3. Larry

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Larry voltava para casa com os amigos naquela segunda-feira, não era sempre que a universidade dispensava quem quisesse ir, eles iam aproveitar.

— Você se desculpou com o Mikael Mayers, Larry? — Ashley começou a rir quando se deu por conta do apelido que deu ao garoto. Mikael Mayers é um clássico assassino mascarado de filme de terror.

— Sim, a calça dele estava rasgada e tinha um machucado no joelho, por culpa de vocês! — O mais alto deu um tapa na cabeça de Todd. — E não chame ele assim, Ashley, é maldoso. Não sabemos o que caralhos é aquela máscara, eu não acho que alguém iria querer usar aquilo só por querer. — Reprendeu a garota.

— Ele está no curso de música, não é? Não me surpreenderia se ele usasse aquilo só por gostar, a galera musical é toda esquisita. — Disse ela.

Os três seguiram caminho para os apartamentos Addison, onde Larry morava. Quando Lisa, a mãe de Larry, não estava em casa eles costumavam se reunir lá para jogar videogame e fofocar.

— Qual é o nome do garoto de cabelos azuis mesmo? — Todd perguntou, digitando algo em seu celular.

— Sal Fisher. — Larry respondeu sem tirar os olhos do jogo no visor da televisão.

— Hmm... Ele não tem redes sociais, pelo jeito. — Todd pesquisou o nome do garoto em todas suas redes sociais e não encontrou nada.

— Ele é estranho, mas o visual é atraente. Como deve ser por baixo daquele treco? — Ashley adorava viajar em seus pensamentos e criar fanfics onde ela mesmo era a protagonista e namorava com o bonitão.

— Eu não sei, mas fico imaginando o que Travis e a turminha dele vão achar. O garoto já tem quase vinte e três anos e continua nessa de fazer piadinhas com os outros. — Larry nunca foi com a cara de Travis. Eles fizeram o ensino médio juntos e já brigaram várias vezes. Travis tentou puxar Larry para o seu grupinho de estúpidos arrogantes, mas felizmente o castanho não era desse jeito. Nunca foi. Pelo contrário, a julgar pela aparência, Larry sempre foi um rapaz gentil e amigável com todos. Ele costumava dar medo nas pessoas por ser muito alto, usar lápis de olho e roupas que o denunciavam ser um metaleiro, mas não passava de visual.

A tarde foi divertida, Ashley e Todd se despediram de Larry quase na hora do jantar. O castanho se permitiu deitar no sofá e cochilar ali mesmo até sua mãe chegar.

Na manhã seguinte, o castanho acordou com dores pelo corpo todo e percebeu que ainda estava no sofá, coberto dos pés à cabeça. Ele levantou, coçou os olhos e olhou em volta, ouvindo Lisa com a louça na cozinha.

— Mãe, por que não me acordou...? — Resmungou o rapaz, dobrando o grande cobertor fofinho. — Eu nem tomei banho ontem.

— Desculpa, filho. Você parecia cansado, não quis acordar. — Respondeu Lisa.

Larry não tinha muito tempo para se aprontar e tomar seu café, então correu a toda velocidade paro o banho.

Ainda de cabelos molhados, ele mordia uma torrada crocante enquanto ria das mensagens dos amigos no grupo que eles tinham no whatsapp. Ashley havia mandado uma figurinha de Todd dormindo com a boca aberta.

— Temos moradores novos no prédio, Larry. — Lisa se juntou ao filho na mesa com sua xícara de café.

— Sério? Depois de tanto tempo, o senhor Addison deve estar festejando.

— Eles chegaram no domingo, estão no 402. Henry e Sal Fisher. — Comentou a mulher, adicionando algumas gotas de adoçante no café.

— Sal Fisher? — Larry tirou os olhos do aparelho, buscando a confirmação da mãe.

— Você o conhece? — Questionou Lisa.

— Se for o mesmo Sal Fisher, deve ser o garoto novo na universidade. Cabelo azul e máscara?

— Eu nunca vi o garoto, mas o pai me contou um pouco sobre o dois. Sua esposa morreu em um acidente e o filho sobreviveu, mas acabou com graves ferimentos no rosto. Eles se mudaram para tentar recomeçar. — Lisa disse com certo pesar. Ela não podia imaginar o quão difícil foi para os dois, principalmente para Sal que ainda era um garoto. — Seria legal se você tentasse... Sabe, conversa com ele, fazer amizade. — Lisa afagou os cabelos do filho e saiu da mesa.

Larry ficou um bom tempo pensando sobre o que ouviu. Quando conversou com Sal na universidade, ele parecia bem retraído, tímido, não gostava de conversar. Tentaria puxar assunto com ele de novo naquele dia, talvez apresentar Ashley e Todd e chamá-lo para o almoçar com o trio.

When I met you. - sarryOnde histórias criam vida. Descubra agora