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"Vó..." - Falei logo que Sam saiu da cozinha.

"Sim querido?" - Ela disse me olhando parada a alguns centímetros à minha frente.

Queria perguntar a ela se ela sempre soube sobre os sentimentos do vô, queria saber se assim como ele ela também tinha percebido oque eu sentia pelo Mew naquela época.

"A senhora sabia?" - Perguntei a olhando.

"Ah querido eu sei de muita coisa, precisa ser mais específico" - Ela disse sorrindo.

"Sobre o vô, sobre quem ele amou antes da senhora" - Suspirei.

"Então foi isso que ele te contou na carta" - Ela sorriu, "Sim, eu sempre soube, eu e seu avô sempre fomos grandes amigos e nos apoiamos no momento em que mais precisávamos um do outro, nosso amor floresceu da dor meu querido"

"Não foi só isso, ele disse que sempre soube sobre oque eu sentia..." - Respirei fundo e a olhei, "Sobre oque eu sentia pelo Mew"

"Sim meu querido, eu também sabia e mais do que isso, eu sei oque você sente agora, posso ver nesses seus olhinhos brilhantes a cada vez que olha para ele" - Ela disse pegando a minha mão.

Eu poderia negar, eu queria negar, mas fazer isso seria mentir pra minha avó e mentir pra mim mesmo.

"Acho que mesmo depois de todo esse tempo eu ainda gosto dele" - Disse a olhando.

Dizer isso em voz alta tornou tudo mais real, e isso pode tornar a dor que eu vou sentir depois mais real ainda.

Antes que você pudesse responder, Mew e Sam entraram na cozinha.

"Nós vamos sair, não temos hora pra voltar, acho que vamos almoçar na rua, beijo dona Van, beijo Gulfzinho" - Sam falou rápido e logo depois puxando Mew da cozinha.

Suspirei.

"O importante é que ele não percebe" - Olhei pra porta da sala sendo fechada, "Ele parece gostar mesmo dela e ela dele, o vô disse pra eu não ter medo dos meus sentimentos mas não é disso que eu tenho medo, eu tenho medo de magoar os sentimentos dele, de afastar o Mew, quero dele perto, não quero o perder de novo" - Falei me segurando pra não chorar.

"Ah meu pequeno" - Vó disse chegando perto e me abraçando, "Nem tudo é oque parece, você tem que se permitir sentir e precisa permitir aos outros saberem oque você sente."

Eu e vó passamos o dia juntos, Mew e Sam realmente passaram o dia fora.

Foi reconfortante e aliviante não precisar esconder mais de mim mesmo oque eu sinto pelo Mew, mas eu ainda precisava lidar com isso tudo sozinho porque contar para o Mew estava fora de cogitação, a felicidade dele com a Sam me parecia tão plena, tão pura, eu não poderia destruir tudo isso.

Eu e vó almoçamos e jantamos juntos, só nos dois, Mew e Sam só chegaram depois do jantar, rindo e conversando, eles pareciam felizes.

Eles disseram que já tinham jantado fora.

Vê-los felizes só reforçou ainda mais que eu deveria manter oque eu sinto pra mim.

Subi pra tomar banho e acabei me lembrando que meus dias aqui com a vó estão quase no fim, me entristece ter que ir embora tão cedo mas por outro lado vou me afastar do Mew e vou conseguir lidar com todos esses sentimentos sozinho antes de o ver de novo em algum momento, isso se nos vermos depois dessas férias.

Quando planejei minha vinda pra cá não achei que fosse encontrar Mew, depois de encontrá-lo em apenas um dia ele revirou meu mundo todo, fez sentimentos novos e antigos chegarem até mim, ele me fez ver que não importa quanto tempo passe é pra ele que eu sempre vou voltar.

Depois de um tempo divagando enquanto tomava banho escutei batidas na porta do banheiro, quando sai Mew estava parado a alguns passos da porta segurando seu pijama.

"Pequeno Gulf, vou dormir com a Sam hoje, nos vemos amanhã" - Ele se aproximou de mim e bagunçou meu cabelo, "Boa noite" - Ele piscou pra mim e saiu do quarto me deixando sozinho.

Sozinho pra pensar que ele estava sendo feliz com outra pessoa a alguns metros de mim.

Dormi pensando em tudo que tinha acontecido nesses últimos dias, foram só quatro dias que mexeram tanto comigo, e lidar com as consequências desses dias vai ser a pior parte.

Seven Years - MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora