ter coragem de dizer a ele, eu nunca vou perguntar pra ele o que aconteceu com oque ele disse que sentia por mim, porque agora ele parece tão feliz com a Sam e eu e tudo que ele um dia sentiu por mim vai contra o pai dele, que foi a única pessoa que restou na vida dele.

Queria dizer pra ele que eu enfrentaria quem fosse só para dizer que nós tentamos, que declaramos nossos sentimentos sem medo, mas eu tenho medo, medo de dizer a ele e ele sumir da minha vida de novo e dessa vez por vontade própria, não quero que maus sentimentos o façam se sentir desconfortável ao meu lado.

Porque é isso que a gente faz quando gosta de alguém, sacrificamos nossa felicidade pela dela, e eu prefiro viver com meus sentimentos por ele trancados dentro de mim e sendo torturado por mim mesmo do que passar mais algum dia sem ele ao meu lado.