6° - Mew POV

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Era difícil mentir pra mim mesmo estando a centímetros dele.

Sabia que poderia encontrar ele quando decidi passar as férias aqui, mas não achei que seria tão difícil afinal já se passaram sete anos.

Mas desde o momento que o vi parado no portão da frente os pensamentos dentro da minha cabeça travam uma batalha incansável, o eu de sete anos atrás quer assumir o controle e retomar de onde paramos e meu eu de hoje tem medo do que pode acontecer caso eu perceba que oque eu sentia por ele nunca foi embora.

Mas aqui, agora,tudo ao redor pareceu perder as cores e tudo que eu enxergava era o brilho em seus olhos, por um momento eu esqueci que existiam problemas que eu teria que enfrentar caso continuasse a me aproximar dele desse jeito.

Quando estava a apenas alguns centímetros do seu rosto meu celular tocou.

Ele colocou a mão e me empurrou de leve

"Acho melhor atender" - Ele falou baixo

Balancei a cabeça em um sim e levantei para pegar o celular que estava em meu bolso e atende-lo.

Me virei para a janela que dava para o quintal dos fundos ao atender a ligação, era meu pai.

"Oi, pai" - Falei suspirando

"Você resolve viajar e não me avisa ou pior, não avisa sua namorada, Mew que tipo de comportamento é esse?" - Top falou com típico tom de voz autoritário

"Sabe que nosso relacionamento não é bem um namoro, e eu decidi de última hora, não deu tempo de avisar a ninguém" - Falei sem paciência

"Não minta para mim, está planejando voltar para este lugar a semanas, você e Orn acharam que iam me esconder isso até quando, sabe que não quero você na casa dessa mulher" - Falou com raiva, "Além do mais, você sabe que o relacionamento de vocês já está praticamente oficializado, o pai dela está certo que a pedirá em casamento em breve"

Orn, minha madrasta, realmente tinha me ajudado a voltar aqui, sem ela eu não sei se teria suportado todos esses anos ao lado do meu pai e seu jeito autoritário, depois que minha mãe faleceu e anos depois vô Kao também eu me vi sozinho mas eu não estava totalmente, Orn me protegeu o quanto pode das tiranias do meu pai, as vezes acho que ela suportou meu pai todos esses anos por minha causa, quando penso sobre isso me sinto culpado.

"Essa mulher é a minha avó que eu não vejo a sete anos por culpa sua" - Falei tentando segurar a raiva.

"Ela não é sua avó" - Disse impaciente, "Para consertar a bagunça que você fez, Sam está indo para ai, ela deve chegar amanhã por volta das 8 da manhã, disse a ela que você iria buscar ela no aeroporto, então esteja lá"

"O que?" - Falei indignado, "Você não pode fazer isso..."

"Não adianta, ela já está com a passagem comprada, e é bom que alguém que preste esteja com você ai, não quero que aquela mulher ponha coisas na sua cabeça como o marido dela fez" - Ele disse e desligou sem me dar chances de responder.

Suspirei fundo.

Sabia que não conseguiria esconder dele por muito tempo que eu estava aqui, mas imaginei que ele não poderia fazer nada se eu já estivesse aqui quando ele descobrisse, nunca imaginei que ele mandaria a Sam pra cá.

Eu e Sam temos um bom relacionamento, se é que posso chamar assim, começamos como colegas de classe na faculdade e então nos aproximamos após um trabalho em grupo e nos tornamos amigos, um dia meu pai descobriu minha amizade com a Sam e também descobriu que ela era filha de um de seus sócios, foi quandos as coisas ficaram mais difíceis.

Suspirei afastando o celular do rosto, e olhei para Gulf ainda sentado no sofá encarando seus pés.

Eu o olharia por horas, todos os seus detalhes e traços, seus olhos, nariz e lábios, ele parece ter sido criado para me fazer duvidar de tudo.

Será que mesmo que eu pudesse correr até ele e pegá-lo em meus braços, eu seria o suficiente para o fazer feliz.

Seven Years - MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora