5. Rescue

310 42 12
                                    

Larry não sabia se chamava ajuda ou ria de nervoso, ele então decidiu pegar o menor no colo e correr para o prédio onde ambos moravam. Foi uma caminhada e tanto, os braços de Larry tremiam pelo tempo em que carregou Sal sobre eles, suspirou aliviado quando avistou a placa com o nome Addison's.

O castanho morava no térreo, logo depois da entrada. Supôs que o pai de Sal estivesse trabalhando, então resolveu levá-lo para sua casa mesmo. Ao deitar o azulado no sofá, checou se ele estava mesmo respirando. Larry observou os ralados pelos braços do menor, alguns estavam bem feios e sangrando. Que ideia idiota, pensou ele. Depois de mais um longo tempo olhando o menino desmaiado no sofá, Larry foi em busca de curativos.

O Johnsson limpou os ferimentos com cuidado e muita leveza nas mãos, cobrindo todos com gaze, bandaids e fita específica para machucados. Ficou orgulhoso do trabalho que fez, seria Larry Johnsson o futuro da enfermagem? Ele riu com o pensamento, mas logo o sorriso em seus lábios fora substituído por palidez, como se ele tivesse visto um fantasma. Larry viu o líquido vermelho escorrer por baixo da máscara de Sal e pingar no sofá.

— Porra, Sal... Eu não queria ter que fazer isso. — Larry se abaixou ao lado do azulado e com muito cuidado, abriu os fechos de sua máscara, ele estava prestes a tirá-la quando Sally levantou rapidamente, segurando a prótese no rosto. Ele respirava com dificuldade, parecia estar com falta de ar. Larry correu até a cozinha e voltou com um pouco de água que Sal não recusou, ele apenas ficou de costas para o castanho e bebeu o líquido todo de uma vez.

— Carinha...? Desculpa, eu-

— Vou pra casa. — Sally cortou o garoto que estava estático ao lado do sofá, sua voz era fria. Ele nem mesmo pareceu se importar com o rosto que sangrava, sujando toda sua roupa, apenas pegou a mochila e saiu apressado do apartamento do Johnsson.

————————————————————

Sua mente estava nublada, os passos eram automáticos em direção ao elevador. Escolheu o andar que desejava ir e viu o botão ser sujo pelo sangue em seus dedos. Sally correu para o 402, ele queria chorar. Todo aquele sangue saindo de seu rosto, poderia ficar mais feio do que já era? Ele pensava. Tirou a prótese com facilidade, não fechou as amarras direito quando saiu correndo da casa de Larry. Suspirou aliviado ao perceber que o motivo daquele sangue todo era apenas um corte em sua testa.

Tirou os sapatos e a roupa suja, precisava tomar um banho. Por um instante, quando olhou para os braços e viu curativos tão bem feitos, Sal quase desistiu do banho, pois a gaze ficaria molhada, mas também não podia deixar que o pai o visse daquele jeito.

Após tirar o sangue grudado em sua pele e as marcas do asfalto, o azulado precisou esconder as roupas sujas e fingir que estava tudo bem. Vestiu uma camiseta de manga longa junto de uma calça de moletom e relaxou o corpo sobre o seu colchão macio. Foi quase impossível não pensar em Larry naquele momento. Sally riu quando percebeu que levar uma porrada de Travis seria menos doloroso que rolar rua abaixo.

— Somos amigos...? Eu mereço que ele seja meu amigo? — Deixou um suspiro pesado escapar, estava sem a prótese. Tocou o rosto lembrando de todas as vezes que perdeu possíveis amigos por conta de sua aparência. As crianças ficavam assustadas, tinham vergonha e os pais agiam de maneira pior. Larry livrou sua pele e eles mal se conheciam. Por qual motivo? Ferrar com ele depois? Seus pensamentos foram interrompidos pelo bater de portas que veio da sala.

— Sally boy, está em casa?! — A voz de Henry ecoou pelo apartamento, Sally rapidamente fechou os olhos, cobriu a cabeça e fingiu estar dormindo. Ele tinha medo de conversar com o pai e não conseguir segurar as lágrimas. Henry era a única pessoa que ele tinha, o seu amado pai estava fazendo o melhor para que coisas voltassem ao normal depois da perda da esposa.

O mais velho abriu cuidadosamente a porta do quarto do filho e com passos suaves, se aproximou. Afagou os cabelos lisos e deixou um beijo carinhoso no topo da cabeça do garoto antes de sair. Aquilo foi o fim para Sal que não aguentou mais segurar e deixou que lágrimas quentes banhassem seu rosto.

When I met you. - sarryOnde histórias criam vida. Descubra agora